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Para tentar conquistar o apoio da população à reforma da Previdência, o governo Temer investiu em propaganda massiva via redes sociais. As páginas oficiais governamentais publicaram nas últimas semanas uma série de vídeos defendendo as mudanças, muitos deles usados como propaganda nos meios de comunicação. Mas alguns pontos precisam ser mais bem esclarecidos, para que os trabalhadores não sejam enganados.
Um deles, intitulado Entenda a Reforma da Previdência, foi publicado na página do Palácio do Planalto no Facebook em 6 de dezembro – mesmo dia em que o governo encaminhou a proposta ao Congresso. Nele, o secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano, aparece “explicando” a medida. Veja, ponto a ponto, o que se esconde nas entrelinhas dessa propaganda:
‘Idade mínima para se aposentar passa para 65
anos’
VERDADE CRUEL – Idade mínima para se aposentar passa a ser 65 anos
para todos, em vez dos atuais 55 para mulheres ou 60, para homens.
No caso dos trabalhadores rurais vale a mesma regra, ou seja, idade
mínima de 65 anos para a aposentadoria, apesar de, via de regra,
ingressarem mais cedo no mercado e da rotina mais penosa de
trabalho.
'Tempo mínimo de contribuição será de 25
anos’
VAMOS DETALHAR – De fato, o tempo mínimo será de 25 anos.
Entretanto, para ter direito a receber o valor integral do
benefício de aposentadoria (ou seja, média salarial durante tempo
de contribuição), são necessários 49 anos de contribuição
ininterruptos. Isso porque o benefício passa a ser calculado
levando-se em conta a parcela de 51% das maiores contribuições com
1% adicionais a cada ano de contribuição. Ou seja, para atingir os
100%, o trabalhador precisa ficar 49 anos na ativa, sem interromper
o pagamento ao INSS. Caso não consiga cumprir todos estes
requisitos, o trabalhador tem direito ao equivalente a 76% da média
salarial, acrescido de 1 ponto porcentual por ano de contribuição
além dos 25 exigidos.
'Homens a partir de 50 anos e mulheres com 45 ou mais
terão regra de transição’
VAMOS DETALHAR – O trabalhador ou a trabalhadora que estiver na
faixa etária citada terá de pagar um “pedágio”, que equivale a 50%
do tempo que seria necessário para se aposentar pelas regras
atuais. Ou seja, se você precisa contribuir por mais quatro anos
pela regra atual para se aposentar, vai precisar ficar na ativa por
mais seis anos caso a reforma seja aprovada (4 + 50%).
‘O objetivo da reforma é dar sustentabilidade à
previdência no longo prazo, poder garantir o pagamento das
aposentadorias e pensões das pessoas lá pra
frente’
NÃO É BEM ASSIM – O principal argumento do governo para aprovar a
proposta é o chamado “rombo da previdência”. Entretanto, a maior
parte deste déficit alegado pelos defensores da reforma tem causas
não relacionadas à previdência propriamente dita, como benefícios
concedidos a empresas e a Desvinculação de Receitas da União. Dessa
forma, o aumento no tempo de contribuição pelo trabalhador não
garantiria, por si só, o equilíbrio dessas contas tal como
apresentadas pelo governo.
‘Reforma valerá também para políticos e
servidores’
NÃO É BEM ASSIM – Os militares foram excluídos da reforma, apesar
de serem os responsáveis por metade do dito “déficit”. Eles
continuariam nas regras atuais: a categoria pode se aposentar com
30 anos de serviço recebendo salário integral. Enquanto que os
civis, como já detalhamos, precisariam contribuir ininterruptamente
por 49 anos para ter direito à aposentadoria integral.
‘A gente gasta com pensão por morte muito mais que
países mais velhos e mais ricos que a gente em termos
proporcionais’
NÃO É BEM ASSIM – O Japão é o país com a maior expectativa de vida
do planeta: 83,7 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Mesmo assim, em novembro passado, o parlamento do país aprovou uma
reforma na lei da previdência social que reduz o tempo mínimo de
contribuição para aposentadoria, de 25 anos para 10 anos.
Hoje, o Brasil tem 20,2 milhões de trabalhadores com 65 anos de idade ou mais. Destes, somente 13,4% compõem a força de trabalho, estando os demais estão fora do sistema. Esta característica demográfica brasileira evidencia a dificuldade que a população idosa terá para se manter na ativa e contribuindo para poder se aposentar.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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