Secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa durante encontro (Foto: divulgação)
Durante abertura do fórum das centrais sindicais dos países que
integram o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), na
China, a CUT denunciou que a aprovação das reformas propostas pelo
governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB) desrespeita os Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações
Unidas.
O compromisso é uma das agendas assumidas pelo bloco e, conforme
destacou o secretário de Relações Internacionais da Central,
Antônio Lisboa, o projeto de Temer contraria pontos fundamentais da
agenda.
“Nos últimos meses, o governo brasileiro aprovou emenda
constitucional que proíbe por 20 anos investimentos nos
serviços de educação, saúde e assistência social. Essa emenda
atinge fortemente o cumprimento dos objetivos um (redução das
desigualdades), dois (erradicação da fome), três (saúde e bem
estar) e quatro (educação de qualidade)”, afirmou.
O dirigente tratou ainda da relação entre a Reforma Trabalhista e
os retrocessos sociais. “Recentemente, o parlamento brasileiro
aprovou uma profunda reforma na legislação trabalhista brasileira
que faz retroceder em pelo menos 100 anos as relações de trabalho
no Brasil e atinge de morte o objetivo oito da mesma agenda 2030,
aquele que trata de trabalho decente e crescimento econômico",
acrescentou
Reação do fórum
Para Lisboa, o Fórum Sindical do Brics deve se posicionar
oficialmente contra medidas adotadas por governos que contrariam os
princípios norteadores do bloco. O encontro deve divulgar em
breve uma declaração conjunta das centrais para a reunião
de ministros do Trabalho do Brics, que também se encontrarão na
China, e que deve servir como parâmetro de enfrentamento da
classe trabalhadora aos retrocessos.
“Se o Brasil, um dos membros do BRICS, aprova leis que na prática
são contrárias aos objetivos da Agenda 2030, é um desafio pra nós,
do Fórum Sindical, trabalhar fortemente e de forma unitária para
que o país reveja suas políticas de ataque aos objetivos do
desenvolvimento sustentável”, cobrou.
Para o secretário, o mundo vivencia um retorno ao modelo neoliberal
que concentra a riqueza na mão de poucos, aumenta as
desigualdades e a pobreza e dificulta o multilateralismo, com
ameaças à paz mundial.
Sentimento que também ficou explícito no "Fórum Político de Alto
Nível sobre o Desenvolvimento Sustentável”, do qual a CUT
participou e que deixou clara a piora dos indicativos em diversos
dos objetivos da Agenda 2030.
Segundo ele, o movimento sindical é crucial para rever o modelo
excludente. “A implementação de novas e alternativas políticas
macroeconômicas e industriais são determinantes para uma mudança
que gere empregos de qualidade, com respeito ao meio ambiente, a
implementação de sistemas justos de tributação e o combate à evasão
fiscal. Esses são desafios a serem enfrentados pelos Brics e,
para tanto, os sindicatos devem ter papel fundamental na
implementação dessas políticas.”
O sexto encontro do Fórum das Centrais Sindicais do Brics, criado
em 2012, reúne líderes de 14 sindicatos dos países do bloco que
representa mais de 40% da população mundial, um terço do PIB global
e 17% do comércio do mundo. O fórum começou na segunda (24) e segue
até a quinta-feira (27).
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