Eles têm
boa conversa, são conhecidos, oferecem propostas de emprego fora do
País com bons salários, estudos e, em alguns casos, até casamentos.
Mas quando a vítima chega ao destino, “o sonho” torna-se pesadelo.
Elas têm seus passaportes confiscados e são obrigadas a trabalhar
como prostitutas, tendo que pagar enormes quantias para saldar
dívidas de passagens, comida, vestuário, estadia,
etc.
Elas não sabem seus direitos no país
estrangeiro e, para agravar a situação, desconhecem o idioma local.
Vivem com medo, ficam vulneráveis, abandonadas e são abusadas como
escravas sexuais.
O relato acima é verdadeiro e é conhecido
como “tráfico humano”— terceiro crime mais lucrativo do mundo (em
média US$ 32 bilhões, perdendo apenas para o tráfico de armas e
drogas). A Organização das Nações Unidas (ONU) o define como “o
recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o
acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça”.
Posto de
Atendimento aos Migrantes
Funcionando desde 2006 no Aeroporto
Internacional de Guarulhos, o Posto Avançado de Atendimento
Humanizado aos Migrantes é referência no Brasil no atendimento às
vítimas desta prática criminosa. Dados da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) revelam que 20,9 milhões de pessoas no mundo são
vítimas de trabalho forçado/exploração sexual. Em média, por ano,
2,4 milhões de pessoas são traficadas; no Brasil, são 70 mil. A
exploração sexual representa quase 80% dos casos. De cada cinco
vítimas, quatro são mulheres ou meninas. O Posto Humanizado também
é o primeiro no País e foi fundado pela Associação Brasileira de
Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude (Asbrad) em parceria
com o governo federal e Organizações Não Governamentais
internacionais.
Desde 2010, a Secretaria de Desenvolvimento
e Assistência Social da Prefeitura de Guarulhos o assumiu,
integrando-o à Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de
Pessoas, aprovada na gestão do ex-presidente Lula, que criou os
núcleos de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas nos Estados (NETP).
“Guarulhos é uma das principais rotas do tráfico interno e
internacional de pessoas segundo dados da Polícia Rodoviária
Federal. “O tráfico humano é antigo e chama a atenção das
autoridades há muito tempo”, conta à Revista Aérea, a Secretária de
Assistência Social, a pedagoga, Genilda Bernardes. Eleita vereadora
em Guarulhos nas eleições de 2012, ela foi convidada pelo prefeito
Sebastião Almeida (PT) e assumiu a Secretaria em janeiro deste
ano.
Genilda explica que o relevante trabalho do
Posto serviu de base para a criação dos Postos nos aeroportos do
Acre, Ceará, Amazonas, Rio de Janeiro e Pará. “Identificamos todos
os casos. Atendemos desde problemas com vistos até pessoas
traficadas, nas quais prestamos atendimento social, psicológico e
jurídico. Temos parceria com a Polícia Federal, com as embaixadas
dos países, com o Ministério da Justiça e com o Comitê de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Turismo Sexual (ETTS)”,
relata.
Dados de 2011 mostram que foram atendidas
326 pessoas no Posto Humanizado do Aeroporto – um aumento de quase
15% em relação à 2010. A maioria são brasileiros e as principais
queixas são deportação, maus tratos da polícia migratória e tráfico
de pessoas.
Todo o mês o Posto identifica cerca de 18
casos com graves indícios de tráfico com exploração sexual,
oriundos da Espanha, Itália, Estados Unidos, Portugal e Turquia,
entre outros países.
A maioria das vítimas são mulheres jovens
de 20 a 30 anos, solteiras, nordestinas e residentes de
grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. “Mas
não existe apenas o tráfico de mulheres. Há também casos de tráfico
de órgãos, de crianças e bebês. As vítimas não gostam de falar,
sentem vergonha, medo e indignação por terem sido traficadas e
enganadas”, enfatiza a pedagoga Genilda
Bernardes.
O tráfico de pessoas representa uma das
mais graves violações dos direitos, pois retira da vítima a própria
condição de pessoa humana ao tratá-la como um objeto, um produto,
uma simples mercadoria.
Para fortalecer o combate, Genilda disse
que o Posto Humanizado passará por uma nova reforma. “Hoje,
funciona 24 horas e contratamos mais assistentes sociais. Também
apresentamos um projeto de ampliação à concessionária GRU Airport”,
disse.
Uma das novidades é a criação dentro do
Aeroporto do Centro de Referência Especializado de Assistência
Social (CREAS). “É fundamental avançar na política para o migrante.
Pessoas assaltadas e moradores de rua nos procuram. Este Centro
terá a capacidade de oferecer um atendimento digno para estes
cidadãos, fazendo os encaminhamentos
necessários”.
Palermo
Desde 2004, o Brasil é signatário da
Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado e Protocolos
Adicionais – mais conhecida como Convenção de Palermo – que
disponibilizou instrumentos para operacionalizar a cooperação
jurídica entre os 100 países participantes.
A Convenção tem força de lei ordinária.
Segundo o documento, as pessoas aliciadas devem ser tratadas como
vítimas de tráfico e receber proteção especial das autoridades dos
países envolvidos.
Genilda destacou que a Convenção é um
importante instrumento, mas disse que é necessário investir mais
nos Postos Humanizados. “Dos 66 aeroportos brasileiros, temos
postos em apenas cinco. A nossa luta é que o tráfico de pessoas sai
da invisibilidade”, questiona.
