Roberto Parizotti
A aprovação da Reforma Trabalhista pelo Senado sem destaques,
conforme desejava o ilegítimo Michel Temer (PMDB), mostra que, além
de servir aos patrões, o golpe tinha como objetivo colocar a faca
no pescoço das centrais sindicais para diminuir a combatividade na
proteção dos direitos da classe trabalhadora.
De acordo com a mídia conservadora, Temer prometeu a dirigentes de
pelo menos duas centrais que, após a aprovação da reforma que
acabou com o Imposto Sindical, mandaria uma Medida Provisória
criando uma contribuição para garantir o financiamento das centrais
sindicais.
A CUT não participou dessa negociação e também não atenderá à
convocação do ministro do Trabalho para uma reunião com o governo
nesta quarta-feira (19) para discutir o tema porque não faz
qualquer negociata em troca dos direitos da classe
trabalhadora.
“Não participaremos de nenhuma negociação porque, obviamente, não
negociamos uma reforma nefasta como essa para manter um imposto que
combatemos desde nossa fundação, em 1984”, disse o presidente da
CUT, Vagner Freitas.
Apesar de historicamente ser contra o imposto, a CUT não concorda
em discutir o fim da cobrança desta forma, muito menos com um
governo ilegítimo e sem qualquer respaldo popular.
“O que Temer e os empresários querem fazer é enfraquecer o
movimento sindical, alegando que ele existe só com por causa dos
recursos públicos e que sindicato não é importante para a vida do
trabalhador. Duas afirmações mentirosas. Primeiro não é verdade que
os recursos são públicos, são dos trabalhadores. Segundo, sem
sindicatos os trabalhadores ficarão à mercê dos patrões e dos seus
prepostos do RH, especialmente após a aprovação da nefasta reforma
trabalhista que, entre outras desgraças, prevê que os trabalhadores
podem negociar sozinhos, sem apoio do sindicato da categoria,
demissões e férias, entre outros itens”, argumentou
Vagner.
Esse imposto tem de acabar, mas não nesse governo, diz o presidente
da CUT. Para ele, esse imposto não ajuda na renovação nem na
construção de um sindicalismo mais independente, mas para discutir
o tema é preciso eleger democraticamente um presidente da
República, renovar o Congresso Nacional e debater o tema com a
sociedade.
“Nós defendemos a substituição do imposto por uma contribuição
negocial, aprovada pelos trabalhadores em assembleia, com piso e
teto definidos e que, para existir, tenha transparência nas contas,
com realização de assembleias de prestação de contas, previsão
orçamentária e que os trabalhadores tenham acesso total as contas
da entidade, mas isso não pode ser parte do golpe de Estado que
destituiu uma presidenta legitimamente eleita, argumenta.
“A CUT pode sobreviver sem a cobrança do Imposto Sindical, mas
precisamos resgatar a democracia legítima, implementar canais
verdadeiros de negociação entre trabalhadores e empresários”,
conclui Vagner.
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