Roberto Parizotti
Enquanto a maioria do Congresso Nacional se vende ao ilegítimo
Michel Temer e entrega de bandeja direitos trabalhistas, a CUT e
parceiros do movimento sindical denunciam em órgãos internacionais
a violação a direitos humanos que a Reforma Trabalhista
representa.
Em resposta a uma solicitação da CUT, Nova Central e União Geral
dos Trabalhadores (UGT), a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) promove no dia
23 de outubro, em Montevidéu (Uruguai), às 14h30 (horário local)
uma audiência pública sobre a reforma trabalhista e a terceirização
sem limites aprovadas no Congresso.
A audiência contará com representantes da Comissão, das centrais e
do governo denunciado. O caso afeta a imagem do Brasil, que pode
vir a ser investigado pela Assembleia da OEA e até mesmo processado
perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Em petição enviada ao órgão, as centrais apontam que o Estado
brasileiro está implementando alterações sociais profundas de forma
acelerada e sem um debate social mais amplo.
Secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT, Jandyra
Uehara, aponta que a aceitação da denúncia é mais uma frente de
lutas contra a reforma.
“Nós defendemos a concepção de direitos humanos que envolve também
direitos econômicos, sociais e ambientais, além das liberdades
individuais. Tudo que integra a vida do ser humana. Ao acatar essa
denúncia, a Comissão Interamericana entende também que procede
nossa denúncia de que a Reforma Trabalhista pode violar direitos
humanos e não apenas direitos trabalhistas”, falou.
Para o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio
Lisboa, o avanço da reforma é uma preocupação para todas as
organizações que zelam pelo trabalho decente.
“A Reforma Trabalhista e a Terceirização representam um brutal
ataque aos Direitos Humanos e o desrespeito de diversas normas da
Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Organização
Internacional do Trabalho (OIT). A aprovação da Reforma Trabalhista
e da Terceirização fez o Brasil regredir séculos em termos de
relações de trabalho decente e de garantia aos Direitos Humanos e
se não for freado, pode se tornar uma referência negativa para o
mundo", alertou.
Desrespeito internacional
O documento das centrais ressalta que a reforma válida no país a
partir de novembro deste ano altera a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) em mais de 100 pontos e institucionaliza a
precarização do trabalho, como no caso do autônomo exclusivo
contratado por hora, sem salário mensal.
A reforma também contrataria convenções e tratados internacionais
ao permitir que o negociado prevaleça sobre o legislado e ainda
abre as portas para que as grávidas e lactantes trabalhem em locais
insalubres.
As centrais lembram ainda que entre as principais categorias
prejudicas está a das domésticas, somente recentemente reconhecidas
como sujeitas de direitos, e que voltarão à condição de
subempregadas, contratadas como autônomas e com direitos
negados.
O material destaca ainda que a justifica do governo ilegítimo de
Temer sobre a terceirização irrestrita estimular novas contratações
não se justificou em país algum. Ao contrário, estudos da própria
OIT, do Fundo Monetário Internacional e do Fórum Econômico Mundial
alertam para riscos inerentes às novas formas precárias de
trabalho, como queda drástica da renda, consumo, aumento da
desigualdade social, evasão fiscal e aumento dos déficits
previdenciários. Fatores associados ao crescimento da pobreza e da
criminalidade.
Questões também levantadas pelo Conselho Nacional de Direitos
Humanos. “O PLC 30/2015 (terceirização da atividade fim), o PLS
218/2016 (jornada intermitente) e o PL 1.572/2011 (anteprojeto de
lei do Código Comercial) constituem um conjunto de medidas
que representam atroz retrocesso social, pois ferem os
direitos humanos dos trabalhadores brasileiros, retirando e/ou
enfraquecendo inúmeros direitos fundamentais trabalhistas previstos
em nossa Carta Magna e em diversos Tratados e Convenções
Internacionais dos quais o Brasil é signatário”, aponta resolução
do órgão.
Jandyra lembra ainda que a CUT está em um processo de
coleta de assinaturas para a entrega de um projeto de
lei de iniciativa popular que revoga e Reforma Trabalhista e
acredita que a posição da OEA, aliada à posição da OIT (Organização
Internacional do Trabalho), que já condenou as
reformas, amplia a capacidade de mobilização.
“É mais um ponto de apoio contra a implantação da Reforma
Trabalhista, não é porque foi aprovada que a luta acabou, muito
pelo contrário, estamos lutando agora pela revogação e a Comissão
Interamericana ter acatado as denúncias fortalece nossa luta”,
defende.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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