Foto: Ricardo Stuckert
Lula deu um recado na quinta-feira (13), em coletiva na sede do
Partido dos Trabalhadores em São Paulo, para aqueles que querem seu
fim político. "Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Me
esperem, porque somente quem tem o direito de decretar o meu fim é
o povo brasileiro", afirmou. "Se alguém pensa que, com essa
sentença, me tiraram do jogo, eu tô no jogo."
"Eu não sei como alguém consegue escrever trezentas páginas para
não dizer absolutamente nada de provas contra o cidadão que ele
quer condenar". O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que
esperou até ter conhecimento da sentença para se pronunciar sobre a
decisão de Moro no processo do triplex do Guarujá. Lula agradeceu a
todos que participaram de sua defesa e disse ter certeza de que a
verdade neste caso será reestabelecida. "Não é possível acreditar
no estado democrático de direito sem acreditar na Justiça. E eu
acredito na Justiça. E a única prova que tem nesse processo é a
prova da minha inocência".
O ex-presidente fez questão de deixar claro que tem muito respeito
pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Tanto que deixou
essas instituições muito mais fortes do que eram quando ele
assumiu. Mas explicitou sua crítica contra os policiais federais e
promotores da equipe da Lava Jato.
Continuação do golpe
"Eu sempre tive consciência de que eles precisavam da minha
condenação para completar o golpe. Se o Lula pudesse ser candidato,
o golpe não fechava. Qual a razão de dar o golpe contra um partido
e dois ano depois deixar esse partido voltar ao poder?
Eles estavam realmente condenados a me condenar. Depois de tudo o
que fizeram, não tinham como voltar atrás. Só no Jornal Nacional
foram 20 horas."
Lula desafiou a imprensa, que falou ontem muito em provas, mas não mostrou nenhuma, a apresentar uma prova qualquer. "Eu queria que os donos dos meios de comunicação fizessem um esforço incomensurável para apresentar uma prova qualquer. Porque o que eles apresentam como prova é um papel rasurado que ninguém assinou e a delação de uma pessoa por quem eu tinha grande respeito, o Leo Pinheiro, que mudou de opinião de um dia pro outro. Quando meu advogado perguntou o motivo, ele disse: `porque recebi nova orientação do meu advogado`."
Mentira premiada
O ex-presidente citou o caso do ex executivo da OAS Leo Pinheiro, que depois de negar várias vezes qualquer participação de Lula, foi condenado a 23 anos de prisão e via, na TV Globo, a vida boa dos delatores que foram soltos e ainda puderam ficar com parte do dinheiro roubado. "Ora, o Leo Pinheiro pensa: por que não vou delatar? Esse Lula não é meu parente nem nada. Por que vou ficar na cadeia por causa dele?".
Animado
O ex-presidente se mostrou decidido a lutar para que a verdade prevaleça neste caso. "Na medida em que nenhuma verdade era aceita e que todas medidas valiam, eles não precisavam de provas. Era a teoria do domínio do fato baseada no "contexto", palavra que Moro gostava tanto de usar. O Moro não precisa prestar contas pra mim, é pra história. Porque a história vai mostrar quem mentiu."
Lula reivindica candidatura junto ao PT
"Até agora eu não tinha reivindicado, mas eu quero reivindicar ao PT o direito de me postular a candidato na próxima eleição presidencial. Eu não sei se isso é para o bem ou para o mal, mas você vai ter um candidato com um problema jurídico que vai ter de fazer duas brigas: na justiça e dentro do PT para ter o apoio do partido."
Fazer o Brasil grande de novo
"Eu gostaria de estar hoje no auditório principal do meu partido discutindo a situação econômica do país, a crise, o golpe dentro do golpe que eles estão dando. Se eles estão destruindo os direitos trabalhistas, o emprego e a economia porque eles não sabem como fazer, eu quero dizer: senhores da casa grande, deixe alguém da senzala fazer o que vocês não têm competência pra fazer".
Eleição de 2018 sem Lula é fraude
A senadora paranaense Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e
Wagner Freitas, presidente da CUT, falaram antes do ex-presidente e
disseram que "uma eleição de 2018 sem o presidente Lula é uma
fraude".
Cristiano Martins, advogado de Lula reiterou sua indignação por uma
sentença que não somente condena sem provas, como também ignora
provas de inocência que foram apresentadas pela defesa. "O
ex-presidente não praticou qualquer um dos atos delituosos que
foram afirmados na denúncia". Disse ainda que a condenação é
completamente ilegítima, porque desrespeita as leis e desrespeita a
constituição.
Coletiva dos advogados
Os advogados de Lula só tomaram conhecimento da sentença às 15h40 na quarta-feira, pois estavam em audiência com o próprio juiz Sérgio Moro em Curitiba. Na noite do mesmo dia, os advogados Cristiano Martins e Valeska Teixeira concederam uma coletiva de imprensa na qual repetiram que o juiz paranaense ignorou provas "irrespondíveis" da inocência de Lula e decidiu por uma condenação sem base em provas, apenas no depoimento do co-réu Leo Pinheiro e de hipóteses e argumentos da acusação
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