Fiscalização do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos,
flagrou 111 operários em situação semelhante a de escravidão. A
denúncia foi feita pelo Sindicato dos Trabalhadores na Construção e
Mobiliário de Guarulhos (Sindcongru/CUT) no dia 6 de setembro, que
resultou uma investigação do Ministério Público do Trabalho, que
encaminhou a denúncia ao MTE. As denúncias foram feitas pelos
operários que trabalham nas obras para o Sindicato.
(Foto: Jéssica Lemos/
Mídia Consulte)
Em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, dia 25, os
auditores disseram que os homens foram contratados pela empreiteira
OAS, responsável pelas obras de ampliação do Aeroporto,
administrado pela Concessionária GRU Airport.
Na investigação, os fiscais descobriram que eles foram aliciados em
quatro estados do Nordeste, no grupo havia seis índios de uma tribo
de Pernambuco.
Para Renato Bignami, auditor fiscal do trabalho e coordenador das
ações de Trabalho Escravo da Superintendência Regional do Trabalho
e Emprego-SP, as investigações apontam responsabilidade das
empresas. “Trabalhadores da OAS aliciaram esses trabalhadores desde
as suas comunidades, estado de Pernabumco, Bahia, Maranhão, para
vir para São Paulo com promessa de posto de trabalho lá na obra de
ampliação do Aeroporto”, disse.
O auditor explicou que, contra empresa, foram lavrados 25 autos de
infração que ao final do processo administrativo poderão alcançar
R$ 145 mil de multas e levar o nome da empresa ser publicado no
cadastro de empregadores que tenham mantido trabalhadores em
situação análoga de escravo, conhecida como lista suja do MTE.
Durante a coletiva, o presidente do Sindicato, Edmilson Girão da
Silva, Índio, disse que ficou chocado com as condições desumanas
dos migrantes do nordeste. “Jamais deixaremos que impunidades como
estas aconteçam em Guarulhos. Continuaremos denunciando doa a quem
doer”, afirma.
O deputado estadual, Alencar Santana e o vereador Orlando Maurício,
Brinquinho, ambos do PT, acompanharam todo o processo de
investigação do MTE e Sindicato e prestaram amplo
apoio.

Coletiva de imprensa na Superintendência
Regional do Trabalho e Emprego-SP
Crédito: Jéssica Lemos/Mídia Consulte
Interdição e bens
bloqueados
Os 111 trabalhadores vieram transportados em ônibus clandestino,
investiram até R$ 500 na viagem e também no direito de uma vaga de
um posto de trabalho, de acordo com a investigação. A fiscalização
fez imagens do alojamento onde os operários estavam: as condições
eram precárias (boxe abaixo).
O Ministério do Trabalho interditou 11 alojamentos e determinou que
os trabalhadores retornassem às cidades de origem. Segundo o
Sindicato, há denúncias de que o número de vítimas seja bem
maior.
Cada um receberá em média R$ 6 mil de indenização. A OAS e a GRU,
administradora do Aeroporto, também tiveram bens bloqueados, no
total equivalente a R$ 15 milhões, pela Justiça para garantir o
pagamento das indenizações aos operários. “O bloqueio dos bens
móveis e imóveis é para garantir o cumprimento da liminar, ou seja,
pagamento das verbas rescisórias, pagamento dos R$ 3 mil a cada
trabalhador, pagamentos das despesas desses trabalhadores até que
tramite toda essa documentação porque todos relataram pra mim que
tinham desejo de voltar”, disse Patrícia Terezinha de Toledo, juíza
do trabalho do 2º Tribunal Regional do
Trabalho.

Alojamento no Jardim Santa Lídia -
crédito: Sindcongru
Operários dormiam no chão e passaram fome
O MPT e o MTE, em conjunto com o Sindcongru, fizeram fiscalizações
em casas com migrantes no Jardim Santa Lídia, Jardim Santa Inês e
Cidade Seródio. Os homens estavam aglomerados em pequenos
quartos, sem local para alimentação. Os banheiros eram sujos, com
cheiro ruim e mofo. De acordo com o Sindicato,havia nestas casas
seis funcionários registrados pela OAS. “Foi caracterizado trabalho
escravo. Se a OAS não tivesse interesse nestas pessoas não os
colocariam para fazer exame médico e integração. É uma forma de
segurá-los para ficarem à disposição”, explica o secretário-geral
do sindicato, Marcelo dos Santos.
O Sindicato levou alimentação para os trabalhadores de todos os
alojamentos visitados. “Esta denúncia deixa uma lição: que as
pessoas fujam deste tipo de armadilha. Caso alguém esteja passando
por esta situação humilhante tem que denunciar”,
concluiu.

Alojamento no Jardim Santa Lídia -
crédito: Sindcongru
Viviane Barbosa, editora do Portal CNTT/CUT, com fotos de Jéssica Lemos da Mídia Consulte
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