Mais de 50
mil trabalhadores, militantes e sindicalistas marcharam na
Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na quarta-feira. 6 de
março, para defender a pauta da classe trabalhadora, que enfatiza a
necessidade de ampliar os investimentos públicos em infraestrutura
e nas áreas sociais, fortalecer o mercado interno e redistribuir a
renda, execrando o receituário neoliberal de arrocho e precarização
de direitos que tem vitaminado a crise nos países capitalistas
centrais. Contando com a participação de baterias de escolas de
samba e bloco de baianas, a sétima Marcha das Centrais Sindicais e
Movimentos Sociais por “Cidadania, Desenvolvimento e Valorização do
Trabalho” homenageou o presidente venezuelano Hugo Chávez –
falecido terça-feira – “pela sua abnegação em defesa da soberania e
da integração latino-americana”, e a luta feminista, ainda mais
reforçada às vésperas do Dia Internacional da Mulher, por
“igualdade de salários e de direitos”.
Concentrados desde as primeiras horas da manhã em frente ao estádio
Mané Garrincha, militantes da CUT, CGTB. CTB, Força Sindical, NCST
e UGT se revezavam nos caminhões de som para defender sua pauta.
“Estamos pressionando para que o governo e o Congresso melhorem sua
relação com os movimentos sindical e social e cumpram seus
compromissos com a sociedade, o que não está ocorrendo”, declarou a
presidenta estadual da CUT Minas Gerais, Beatriz Cerqueira, à
frente de uma caravana de 27 ônibus.
Para cobrar atendimento às suas reivindicações, dezenas de milhares
de trabalhadores e trabalhadoras encararam longas jornadas. Um dos
tantos exemplos, a delegação da Federação dos Municipários do Rio
Grande do Sul levou 48 horas de ônibus para somar sua voz. Na
Marcha, uma das prioridades da categoria é a regulamentação da
Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que
estabelece a negociação coletiva no serviço público. “Essa é uma
das tantas demonstrações coletivas de compromisso com a luta que
tão bem caracterizam a militância cutista. Sabemos que a conquista
é fruto das batalhas e que mudanças estruturais como as que estamos
propondo vão exigir muito empenho, unidade e mobilização da base”,
declarou o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
Licença
Maternidade
Em frente às tendas das centrais, a coordenadora do Coletivo de
Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar
(Fetraf-Sul), Cleunice Back, colhia assinaturas pela
obrigatoriedade da licença-maternidade de seis meses a todas as
mulheres trabalhadoras. “Precisamos alterar o conteúdo da Lei
11.770, que facultou a prorrogação da licença-maternidade por mais
60 dias para as trabalhadoras urbanas. Queremos que seja tornada
obrigatória a concessão de licença maternidade pelo período de 180
dias para trabalhadoras urbanas e rurais”, disse Cleunice,
apontando que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) defende
a necessidade desses seis meses iniciais de contato mãe e filho
para assegurar uma vida mais saudável, o que também diminuirá os
custos dos governos com o setor.
A secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane Silva,
apontou a relevância “deste momento de luta para afirmar a pauta
feminista”. Um dos projetos de lei prioritários para as mulheres
cutistas, recordou, é o PL que prevê que as empresas privadas e
públicas tenham comissões internas para discutir o tema das
mulheres nos locais de trabalho. “Isso é chave para debatermos a
questão da igualdade salarial, das condições de ascensão
profissional, o fim do assédio moral e sexual. Mas há muita
resistência do empresariado no Congresso Nacional”, denunciou.
Recepcionando as caravanas,o presidente da Confederação Nacional
dos Metalúrgicos (CNM), Paulo Cayres, avaliou que a realização de
uma Marcha com tamanha magnitude “amplia infinitamente o poder de
barganha dos trabalhadores”. “O foco dado ao fim do fator
previdenciário, que é um estelionato nos ganhos do trabalhador que
se aposenta, e na redução da jornada teve grande receptividade, mas
é preciso ir além e lutar para que se ampliem os investimentos no
nosso país e impedir que a redução dos juros sirva apenas para
alimentar o lucro dos patrões. É preciso redistribuir renda”,
acrescentou Paulão.
Para o coordenador do Coletivo dos Trabalhadores Indígenas do Mato
Grosso do Sul, José Carlos Pacheco, a Marcha acertou em cheio ao
unificar a atuação conjunta entre movimentos sindical e social,
“pois amplifica lutas comuns, o que coloca pressão para que sejam
atendidas mais rapidamente”.
Secretário Nacional de Juventude da CUT, Alfredo Santos Júnior
acredita que bandeiras “como a redução da jornada de trabalho são
essenciais para conciliar trabalho com estudo, assim como a luta
pelos 10% do PIB para a educação e o trabalho decente”. “Hoje temos
67 milhões de jovens, com mais pessoas na população economicamente
ativa do que na Previdência, tendência que deve se inverter em
2050. Então, é o momento de aproveitarmos este bônus geracional
para pensar lá na frente, para valorizarmos a seguridade, para dar
melhores condições para a Previdência pública”, ressaltou.
VAGNER: "CHÁVEZ ESTÁ PRESENTE!"