A pedagoga disse que é urgente para o
Brasil ter novas legislações que criem punições para todas as redes
de tráfico; também é fundamental investir em ações de
conscientização sobre a importância de denunciar, bem como ampliar
as políticas de assistência social e de proteção às
vítimas.
O Ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, também reforça o apelo à sociedade sobre a importância de
denunciar. “Nós precisamos conscientizar a população de que as
informações têm que chegar ao Poder Público por que, sem elas, não
temos como abrir inquérito, como investigar, como punir aqueles que
praticam esse tipo de violência contra seres humanos”,
explica.
Neste mês de março, entrará em vigor no
Brasil uma campanha internacional contra a violência e o tráfico de
mulheres. A diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no
Exterior, a diplomata Maria Luiza Ribeiro Lopes da Silva, disse que
o objetivo é promover ações que garantam o apoio às necessidades
das brasileiras que estão fora do país.
A diplomata destacou que o trabalho da
Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) promoveu uma mudança de
comportamento das vítimas de violência e tráfico no exterior.
Segundo ela, com profissionalismo e paciência, as atendentes
conquistam a confiança das mulheres que, em geral, sentem medo de
denunciar.
“O governo está firme e dedicado para
mostrar que há alternativas para essas mulheres que se encontram em
situação de risco”, finaliza.
Governo Dilma lança Plano
para fortalecer combate ao tráfico de pessoas
Está em vigor no Brasil desde o dia 26 de fevereiro, o 2º Plano de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Esta iniciativa do governo
Dilma prevê o fortalecimento da rede contra este crime até 2014,
com a meta de criar mais 10 novos núcleos/postos. Para isso, serão
investidos R$ 5,9 milhões, incluindo a capacitação de 400 agentes e
cooperação jurídica internacional. Desde 2008, já foram investidos
R$ 5,2 milhões nesta rede, que conta atualmente com 13 postos de
atendimento ao migrante e 16 núcleos estaduais. Em 2011 e 2012
foram capacitados 716 profissionais de diversas áreas no tema do
tráfico de pessoas.
Articulado por meio do Ministério da Justiça (MJ) e das secretarias
de Direitos Humanos (SDH) e de Políticas para Mulheres (SPM), o
Plano foi construído com a participação da sociedade: mais de 1.500
cidadãos de várias instituições debateram as medidas em consultas
públicas virtuais e 57 plenárias livres realizadas no Brasil e no
exterior. “Ao instituir uma política que enfrente este problema, o
governo brasileiro reafirma o seu compromisso inequívoco com a
plena cidadania e liberdade de todas as suas cidadãs e cidadãos”,
diz a ministra da SDH, Maria do Rosário.
Os postos ficam em locais de grande circulação (portos, aeroportos
e rodoviárias) e são responsáveis pelo atendimento às vítimas.
Legislação
A legislação atual só pune o tráfico de mulheres para fins de
exploração sexual, não contempla tráficos para fins de trabalho
escravo, trabalho doméstico, venda de órgãos e de crianças.
Um projeto de lei da senadora Lidice da Mata (PSB-BA) quer mudar
esta realidade e criminalizar todos os tipos de tráfico.
O apoio popular é fundamental para que a lei seja levada à votação
e aprovada mais rápido. Faça a sua adesão entre no site:
http://www.avaaz.org/en/petition/Aprimorar_a_lei_brasileira_para_combater_o_trafico_humano/?cCuFCd
e participe desta luta.
Ligue
180
Graças ao disque 180 Internacional foi
possível desvendar várias redes de tráfico de mulheres no Brasil e
no exterior.Em 2012,
foram recebidas 80 ligações, sendo 30 da Espanha (37%), 25 da
Itália (31%), 18 de Portugal (22%) e duas de El
Salvador (2%). Brasil, França, Inglaterra,
Luxemburgo e Suíça registraram uma chamada cada um, somando 6% das
ligações. Esses telefonemas geraram 179 atendimentos. As denúncias
desvendaram dois casos de tráfico de mulheres, com operações
bem-sucedidas da Polícia Federal.
O mais recente teve prisões no Brasil
e em Salamanca, na Espanha. “O balanço do Ligue 180 Internacional
faz um retrato, até então desconhecido, de como a violência contra
as mulheres brasileiras transpõe fronteiras”, afirma a ministra
Eleonora Menicucci.
Segundo a Secretaria Nacional de Justiça,
entre 2005 e 2011, a Polícia Federal registrou 157 inquéritos por
tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual,
enquanto que o Poder Judiciário, segundo o Conselho Nacional de
Justiça, teve 91 processos distribuídos. Foram instaurados no total
514 inquéritos pela Polícia Federal entre 2005 e 2011, dos quais 13
eram de tráfico interno de pessoas e 344 de trabalho
escravo.
Quanto às prisões e indiciamentos, foram
381 indiciados por tráfico internacional de pessoas para exploração
sexual pela Polícia Federal e 158 presos, conforme dados do
Departamento Penitenciário Nacional. No contexto do tráfico interno
de pessoas para exploração sexual foram 31 indiciados pela PF e 117
presos, entre 2005 e 2010.
O estudo aponta que a maior incidência do
tráfico internacional de brasileiros e brasileiras é para fins de
exploração sexual.
De 475 vítimas identificadas pelo
Ministério das Relações Exteriores, em seus consulados e
embaixadas, 337 sofreram exploração sexual e 135 foram submetidas a
trabalho escravo.
Fonte:
Revista Aérea, publicação da Associação dos Servidores da Infraero
(Assinfra)/Guarulhos
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
Redação CNTTL
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