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O noticiário econômico continua sem trazer boas novas aos brasileiros. Sem iniciativas que possam impulsionar o crescimento, a economia voltou a piorar no terceiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, encolheu 0,8% em relação ao trimestre anterior, na sétima retração. Até mesmo os que apoiaram o golpe ou alardearam a “qualidade técnica” da equipe econômica já reconhecem que o receituário Temer/Meirelles não vai resolver a situação.
No resultado acumulado do ano até setembro, o PIB apresentou recuo de 4% em relação a igual período de 2015. É a maior queda para este período desde o início da série em 1996. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os três setores da economia analisados registraram queda na comparação com o trimestre anterior: agropecuária teve recuo de 1,4%; indústria, de 1,3%; e serviços, de 0,6%. Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 1,580 trilhão.
De acordo com O Globo, esta sétima retração na economia coloca o país na última posição em uma lista de 40 países que já divulgaram os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do trimestre passado, e que foram compilados pela Austin Rating. Na América Latina, por exemplo, o Peru teve taxa de crescimento de 4,4% do PIB; o México, 2%; o Chile, 1,6%; e a Colômbia, 1,2%.
A taxa de desemprego em 11,8% – o que significa 12 milhões de pessoas sem trabalho –, a renda em queda, o endividamento alto e as crescentes incertezas em relação ao futuro fizeram despencar também o consumo das famílias, que recuou 0,6%.
Sem demanda, os investimentos também caíram. A Formação Bruta de Capital Fixo, que mede o capital investido pelo setor privado na economia, diminuiu 3,1%. No setor externo, as exportações de bens e serviços caíram 2,8% e as importações recuaram 3,1%.
“Os números que já saíram no final deste ano não alimentam muito otimismo, a confiança dá sinais de que pode cair e reflete certa decepção em relação à demora da economia de dar sinais de retomada”, afirmou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa. “Não me surpreenderia se voltasse a mostrar quadro de maior deterioração”, acrescentou ele, em reportagem da Reuters.
Golpistas desanimados
O cenário desanima até mesmo aqueles que, em um primeiro momento, celebraram a mudança de governo. E se, até pouco tempo, setores aliados da gestão Temer concordavam com o discurso de que, com o ajuste fiscal, a confiança voltaria trazendo a retomada do crescimento, agora já está claro para todos que não vai ser assim.
Apoiadores do golpe, como parcela da mídia e do setor empresarial, já admitem que iniciativas como a PEC 55 e a reforma da Previdência não terão o poder de tirar a economia do buraco. Nesta quarta (30) até mesmo a colunista de O GloboMiriam Leitão reconhece que “falta um projeto para o país sair da crise”.
Segundo ela, as propostas de Temer são difíceis de serem aprovadas e demoradas. Depois de seis meses de gestão do peemedebista e de muitos elogios à equipe econômica atual, ela agora percebeu que “a política econômica não pode se resumir a isso”. Para ela, o país precisa tocar as “grandes reformas”, ao mesmo tempo em que faz "alterações regulatórias ou burocráticas que melhorem o ambiente de negócios”.
O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, aliado de primeira hora das forças que encabeçaram o impeachment de Dilma, concedeu entrevista ao Valor Econômico, na qual avalia que a política macroeconômica está “desbalanceada”, com uma gestão fiscal expansionista e um peso “monumental” sobre a política monetária.
Na contramão do que defendem vários economistas, ele advoga por acelerar o ajuste fiscal. E pondera que talvez seja necessário aumentar impostos e reduzir desonerações. O fato é que a “paralisia” do governo – sim, essa palavra está entre aspas, usada pelo próprio Fraga – incomoda até aliados.
Segundo Fraga, do jeito que a coisa está, “é difícil crescer mesmo”. Ele comparou a economia a um jogador de futebol “meio gordo, com problemas de alcoolismo e deprimido”. Mas que tem cura. “O que incomoda é que, quando se faz uma análise sobre quem teria a capacidade de liderar a recuperação, as coisas ficam esquisitas”, disse.
Diversos especialistas já alertaram que cortar gastos em meio à
grave recessão só deve aprofundar o problema, e que o Estado
deveria, ao contrário, investir mais, para impulsionar a
retomada.
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