Roberto Parizotti
Cerca de 20 mil pessoas enfrentaram a forte chuva na Avenida Paulista, em São Paulo, para pedir: ‘Diretas Já’.
Por todo o Brasil, ocorreram atos organizados pelas entidades
que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, entre elas a
CUT. As mobilizações surgiram após delações dos executivos da JBS
divulgadas nesta semana que colocam o ilegítimo Michel Temer (PMDB)
no centro de um milionário esquema de corrupção.
O presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas lembrou que a Globo
está repetindo o que fez com o ex-presidente Fernando Collor ao
tentar derrubar quem colocou no poder. Mas, novamente, não se trata
de nenhum compromisso com os interesses nacionais. "Querem tirar
Temer porque ele não consegue entregar o produto, fazer as reformas
(da Previdência e Trabalhista). Mas querem tirar um golpista pra
colocar outro", afirmou.
Vagner reforçou que os movimentos não aceitarão 'gambiarras' ou
qualquer saída que não seja a saída de Temer e eleições diretas.
Falou da mobilização para o dia 24, quando centrais sindicais e
movimentos sociais estarão em Brasília pedindo eleições diretas com
votação do povo – e não eleição indireta, com a decisão nas mãos do
Congresso, como querem a velha mídia e a parte conservadora dos
parlamentares –, além do fim das reformas Trabalhista e
Previdenciária que atacam a classe trabalhadora.
“Vamos ocupar Brasília e não nos venham com propostas golpistas.
Eles querem entregar o pacote das reformas, nós queremos uma
Constituinte. O povo não pode ser relegado a segundo plano. O
povo tem direito de votar e não vamos aceitar que nossos direitos
sejam retirados”, disse.
Fora quem vier sem eleição direta
Presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, apontou que as mobilizações
deste domingo são apenas o princípio de uma luta para a retomada da
democracia. “Mesmo debaixo de chuva, o povo permaneceu até o final.
Esse é só o começo da luta. Permaneceremos nas ruas até
conseguirmos derrubar este governo golpista e a CUT-SP estará junto
na ocupação de Brasília.”
Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto), falou que uma eleição indireta irá colocar no poder
outro presidente ilegítimo. “Hoje estamos gritando ‘Fora Temer’,
mas se colocarem o Rodrigo Maia (presidente da Câmara) vamos gritar
‘Fora Maia’, e se entrar Cármen Lúcia (presidenta do STF), a mesma
coisa.”.
Dirigente nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Teto), João Paulo, apontou que os próximos dias serão fundamentais
para colocar fim ao governo golpista. "Essa semana é decisiva para
nós porque além de lutas por diretas, temos que apresentar
alternativa pra classe trabalhadora que não aguenta mais conviver
com governo golpista de reformas. Por isso é extremamente
importante ocupar Brasília dia 24".
Liderança da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, alertou que a
direita pode estar dividida no método, mas tem unidade no objetivo.
"A direita e o grande capital estão divididos: uns querer Temer pra
acabar com diretos trabalhar e a Previdência, outros querem
eleições indiretas para acabar com a Previdência e os direitos
trabalhistas”.
Para o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) e da
Frente Brasil Popular SP, Raimundo Bonfim, o Brasil assiste a uma
das crises da maior gravidade. “É um quadrilha golpista no poder
enquanto Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara) ganha sua mesada.
Eles argumentam que não podem alterar a Constituição Federal,
mas desrespeitando as leis foi que eles deram um golpe. Não
permitiremos que o golpe continue”, apontou.
Pedidos de impeachment
Desde que o caso de Temer veio à tona, importantes entidades do
Brasil divulgaram posicionamentos cobrando explicações de Temer e
pedindo sua renúncia, como a CUT e a CNBB. Na madrugada deste
domingo (21), foi a vez da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)
decidir, em comissão especial, pela abertura de processo de
impeachment contra o presidente Temer por crime de
responsabilidade. O ilegítimo já coleciona outros nove pedidos na
Câmara ingressados desde quarta-feira.
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