Fotos: Beto Barata/PR, Valter Campanato/Agência Brasil, Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC, Lula Marques/AGPT e Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados (Montagem/Fórum)
A Polícia Federal enviou a Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda (11) o relatório do inquérito em que apura suposta organização criminosa formada por membros da alta cúpula do PMDB. Segundo concluiu, o presidente Michel Temer tinha poder de comando no chamado “quadrilhão do PMDB” e recebeu R$ 31,5 milhões por participar do grupo que atuava dentro da Petrobrás e da administração federal.
“Ao lado de Eduardo Cunha, os elementos analisados nos autos demonstram que o presidente Michel Temer possui poder de decisão nas ações do grupo do ‘PMDB da Câmara’, tanto para indicações em cargos estratégicos quanto na articulação com empresários beneficiados nos esquemas, para recebimento de valores, sob justificativa de doações eleitorais”, afirma o relatório da PF.
Este relatório se junta aos depoimentos, já homologados, da delação de Lúcio Funaro e servirão para embasar a segunda denúncia contra Temer a ser apresentada por Rodrigo Janot, em seus últimos dias como procurador-geral da República.
Outros alvos deste inquérito, que investiga o PMDB, são os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, que atualmente integram, respectivamente, a Casa Civil e a Secretaria-Geral no Governo Temer. Estão envolvidos também, os ex-deputados Eduardo Cunha (RJ), Geddel Vieira Lima (BA) e Henrique Alves (AL), já presos em outras investigações.
“E, como em toda organização criminosa, com divisão de tarefas, o presidente Michel Temer se utiliza de terceiros para executar ações sob seu controle e gerenciamento. Assim, podemos identificar nos autos diversas situações em que utiliza de Moreira Franco e Eliseu Padilha e mesmo de Geddel Vieira [Lima] como longa manus, e seus prepostos, a exemplo da captação de recursos da Odebrecht e OAS (concessão dos aeroportos)”, aponta a Polícia Federal.
Neste inquérito, a Polícia Federal voltou ao episódio da mala, envolvendo Michel Temer e Rocha Loures. “De forma consistente, foi apontado como uma das figuras centrais beneficiadas em pagamentos pelo grupo JBS, inclusive com possível recebimento de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), por intermédio do ex-deputado Federal e ex-assessor Rodrigo da Rocha Loures, acompanhado em ação controlada executada pela Polícia Federal, um dos pontos de destaque da ‘operação Patmos”, afirma.
Ainda foi listada uma série de pagamentos recebidos por Temer: “R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) pagos para Rocha Loures (Operação Patmos), R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) em doações pelo Grupo Odebrecht. Há ainda notícia de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais) referente ao PAC SMS da Odebrecht. Soma-se ainda notícia de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) supostamente pago ao coronel [João Baptista] Lima, pelo Grupo J&F Investimentos.”
“Ainda houve circulação de valores decorrentes de esquemas ilícitos que foram pagos ‘a pedido’ de Michel Temer, como os R$ 5.460.000,00 (cinco milhões quatrocentos e sessenta mil reais) empregados na campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura da cidade de São Paulo/SP, o qual era apadrinhado político do Presidente Michel Temer. Por fim, há que se considerar as doações oficiais e em ‘caixa 2’ realizadas em favor da campanha do seu também apadrinhado político, Paulo Skaf, para Governador do Estado de São Paulo nas eleições de 2014”, conclui.
Por meio de sua assessoria, Michel Temer negou que tenha feito parte de qualquer quadrilha nem integra qualquer “estrutura com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagens indevidas em órgãos da administração pública”.
*com informações da Folha
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