Leia abaixo
artigo do presidente da CUT Nacional, Artur Henrique, sobre as
especulações da grande imprensa e dos patrões sobre a inflação e os
aumentos salariais:
As análises
conservadoras realizadas pelo mercado financeiro e divulgadas pelos
meios de comunicação vêm destacando os salários e seus aumentos
reais como vilões da inflação. Todas essas análises pretendem deter
as possibilidades de a recente melhora na distribuição de renda
continuar se dando pelo aumento da massa
salarial.
Há pouco
tempo, a obsessão dos conservadores se concentrava no aumento da
taxa básica de juros como instrumento para deter a inflação. Com o
recente relevo dado aos salários, a questão dos juros cede um pouco
seu espaço, mas no fundo o caminho apontado por ambas as análises é
igual. O controle da inflação deveria se dar, segundo essas visões,
pelo aperto sobre os assalariados e trabalhadores como um todo, sem
pedir sacrifícios principalmente para o setor
financeiro.
Esse conceito
de que a inflação deve ser combatida cortando-se as conquistas
salariais pode ocorrer de forma sutil, como a manchete da Folha
de S. Paulo do último domingo: “Inflação terá pico durante
disputa salarial”. O texto em nenhum momento ousa pregar claramente
que os aumentos salariais de 2011 precisam ser menores do que os do
ano passado, porém insinua que “quanto maior for o sucesso das
campanhas salariais, mais difícil será o esperado retorno dos
índices de inflação aos patamares desejados a partir do fim deste
ano”. Como se se tratasse de fenômeno natural, acima das vontades e
das disputas políticas.
Outros podem
ser mais explícitos, como o ex-ministro Mailson da Nóbrega em
artigo publicado em abril na revista “Veja”. No final do texto, ele
exorta o governo a “rever a política suicida de valorização do
mínimo”. Em parágrafos anteriores do mesmo artigo, o ex-ministro
especialista em inflação havia escrito que aumento real de salário
deve vir acompanhado de aumentos de produtividade. Conclui-se,
portanto, que ele não considera a defasagem do salário mínimo em
relação aos grandes ganhos de produtividade observados no País
desde a década de 1990, diferença que a atual política de
valorização do salário mínimo só ajudou a amenizar. Há outras
subjetividades no texto, mas aqui o que nos importa é a questão da
inflação versus salário.
O que queremos
dizer em primeiro lugar, para nos contrapor a esse ataque
concentrado aos salários, é de que é um absurdo tentar esconder que
há outros fatores que pressionam fortemente a inflação, mas que
jamais são citados por essas análises
conservadoras.
Lucro causa
inflação. Distribuição de dividendos também pressiona a inflação. O
fato de a estrutura tributária ser regressiva, punindo quem ganha
menos, também causa inflação, pois os impostos incidem
majoritariamente sobre o consumo e são repassados diretamente aos
preços. A existência de setores oligopolizados, especialmente na
indústria, faz com que a ausência de concorrência facilite o
repasse para os preços de qualquer aumento nos custos. Os
oligopólios também têm mais facilidade para aumentar margem de
lucros. Não podemos esquecer também das tarifas públicas, muitas
regidas por contratos indexados, que ajudam a ampliar os custos da
produção e a pressionar a inflação.
Querer tratar
da questão inflacionária, e principalmente combatê-la, sem
considerar essas variáveis é falso e
mal-intencionado.
Ainda assim,
se considerarmos apenas a variável salário, podemos dizer com
certeza que o debate que se dá neste momento através das análises
conservadoras é absolutamente questionável. Segundo o Sistema de
Contas Nacionais do IBGE, o consumo das famílias, em relação ao
PIB, caiu entre 2009 e 2010, de 61,7% para
60,6%.
Esse dado
sinaliza que o consumo das famílias tem permanecido estável em
relação ao crescimento do PIB – e até caiu de 2009 para 2010. O
alarde em torno de uma explosão do consumo e de uma inflação de
demanda é, então, falso. O “excesso” salarial é uma
ficção.
Já sobre o
comparativo entre produtividade e aumento de salários, é importante
lembrar que, a partir da década de 1990, quando tiveram início
aumentos sucessivos de produtividade no Brasil, somente a partir de
2004 os salários apresentaram alguma trajetória de elevação.
Portanto, a elevação salarial chegou com mais de 10 anos de atraso,
deixando atrás de si um grande acumulado de aumento de
produtividade.
Como
resultado, no período de quase 20 anos entre 1989 e 2008, a
produtividade da indústria aumentou 84%, enquanto no mesmo espaço
de tempo a renda média dos salários caiu 37
pontos.
Outro
argumento que usamos para refutar essa tentativa em curso de
impedir aumentos reais de salários neste ano é, apesar de óbvio,
normalmente “esquecido” pelos conservadores. Os aumentos de salário
são sempre conquistados a partir da inflação acumulada nos 12 meses
anteriores, ou seja, não são estipulados a partir de expectativa de
índices futuros.
Voltaremos ao
assunto.
Artur Henrique é presidente nacional da
CUT
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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