O plenário da Câmara dos Deputados aprovou
na terça-feira, dia 2 de abril, o Projeto de Lei 5546, de 2001, dos
deputados Nilmário Miranda (PT-MG) e Nelson Pellegrino (PT-BA), que
cria um sistema nacional de prevenção e combate à tortura com o
objetivo de evitar esse crime nas delegacias e demais locais onde
pessoas são detidas sob custódia do Poder Público. A matéria será
votada ainda pelo Senado.
O texto aprovado é o de uma emenda do deputado Luiz Couto (PT-PB),
relator do projeto pela Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania (CCJC). Ele tomou como base o PL 2442/11, do
Executivo.
Segundo a emenda, será criado o Sistema Nacional de Prevenção e
Combate à Tortura (SNPCT), integrado por órgãos e entidades
públicas e privadas, como conselhos de comunidades, conselhos
penitenciários estaduais, corregedorias e ouvidorias de
polícia.
Para Luiz Couto, a elaboração do texto foi um trabalho conjunto de
deputados de vários partidos com o governo. “A dignidade humana, o
respeito e a proteção são fundamentais. O Estado tem obrigação de
garanti-las”, afirmou.
Órgãos da Presidência da República
Dois novos órgãos criados pelo projeto na Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República também farão parte do sistema:
o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT) e o
Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). O comitê será
composto por 23 membros, dos quais 11 representantes do Executivo
federal e 12 de conselhos de classes profissionais e de
organizações da sociedade civil.
Entre suas atribuições estão: propor aperfeiçoamentos aos programas
relacionados ao tema; recomendar a elaboração de estudos e
pesquisas; apoiar a criação de comitês ou comissões semelhantes na
esfera estadual; subsidiar o MNPCT com dados e informações; e
manter cadastro de alegações, denúncias criminais e decisões
judiciais.
Para a escolha dos representantes da sociedade civil, o projeto
garante a realização de consulta pública prévia, observada a
representatividade e a diversidade da representação.
Também na estrutura da Secretaria de Direitos Humanos, o mecanismo
nacional de prevenção será composto por 11 peritos, escolhidos pelo
comitê dentre pessoas com notório conhecimento sobre o assunto,
atuação e experiência na área.
Eles terão independência de atuação e garantia do mandato, com
atribuição de planejar e realizar visitas periódicas às pessoas
privadas de liberdade, em todas as unidades da federação, para
verificar as condições a que se encontram submetidas.
Os peritos também poderão fazer recomendações às autoridades
responsáveis pelas pessoas custodiadas para garantir seus direitos,
além de requerer à autoridade competente a instauração de inquérito
administrativo ou criminal quando constatarem indícios da prática
de tortura e de outros tratamentos e práticas cruéis.
O projeto garante, aos peritos, autonomia de posições e opiniões
adotadas no exercício de suas funções; o acesso a todas as
informações relativas às pessoas privadas de liberdade; e liberdade
para escolher os locais a serem visitados e as pessoas a serem
entrevistadas. Entretanto, o acesso aos locais onde as pessoas
estão detidas não ocorrerá mais independentemente de comunicação
prévia, conforme constava do texto original do projeto.
Restrições
Quem exercer cargos executivos em partidos políticos ou não ter
condições de atuar com imparcialidade não poderá participar como
perito do MNPCT. Os estados também poderão criar mecanismos
estaduais de prevenção, que realizarão as visitas em conjunto com o
MNPCT.
Os apoios financeiro, técnico e administrativo necessários ao
funcionamento do comitê e do MNPCT serão prestados pela Secretaria
dos Direitos Humanos, especialmente para a realização das visitas
periódicas nos estados.
Caberá ainda à secretaria a criação de mecanismos preventivos de
combate à tortura no âmbito dos estados e do Distrito
Federal, segundo os princípios do Protocolo à Convenção das
Nações Unidas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
Fim da tortura
O deputado Nilmário Miranda (PT-MG), um dos autores da proposta,
ressaltou que as melhores polícias do mundo não torturam e
conseguem ótimos resultados. “A Polícia Federal, que é das melhores
da América, não se utiliza desse procedimento, são muito raros os
casos de denúncias de tortura da PF”, exemplificou.
O líder do governo, deputado Arlingo Chinaglia (PT-SP), disse que
um sistema semelhante já funciona em alguns estados do Brasil e em
países como Chile, Paraguai e Uruguai. “Se admitirmos a tortura,
nós nos degradamos como seres humanos”, disse.
A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, foi à Câmara
acompanhar a votação. Ela lembrou que o Brasil já fez compromissos
internacionais de erradicação da tortura. "O Brasil tem compromisso
contra a tortura. Compromisso com o nosso povo, mas compromissos
também internacionais, junto às Nações Unidas. A tortura, há 16
anos no Brasil, é crime inafiançável, é imprescritível, tem uma lei
sobre tortura no Brasil, mas é uma prática lamentável e terrível
que acontece nas instituições fechadas."
Com informações da
Rede Brasil Atual
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