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O governador João Doria (PSDB) vetou a concessão de um auxílio emergencial a mulheres cis e trans vítimas da violência doméstica em São Paulo. A medida era prevista no Projeto de Lei (PL) 350/2020, aprovado há quase um mês pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A proposta autorizava o pagamento de, no mínimo, R$ 300 às vítimas da violência de gênero.
O auxílio seria destinado a mulheres de baixa renda e já beneficiadas por medida protetiva, ou mesmo com o registro do Boletim de Ocorrência. Na proposta original, o valor chegou a ser de R$ 600, mas o acordo discutido para conseguir a aprovação fechou o auxílio em R$ 300. O objetivo era “incentivar a denúncia, mas dar condições mínimas para isso às mulheres”, como destacou o deputado estadual Marcio Nakashima (PDT) à época, quando o proposta foi apresentada.
Na justificativa do veto, o governador, no entanto, considerou como suficiente o serviço de denúncia on-line, que permite o registro do BO, disponibilizado pelas Delegacias de Defesa da Mulher. Além de outros canais e programa estaduais de contato com as vítimas da violência doméstica. A concessão do auxílio, segundo Doria, contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Violência contra mulheres só cresce
Pelas redes sociais, a deputada estadual Beth Sahão (PT) contestou
o veto, lembrando que as mulheres que poderiam ser beneficiadas não
têm para onde ir e estão em risco, inclusive, de serem mortas pelos
agressores. “Temos observado o crescimento do feminicídio nesse
estado. Um crescimento importante, infelizmente, nessa época de
isolamento social”, disse a deputada. “A ideia era conceder esse
‘aluguel social’ às mulheres para que elas possam sair das
suas casas. E assim terem o mínimo de condição de sobrevivência e
dignidade. E o governador vetou.”
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de mulheres assassinadas aumentou 41,4% no estado entre os meses de março e abril de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado. No Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi) o número de atendimentos às vítimas da violência doméstica, em maio, também cresceu 70% em relação a maio de 2019.
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Outros vetos
O PL 350/2020 dispõe de uma série de medidas emergenciais de
combate aos efeitos negativos do coronavírus. Apelidado de
“pacote”, a proposta reúne ações sobre diversas áreas, como saúde,
segurança e educação. Mas só foi aprovado pela Alesp depois de três
meses do início da pandemia, em 16 de junho.
Quase um mês depois, o governador aprovou o PL parcialmente, com outros vetos além do auxílio às mulheres vítimas da violência. Entre eles o que pedia maior transparência do Estado na alocação dos recursos enviados pelo governo federal.
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