São Paulo: Metroviários param no dia 1º de julho contra ataques de Dória aos direitos

Em plena pandemia de COVID-19, o governo estadual mantém intransigência nas negociações data-base e ameaça cortar salários e reduzir benefícios que exerce atividade essencial.

Por: Viviane Barbosa, da Redação da CNTTL
Publicação: 26/06/2020
Imagem de São Paulo: Metroviários param no dia 1º de julho contra ataques de Dória aos direitos

votação online da categoria metroviária

Os metroviários decidiram em assembleias virtuais, realizadas nos dias 24 e 25 de junho, entrar em greve no dia 1º de julho, próxima quarta-feira. A decisão é uma resposta ao governador João Dória (PSDB) e ao Metrô de São Paulo para que desistam da tentativa de retirar vários direitos da categoria e ainda de propor cortes de salários ainda no mês de junho.   

A paralisação foi aprovada por  90,42% do total de participantes da assembleia online, realizada pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que reuniu 2.505 pessoas.

"Agora em plena pandemia, mesmo sendo o setor de transporte o segundo mais exposto à contaminação com Covid-19, perdendo apenas pro setor de saúde, o governo do estado e a direção da empresa querem acabar com nosso acordo coletivo. Está implantando a partir deste mês e com previsão de concluir a retirada de 18 itens do ACT e redução de outros 11 itens, em caráter permanente", disse ao Portal da CNTTL, Alex Santana Vieira, diretor da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários).

Campanha Salarial

O clima entre o Sindicato e o governo Dória ficou tenso após o Metrô ter agendado uma reunião de negociação da Campanha Salarial, no dia 22 de junho. Segundo o Sindicato, esse encontro foi uma imposição da empresa, demonstrando a intransigência do Metrô, que só quer discutir apenas suas propostas.

“Nós reivindicamos que as reuniões só deveriam começar após o final da pandemia. O Metrô quer se aproveitar da crise do  coronavírus para arrancar vários direitos dos metroviários, conquistados após muitos anos. É um enorme desrespeito da empresa”, destaca nota da entidade.

O Sindicato denuncia que a folha de pagamento já foi processada com a diminuição e retirada de vários direitos.

Para a CNTTL, essa atitude do governador João Dória e do Metrô é desumana e um desrespeito à categoria metroviária que presta um serviço essencial à população e diariamente está arriscando suas vidas diante da pandemia de COVID-19, inclusive, há casos de falecimentos de companheiros e adoecimentos. (veja abaixo)

Veja abaixo alguns dos ataques à categoria metroviária:

-Nenhum reajuste para salários e benefícios
– Redução das horas extras de 100% para 50%
– Fim do Adicional de Risco de Vida para OTMs das bilheterias e ASMs
– Gratificação de férias cai para 1/3 do salário (a partir de maio)
– Redução do Adicional Noturno de 50% para 20%
– Diminuição da contribuição da empresa para o Metrus de 84% pra 70% e aumento do desconto máximo pago pelos trabalhadores de 14,69% para 20% sobre salário-base
– Gratificação por tempo de serviço: manutenção do pagamento apenas quem completou 5 anos até 30/4/2020. Para os funcionários que já recebem, o percentual ficará congelado na base de 30/4/2020 (a partir de maio)
– Fim do auxílio-transporte, da complementação salarial para afastados por auxílio-doença e acidente do trabalho;

 

Contaminação COVID-19
Um levantamento realizado pela Fenametro  mostra que até o dia 19 de junho  608 metroviários foram contaminados pelo novo coronavírus (COVID-19) no país. Na base da entidade, o estado de São Paulo lidera com o afastamento de 282 trabalhadores contaminados pela Covid-19.

O Sindicato dos Metroviários apresentou no início da pandemia em São Paulo a adoção de medidas para conter o avanço da doença entre os trabalhadores, mas o governo Dória se recusa a dialogar, dizendo que as medidas já são tomadas com o departamento médico.

Celso Borba, presidente da Fenametro,  destacou na Modal-LIVE da CNTTL, realizada no dia 4 de junho, a preocupação dos sindicatos metroviários com a saúde do trabalhador diante dessa pandemia. “Todos os sindicatos da nossa base, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Piauí e Brasília, só ganharam os EPIs depois que entraram na Justiça. Nenhuma empresa quis negociar esse direito com os sindicatos", alertou.

O sindicalista também denunciou que há alguns governos estaduais que estão convocando os trabalhadores acima de 60 anos, do grupo de risco, para retornarem ao trabalho e que os sindicatos têm atuado judicialmente para barrar o retorno.

Confira o levantamento (até 19/6):

POA - 2 casos confirmados;
BH - 2 confirmados;
DF - 33 confirmados;
SP - 123 confirmados + 76 suspeitos e 83 afastados por contato (1 morte de metroviário na ativa e 4 que já estavam afastados) - 12 terceirizados confirmados e 12 suspeitos;
RJ - 27 confirmados e 3 suspeitos;
PI - 0 Metrô fechado
PE - 21 confirmados, 136 suspeitos e 64 afastados por contato (4 Óbitos);
RN - 4 confirmados.
CE - fechado e Alagoas foi reaberto. Sem informações de Salvador e Paraíba.

Total geral 608 metroviários


Obs:
Números com Subnotificação
BH - tinha Lockdown até 24/05 e metrô apenas horário de pico, posteriormente abriu  comércio e horário ampliado de 05:40h às 20:15h.
PE - Horário Reduzido mas no horário de Pico os trens estão andando lotados.
POA - as vendas de bilhetes foram retomadas e o funcionamento está sendo até às 22h
- Aeromóvel (metro x aeroporto) fechada
- Trens acoplados/viagem,mas vazia
- Afastamento dos +60 anos e grupo risco início março e obrigados a retornar em 05/05, sindicato está ganhando afastamento na justiça individualmente.

RN - funciona em horário de pico de segunda a sábado com escala de revezamento na oficina. Estação e Adm funcionam 2h de manhã e 2h no período da tarde.
 



Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran

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