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íntegra do documento no Portal da
CNTT:
CARTA DOS TRABALHADORES EM TRANSPORTE À SOCIEDADE
É fundamental para o desenvolvimento do país a consolidação de uma
ampla e moderna rede de infraestrutura, que garanta agilidade e
menores custos, com benefícios para toda a sociedade. Após duas
décadas com praticamente nenhum investimento, o governo retomou as
ações nesse segmento através do PAC - Programa de Aceleração do
Crescimento, e deu um novo passo, ampliando ações com o Plano
Nacional de Logística lançado em 2012, que projeta investimentos de
cerca de R$ 133 bilhões, sendo R$ 42 bilhões em rodovias, mas
também, retomando a capacidade de planejamento do Estado.
Os investimentos retomaram também a perspectiva de integração dos
diversos modais. Essa perspectiva é fundamental, uma vez que
possibilita a expansão da capacidade de escoamento da produção,
melhorando a eficiência e reduzindo os custos do sistema logístico
brasileiro.
No entanto, ainda é necessário ampliar a escala de investimentos e
a participação da sociedade no desenho dessas políticas.
Quanto ao transporte rodoviário de carga, fundamental para a
economia do país, destaca-se que atualmente praticamente todas as
mercadorias circulam pela estrada em algum momento entre a produção
e a distribuição. Os trabalhadores caminhoneiros são responsáveis
pela movimentação de 1 trilhão de toneladas/ano em produtos para os
diversos cantos do país, já que 60% de tudo que é transportado
ocorre através das rodovias.
Atualmente no setor de transporte de carga rodoviário trabalham
pouco mais de 1,8 milhões de caminhoneiros entre assalariados,
autônomos ou ainda trabalhadores informais. Apesar de vínculos de
empregos diversos, alguns elementos são comuns, em especial, as
condições de trabalho adversas: esses trabalhadores lidam
cotidianamente com altas jornadas de trabalho, faltam espaços
adequados para repouso, a remuneração é variável - seja devido às
comissões para os assalariados, ou porque o preço do frete varia de
acordo com a vontade da empresa contratante, ou ainda, através de
outras formas de remuneração que prejudicam o trabalhador, como a
carta-frete. Quanto às questões de saúde, estão expostos a riscos
físicos, químicos, psicológicos, ergonômicos e acidentes, em
especial, no trânsito e na movimentação de cargas.
O caminhoneiro enfrenta, ainda, as condições nem sempre favoráveis
da malha viária nacional, a falta de segurança, constância no roubo
de cargas, os altos pedágios e são diretamente atingidos pelos
critérios estabelecidos nas concessões das rodovias.
Diante desse cenário, a única forma de combater esses e outros
problemas vividos diariamente é a organização sindical dos
trabalhadores no transporte de carga rodoviária, mas também, dos
trabalhadores de todo o setor de transporte, que enfrentam
problemas semelhantes cotidianamente.
Nesse sentido o I Seminário Nacional TRANSPORTE DE CARGA - DESAFIOS
PARA O DESENVOLVIMENTO E PARA CONDIÇÕES DE TRABALHO DIGNAS,
realizado em São Paulo, no dia 22 de novembro de 2013, é um novo e
importante passo para superar as dificuldades cotidianas e ampliar
direitos dos trabalhadores desse setor.
Considerando as questões acima, apresentamos como resultado do
nosso debate os seguintes pontos:
1. Reforçar junto ao governo o compromisso de
continuidade e ampliação dos investimentos em infraestrutura para o
transporte de carga, ampliando o caráter intermodal, tendo em vista
nossa economia atlântica, com grandes eixos ferroviários, marítimos
e hidroviários, garantindo a utilização de caminhões para
alimentação e distribuição a partir dos eixos;
2. Apoiar ações da Política Nacional de
Transporte que caminhem para a superação dos limites estruturais da
infraestrutura de transporte e a ampliação da cobertura geográfica
da malha, assegurando que esse segmento seja fator indutor e
catalisador do desenvolvimento.
3. Elaborar propostas e definir ações em conjunto
com todos os setores de trabalhadores do transporte brasileiro, de
modo a unir forças e avançar no desenvolvimento da infraestrutura
nacional e principalmente, das condições de trabalho;
4. Exigir a participação dos trabalhadores na
elaboração dos novos processos de concessão de rodovias;
5. Propor ao governo a revisão dos contratos de
concessão das rodovias que estão em vigor, garantindo a construção
de espaços de parada adequados para os trabalhadores de transporte
de carga rodoviário;
6. Propor ao governo e aos bancos de fomento a
elaboração de linhas de financiamento apropriadas para a aquisição
de novos caminhões, mas também linhas para o financiamento de
caminhões usados e ainda, linhas de crédito para manutenção;
7. Apoiar a criação do Programa Nacional de
Renovação da Frota de Caminhões, garantindo mecanismos que não
penalizem os trabalhadores quanto à comprovação de renda;
8. Apoiar medidas que possibilitem ao
caminhoneiro assalariado a aquisição de caminhão como autônomo no
Programa Nacional de Renovação da Frota de Caminhões;
9. Prever no Programa Nacional de Renovação de
Frota de Caminhões programa nacional de formação para os
caminhoneiros, disponível para o trabalhador que solicitar;
10. Elaborar uma proposta de política de saúde
específica para o trabalhador do transporte de carga para ser
apresentada para o governo e órgãos competentes;
11. Garantir a aprovação da proposta de regulação
da jornada de trabalho, já debatida e consensuada entre governo e
representação dos trabalhadores, indicando como representantes nos
fóruns pertinentes sobre o tema, Paulo João Estausia (CNTT) e
Carlos Roesel (Sindicato Cegonheiros MG).
12. Elaborar uma proposta de regulação para o
pagamento de frete e dos salários dos trabalhadores do transporte
de carga rodoviária.
13. Permitir às associações e cooperativas de
transporte organizar-se com fins específicos de reparos de danos e
furtos dos veículos de seus associados.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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