Diante de um mar de faixas e bandeiras que cobriram a frente do
Congresso Nacional, o presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas,
fez uma saudação especial ao presidente Hugo Chávez, que junto com
Lula lutou para construir uma integração inclusiva, com base na
soberania e na autodeterminação de nossos países e povos, e não na
submissão a quem quer que seja. Em frente ao caminhão de som
convertido em palanque a CUT ergueu uma grande faixa com o rosto do
presidente venezuelano e os dizeres “Hugo Chávez, presente!”.
Em sua saudação, Vagner Freitas lembrou que todas as conquistas
obtidas pelos trabalhadores no último período, como a política
nacional do salário mínimo, se deveram à atuação unitária das
centrais, mais do que nunca afinadas pela redução da jornada para
40 horas semanais, o fim do fator previdenciário, 10% do PIB para a
educação, negociação coletiva no setor público, reforma agrária,
10% do orçamento da união para a saúde, combate à demissão
imotivada, valorização das aposentadorias, salário igual para
trabalho igual entre homens e mulheres, correção da tabela do
Imposto de Renda e mais investimentos.
“A CUT afirma em alto e bom tom: a ação conjunta fortalece o nosso
protagonismo. Hoje não vamos apenas entregar nossa pauta à
presidenta Dilma, mas defender que se consolide um processo de
negociação perene com o governo, como se fosse uma grande Campanha
Nacional Unificada das centrais, que garanta avanços, fundamentais
para a sustentação do projeto democrático e popular que ela
representa”, declarou Vagner Freitas. Na avaliação do dirigente da
CUT medidas como a desoneração da folha de pagamento sem
contrapartidas sociais acabam atendendo apenas o capital, sem
contemplar as necessidades dos trabalhadores.
Várias confederações, federações e sindicatos cutistas também
empunharam bandeiras contra a MP 595, “em defesa do patrimônio
público nacional, dos empregos e dos direitos dos portuários” e
contra os leilões do petróleo, anunciados pelo governo para os
próximos meses.
Distribuído amplamente em Brasília, o jornal das centrais
manifestou sua solidariedade com os trabalhadores portuários e
petroleiros, “mobilizados em defesa do patrimônio público nacional,
diante das ameaças de privatização e das concessões em curso”. Tais
medidas governamentais, alertam as centrais, “permitem que as
transnacionais – vitaminadas com financiamentos públicos via BNDES
– avancem sobre setores estratégicos da nossa economia,
comprometendo o desenvolvimento soberano do
país”.
Portuários
O presidente da Federação Nacional dos Portuários, Eduardo Guterra,
ressaltou o empenho da CUT no enfrentamento aos graves problemas
criados pela MP 595, e listou cinco pontos prioritários para serem
resolvidos: a isonomia entre portos públicos e privados; a
contratação dos trabalhadores via Órgão Gestor da Mão de Obra
(OGMO); impedir a privatização das atividades portuárias; manter a
guarda portuária e garantir maior autonomia aos Estados.
O avanço do salário mínimo de um patamar de 54 dólares para mais de
300 dólares, lembrou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira
da Silva, é resultado da unidade e da mobilização das centrais. “Se
hoje a economia teve um pequeno crescimento ainda, é graças à
atuação do sindicalismo, que conseguiu aumento real”, frisou
Paulinho.
Saudando a unificação das bandeiras do povo brasileiro, o
presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah
destacou que “além de mostrar a força das centrais, a Marcha
demonstra sinergia e compromisso com os interesses dos
trabalhadores e trabalhadoras”. Uma das nossas prioridades,
sublinhou Patah, “é o fim do fator previdenciário, uma indignidade
que penaliza o trabalhador que deu sua vida, sangue e suor com um
redutor de 40% quando mais precisa”.
A unidade da classe trabalhadora também foi apontada como um
instrumento estratégico de "luta e de conquista" pelo presidente da
Central Geral dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CGTB),
Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), que reiterou ser necessário
"ampliar os investimentos públicos para que o país avance de forma
significativa no caminho do desenvolvimento, com mais salários,
empregos e direitos". "A defesa do nosso mercado interno, da nossa
indústria, dependem de maior investimento público e da prioridade
do governo para as empresas genuinamente nacionais",
asseverou Bira.
Para o presidente da Nova Central SIndical dos Trabalhadores
(NCST), José Calixto Ramos, "essa não foi uma simples marcha, mas a
marcha da integração nacional, que sublinhou a necessidade da
valorização dos salários como alavanca propulsora da economia do
país". Calixto defendeu uma ação redobrada do movimento sindical
brasileiro contra as terceirizações e a precarização do
trabalho.
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
(CTB), Wagner Gomes, enfatizou que é hora do Congresso Nacional
votar questões de interesse do povo brasileiro, do trabalho e não
só do capital. Destacando a importância de uma maior pressão sobre
o governo e o parlamento, Wagner lembrou a atuação destacada de
senadores como Paulo Paim (PT-RS) e Inácio Arruda (PCdoB-CE), em
especial pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais
sem redução de salário.
Com informações da CUT
Nacional
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