Cerca de
1.500 trabalhadores ocuparam a Avenida Paulista, em São Paulo, na
segunda-feira, 7 de outubro, para promover mais uma edição da
Jornada Mundial do Trabalho Decente, manifestação que ocorre
simultaneamente em mais de 100 países.
A mobilização reuniu a CUT, demais centrais sindicais e
representantes de categorias em campanha salarial, que seguiram até
a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde
entregaram um documento (clique
aqui para
ler) que cobrou responsabilidade dos empresários nas negociações
coletivas, respeito à organização sindical e a ampliação do diálogo
tripartite.
Após passar diante de diversas agências fechadas pelos
trabalhadores bancários em greve contra a intransigência dos
banqueiros, que se recusam negociar, apesar de comandarem um dos
setores que mais lucram no país, o secretário de Administração e
Finança das CUT, Quintino Severo, destacou que a paralisação é uma
forma de exigir trabalho decente. “O trabalho indecente não é
apenas o infantil ou escravo, que vergonhosamente ainda existem no
país, mas também um conjunto de condições que precisamos expor.
Quando os bancários vão à greve, por exemplo, estão em defesa da
melhoria das condições de trabalho para eles e para o país,
portanto, em defesa do trabalho decente”, pontuou.
A secretária-Geral Adjunta, Maria Faria, também abordou a
paralisação e destacou a necessidade de lutar por melhores
condições de vida como parte da agenda do trabalho decente. “É
preciso acabar com assédio moral, o inferno que vivemos no
dia-a-dia. Quando chegamos em casa, mal temos tempo de dar atenção
aos nossos filhos. Trabalho decente é também reconhecer que temos
direito a lazer, cultura, aposentadoria digna, não só em relação ao
salário, mas também à nossa saúde”, afirmou.
O secretário de Organização, Jacy Afonso de Melo lembrou os 50 anos
do Massacre de Ipatinga, em Minas Gerais, quando 19 policiais
militares atiraram na direção de trabalhadores da Usiminas que
protestavam contra as más condições de trabalho e, oficialmente,
assassinaram oito pessoas, além de deixaram 79 feridos.
O dirigente também lembrou a fuga dos empresários da Conferência do
Trabalho Decente, em 2012 – “os empresários da Fiesp foram para
Brasília com dinheiro público, que deveriam devolver, e assumir
compromisso de respeitar uma agenda de trabalho decente” – e cobrou
maior responsabilidade do poder público. “É preciso também exigir
dos governos, em todas as instâncias, uma luta cotidiana e uma
legislação contra o trabalho precário”, disse.
Todos contra o PL 4330
Um dos pontos mais
lembrados pelos dirigentes na manifestação foi o Projeto de Lei
4330/2004 da terceirização, que amplia a precarização e ameaça os
direitos de todos os trabalhadores com carteira assinada.
Representantes da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Químico
(CNQ) e do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de
São Paulo (Sindipetro), Itamar Sanchez, lembrou que a maior parte
dos acidentes no setor petroleiro ocorre entre os terceirizados.
“Desde 1995, mais de 300 trabalhadores perderam a vida a custo do
trabalho. Desses, 80% eram terceirizados. Se hoje já é assim,
imagina se o PL 4330 for aprovado”, criticou.
O dirigente aproveitou para destacar que, se o leilão da área de
Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, prosseguir, a categoria
comandará uma greve nacional por tempo indeterminado no próximo dia
17. “Leiloar é entreguismo e não vamos aceitar privatização no
governo dos trabalhadores”, falou.
O vice-presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, falou sobre como a
precarização é adotada na gestão paulista. “A educação em São
Paulo tem a contratação precária de 50 mil professores, assim como
saúde e segurança públicas. O 190 da polícia está sendo
terceirizado na capital e algumas cidades do interior. Trabalho
decente teve crescimento geral no emprego e trabalho, porém,
necessidade de crescer em condições de trabalho, salário e
carreira”, afirmou.
A coordenadora da CNQ, Lucineide Varjão, também tratou do PL. “Essa
manifestação ocorre num momento em que o PL 4330 se encontra em
votação no Congresso, que pode ampliar a precarização e por isso
mesmo o ramo químico veio para essa luta”, ressaltou.
Nem empresário acredita no PL 4330
Durante a
entrega da carta das centrais ao empresariado, a reportagem do
Portal da CUT questionou o gerente do Departamento Sindical da
Fiesp, Marco Vizioli, sobre o PL 4330.
Para ele, terceirização não é sinônimo de precarização e é preciso
criar um marco regulatório. Porém, mesmo para os patrões, o projeto
ainda está longe de estar pronto para ser votado. “Temos que ter
ainda algumas conversas”, admitiu.
Luta cotidiana
Durante o trajeto entre a Praça
Oswaldo Cruz e a sede da Fiesp, dirigentes sindicais destacaram
situações presentes em diversas profissões que vão contra condições
decentes de trabalho: a obrigação de motoristas de ônibus também
cobrarem passagens, o cotidiano dos motoboys, que colocam a vida em
risco para cumprir suas obrigações e os baixos salários e falta de
condições profissionais na construção civil.
O presidente da Federação dos Metalúrgicos da CUT-SP (FEM), Valmir
Marques, o Biro Biro, comentou como a hora extra, que muitos
operários são obrigados a realizar para garantir uma renda digna,
afetam a saúde. “O grande número de acidentes de trabalho com
mutilação na nossa categoria está diretamente ligado à necessidade
de fazer cada vez mais horas extras para garantir uma vida digna. A
saída para isso é ampliar cada vez mais a organização no local de
trabalho para garantir o trabalho decente e a conscientização dos
trabalhadores sobre o impacto que isso terá futuramente quando
estiver em idade avançada”, ressaltou.
Com informações da CUT Nacional
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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