Eduardo Guterra, Presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP) e secretário-adjunto de saúde da Executiva Nacional da CUT, critica a Medida Provisória dos Portos que ameaça direitos trabalhistas e aprofunda a privatização. Confira a íntegra do texto:
"A promessa do governo de que não deveríamos nos
preocupar, pois os direitos dos trabalhadores estariam assegurados,
infelizmente, não se concretizou no papel. As mudanças
proposta pela nova legislação para os portos impactam diretamente o
trabalho portuário, ampliam o processo de privatização dos portos e
deixam incertezas quanto à garantia de respeito aos direitos
trabalhistas.
No surgimento da Lei 8.630/93, com muita luta, os trabalhadores
portuários conquistaram direitos históricos. Agora a revogação da
Lei não pode desconsiderá-los.
Faltou transparência na condução do programa de investimentos. A
Federação Nacional dos Portuários procurou diversas vezes dialogar
com o governo federal, inclusive, levando sugestões para o
setor.
Em audiência na Casa Civil com representantes dos trabalhadores, a
ministra Gleisi Hoffmann negou a privatização das Docas. No
entanto, a MP 595/2012 determina que o contrato de concessão se
estenda à administração portuária.
Além das críticas às alterações ou supressões da MP, ainda é
questionável o fato de serem deixadas diversas questões em aberto
como, por exemplo, a indefinição da atuação do Conselho de
Autoridade Portuária, órgão que tinha o objetivo de regionalizar a
discussão da política portuária. A situação põe em risco a
participação no CAP de membros da comunidade e, sobretudo, dos
trabalhadores.
Ao permitir que os terminais de uso privativo movimentem cargas de
terceiros sem utilizar trabalhadores avulsos registrados no Órgão
Gestor de Mão de Obra (Ogmo), o governo federal prevê na MP 595 o
descumprimento da convenção 137 da OIT, da qual o Brasil é
signatário. Tal previsão descaracteriza a atividade portuária
e causa insegurança jurídica em relação às condições de trabalho e
garantia de renda da nossa classe.
O governo se equivocou ainda quando permitiu que esses terminais
pudessem movimentar qualquer carga sem licitação, pois segundo a
Constituição Federal por tratar se de prestação de serviço público
é necessário licitar. Após sucessivos adiamentos, o programa de
investimentos nos portos surge amparado por uma legislação que
deixa várias lacunas em relação ao funcionamento do setor de agora
em diante.
A tentativa de regular o setor produziu até o momento uma enorme
insatisfação e muitas emendas o que provoca insegurança aos
portuários quanto seu futuro. Foram propostas 645 emendas, a
maioria por parlamentares do PSB – partido que indicou o ministro
da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino.
No total, o PSB apresentou 143 emendas, seguido pelo PMDB com 129 e
PT com 126. Ou seja, não houve diálogo com os partidos, nem mesmo
com o do governo federal.
O modelo proposto para o setor portuário é uma afronta à
democracia. O governo não pode desconsiderar as críticas dos grupos
atuantes nos portos brasileiros. A MP desagrada a todos,
trabalhadores, parte dos empresários que não foram ouvidos no
processo e ainda, limita a participação da sociedade.
Com objetivo de defender os interesses dos trabalhadores, a
Federação Nacional dos Portuários (FNP), os sindicatos filiados, a
Federação Nacional dos Estivadores (FNE) e a Federação Nacional dos
Avulsos (Fenccovib) encaminharam mais de 80 emendas a parlamentares
do Congresso Nacional.
A Comissão Mista que vai analisar as emendas referentes à MP dos
Portos no Congresso Nacional deve ser instalada no início de
fevereiro. As três federações vão se empenhar em convencer os
parlamentares a modificar a Medida Provisória e pressionar para que
as emendas dos trabalhadores sejam aceitas. Além disso,
reivindicam a reabertura do debate sobre a MP e realização de
audiências públicas com os trabalhadores, a sociedade e todos os
interessados.
É inaceitável essa forma autoritária de regulamentar o setor
portuário. As alterações previstas para os portos precisam passar
por um amplo debate, até porque envolve financiamento e subsídios
públicos, num setor concentrado e com tendência a ser monopolista,
pois demanda muitos recursos. Dessa maneira, o diálogo é
imprescindível para referendar um novo marco regulatório para os
portos brasileiros.
As três federações representantes dos trabalhadores de
todo o Brasil estão mobilizadas e em estado de greve. A nossa luta
é pela defesa do porto público e do trabalho portuário
decente. Não aceitaremos que o governo derrube as emendas e
aprove a MP sem acatar o debate e atender as reivindicações das
categorias atuantes no setor".
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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