Revista do Brasil mostra o caos do metrô da maior cidade da América Latina

A culpa é do governo demotucano que prometeu construir 300 Km, mas em 16 anos só fez 21,6 Km.

Publicação: 11/02/2011

A Revista do Brasil, edição 56 de fevereiro, traz uma grande reportagem sobre o caos diário dos usuários que utilizam o metrô da cidade de SP -- considerada a maior metrópole da América Latina. A reportagem, assinada por Marina Amaral, mostra que gasta-se em média três horas para ir ao trabalho ou à escola e para voltar para casa na Grande São Paulo, onde vivem 19 milhões de habitantes. “O número de passageiros por metro quadrado nas Linhas 1 (Azul) e 3 (Vermelha), responsáveis por 80% das viagens, já supera o das linhas mais lotadas da CPTM (com até 8,4 por metro quadrado) nos horários de pico: na linha vermelha a lotação chega a 9,8. Na hora do rush, o tempo das viagens é triplicado por paradas e velocidade reduzida”, conta a reportagem.

Inoperância
A ineficiência e a falta de uma política de transporte têm provocado este caos no metrô de SP. Os governos de Geraldo Alckmin/Serra (PSDB-DEM) não investiram nos últimos 16 anos na extensão de novas linhas de metrô. Para você ter uma ideia, o Serra/Alckmin prometeram em suas campanhas eleitorais construir 300 km de linhas de metrô. Sabe quanto eles fizeram até hoje? De 1995 a 2010 foram apenas 21,6 km, ou uma média de 1,4 km por ano.
Além de ruim, o metrô de SP custou caro aos cofres públicos – vale destacar que tais recursos foram arrecadados com o dinheiro dos 40 milhões de habitantes do Estado de São Paulo. Segundo informações da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, o metrô de São Paulo custou R$ 400 milhões/km (aproximadamente US$ 220 milhões/km), já no de Madri, foram gastos US$ 42 milhões/km, ou seja, cinco vezes menos do que em São Paulo.

Gestão Duvidosa
Segundo Ministério Público, contratos suspeitos celebrados entre o Metrô e o governo paulista somam R$ 1,37 bilhão. Segundo a reportagem da RB, o primeiro inquérito do MP sobre a Alstom foi aberto em maio de 2008, depois que o jornal Wall Street Jornal revelou que a multinacional francesa era investigada na Suíça e na França por suposto pagamento de propina a agentes públicos do Brasil, da Venezuela e de Cingapura . A justiça Suíça tinha documentos que comprovam pagamentos de U$$ 6,8 milhões de propina em um dos contratos suspeitos, justamente o da Alstom para fornecer equipamentos ao Metrô e à Eletropaulo.
Quem mais coloca dinheiro no negócio é o contribuinte paulista . Até o momento, a Companhia do Metrô investiu R$ 2,4 bilhões dos R$ 3,8 bilhões previstos para por a primeira fase das novas obras do metrô em operação até o final deste ano, com seis estações entre Butantã e Luz -- a obra completa prevê 11 estações até 2014.

Descaso
Em 12 de janeiro de 2007, pouco depois de Serra assumir o governo do Estado, a escavação de um túnel na estação Pinheiros, da linha Amarela, provocou um desabamento.A cratera aberta sugou uma van com motorista e passageiros. Sete pessoas morreram e mais de 200 foram desalojadas.Tocada pelo consórcio Via Amarela – Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e Alstom, a obra deveria ter sido fiscalizada pelo Metrô. Mas isso não ocorreu, segundo os promotores que moveram na justiça uma ação criminal e outra civil. Se condenados os 14 réus da ação civil que inclui as construtoras e o presidente do Metrô na época, o engenheiro Luiz Frayse, terão de indenizar em R$ 240 milhões as famílias das vítimas e o Estado. Além disso, serão proibidas de assinar contratos com o poder público por cinco anos.

Viviane Barbosa, editora do Portal da CNTT-CUT com informações da RB

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