Cerca de
400 pessoas, entre trabalhadores, especialistas e movimentos social
e sindical se reuniram na quinta-feira, dia 10, em audiência na
Assembleia Legislativa paulista, para manifestar posição contrária
à fusão de três instituições públicas de gestão, formação e
transparência, proposta pelo governador Geraldo Alckmin.
A medida anunciada neste ano, por meio do Decreto nº 59.327, logo
após as mobilizações de junho, pretende unificar Seade (Fundação
Sistema Estadual de Análise de Dados), Fundap (Fundação do
Desenvolvimento Administrativo) e Cepam (Fundação Prefeito Faria
Lima – Centro de Estudos e Pesquisa de Administração Municipal).
Segundo o governo estadual, o resultado será uma economia de R$ 355
milhões, dos quais R$ 129 milhões seriam para este ano e R$ 226
milhões para 2014.
Até o momento, nenhum projeto de lei foi encaminhado à Alesp, mas
duas minutas já circulam nas fundações. Os servidores são contra as
ações do executivo, defendem o fortalecimento dos órgãos e relatam
um cenário onde o quadro de funcionários é reduzido, os salários
são defasados e há uma ausência de Plano de Carreira.
Instituições reivindicam melhorias
Na Fundap trabalham 292 servidores, dos quais 81% são estáveis.
“Atuamos na produção de conhecimentos fundamentais para a
administração pública, inovação dos métodos de gestão de políticas
e programas de governo. Se esse projeto do governo for levado a
sério, os estatutos das fundações serão abolidos", afirma a
diretora da Associação de Funcionários da instituição, Alice
Moura.
Alice destaca que o último concurso ocorreu em 2010 e aponta para a
necessidade de ampliação e autonomia dos órgãos, sem submissão às
normas do poder executivo. “As três fundações demonstram
complementaridade e não sobreposição entre si”, afirma a
representante da Fundap.
Na Cepam, fundação responsável por apoiar os municípios paulistas
por meio de capacitação, 260 funcionários compõem o quadro da
instituição, dos quais 100 têm estabilidade. “Somos poucos e
estamos envelhecendo. Desde a década de 1980 não há concurso
público. É como se estivéssemos assistindo à desconstrução de nossa
entidade”, afirmou um funcionário que atua há 30 anos no órgão e
preferiu não se identificar.
Já na Fundação Seade, instituição que produz e divulga análises e
estatísticas socioeconômicas e demográficas, atuam 328
trabalhadores, dos quais 16 são comissionados e outros 50 foram
deslocados para outros órgãos do governo. Como em outras fundações,
existem funcionários que atuam há pelo menos 10 anos, os quais
recordam que muitos foram os momentos de sacrifícios para manter a
instituição. “Na era Covas, por exemplo, para garantirmos menos
demissões, nós, funcionários, ficamos seis meses ganhando 25% de
salário a menos. Tivemos que fazer um acordo sindical que rendeu
desgastes. A nossa luta não foi apenas contra as demissões, mas por
acreditarmos no trabalho que desenvolvíamos para o fortalecimento
da democracia”, lembra a analista de dados, Ida Bismara.
Com a falta de apoio, pessoas talentosas, relatam os trabalhadores,
saem para prestar assessoria a outras empresas públicas que
valorizam com melhores salários e condições o quadro do
funcionalismo.
Falta de diálogo reacende a organização
Os servidores são unânimes em dizer: “O governador começa suas
propostas pelo telhado”. A afirmação pontua a luta unificada
contra a fusão e pela valorização das fundações, bandeiras dos
trabalhadores das três instituições. Para os servidores, falta
sintonia entre o estado paulista e os trabalhadores. “O governo
discute a fusão, enquanto debatemos melhorias para o que temos”,
relatou Ida.
Segundo o vice-presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, todo
cenário comprova que o governo paulista não investiu em condições
necessárias para que os servidores desses órgãos desenvolvessem um
trabalho mais qualificado. “Ao longo do tempo observamos um
sucateamento das fundações. A ideia de fusão parece, a princípio,
uma tática do governo para reduzir custos, demitir e precarizar
ainda mais as condições de trabalho. Mas não é só isso”, opina.
Para Izzo, permitir a perca de autonomia na formulação de índices,
na transparência e no planejamento pode implicar no repasse desse
serviço a empresas privadas. “Devemos estar atentos a qualquer
intenção do estado em privatizar os setores”, ressalta o
dirigente.
Adi dos Santos Lima, presidente da CUT/SP e ex-presidente do Dieese
(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos), diz que o
problema está no modelo de gestão de Estado em SP, num processo de
desmonte que ocorre há 20 anos no governo do PSDB. “O funcionalismo
público é facilmente descartado pelo governo tucano”, afirma o
dirigente, que ressaltou a importância de pesquisas como a de
monitoramento do emprego e desemprego, fruto de parceria entre o
Seade e o Dieese. “Não se pode olhar apenas para os custos de uma
autarquia sem avaliar a qualidade e a credibilidade do trabalho que
é feito”, avalia.
João Batista Gomes, secretário de Políticas Sociais da CUT/SP,
aponta outro indício do sucateamento – a demissão de trabalhadores,
que ocorre há tempos, atingindo, inclusive, funcionários estáveis
que recorreram à justiça para serem readmitidos. “A linha de
atuação do governo estadual acaba por destruir as empresas
públicas. No lugar de fortalecer os órgãos e as pesquisas que
possam auxiliar o próprio governo estadual, a política do PSDB é de
enxugamento”, finaliza.
Com informações da CUT São Paulo
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