Leia a seguir no portal CNTTL o artigo do jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges.
Já a mídia privada, principal protagonista da conspiração
golpista, reforçou estas falácias e passou a divulgar só notícias
positivas sobre a economia. Antigos "urubólogos", que na gestão
petista alardeavam o caos e difundiam o pessimismo, tornaram-se
servis otimistas de plantão. Passados sete meses, porém, até o
"midiota" mais tacanho já percebe que foi feito de otário, sendo
usado como massa de manobra. Na vida real, o país afunda em
acelerada recessão e as perspectivas para o futuro são as mais
sombrias.
Nesta segunda-feira (21), Fabio Kanczuk, secretário de política
econômica do Ministério da Fazenda, confirmou a tragédia. Ele
anunciou que o covil golpista revisou para pior a sua projeção para
o PIB (Produto Interno Bruto) de 2016 e de 2017. Para este ano, a
estimativa é de que que a economia vai encolher 3,5% - a previsão
anterior era de queda de 3%. Já para o próximo ano, a expectativa é
que o PIB cresça apenas - menor do que a projeção anterior, de
1,6%. Ele mesmo elencou como um dos motivos para o desastre a
"falta de confiança" das empresas - aquela mentira antes
apresentada como verdade pelo Judas Michel Temer e pela mídia
chapa-branca.
Estadão lamenta ociosidade na indústria
Antes da confissão oficial do governo, a Fundação Getúlio Vargas já
havia divulgado números bem preocupantes sobre a situação do país.
Segundo dados do Monitor do PIB, elaborado pela FGV, no terceiro
trimestre deste ano a economia encolheu 0,99% em relação ao
trimestre anterior. Foi o sétimo recuo seguido. Em relação ao
terceiro trimestre do ano passado, o PIB diminuiu 3% - o que
confirma que o Brasil afunda em grave recessão. "Esses resultados
mostram uma resistência à recuperação da economia maior do que a
previamente esperada”, afirmou a nota oficial do instituto. E não é
preciso ir longe para constatar a tragédia. Basta olhar para a
pasmaceira das indústrias e do comércio.
No último sábado (19), o jornal Estadão - um dos entusiasta do
covil golpista - publicou uma matéria que revela o caos no setor
produtivo. Segundo a reportagem, assinada Márcia De Chiara, "a
indústria brasileira atravessa seu pior momento em pelo menos 16
anos. De janeiro a outubro, a ocupação média das fábricas está em
73,9%, o menor índice desde 2001, quando a FGV começou a fazer o
levantamento. Nesses 16 anos, a média histórica de ocupação de
capacidade da indústria é de 80,9%. 'A grande ociosidade na
indústria mostra a profundidade da crise econômica', diz a
coordenadora da Sondagem Industrial do Instituto Brasileiro de
Economia (Ibre) da FGV, Tabi Thuler Santos".
Segundo a FGV, dos 19 segmentos pesquisados, 80% estão com a
ocupação baixa ou extremamente baixa. O setor em pior situação é o
de automóveis. Em outubro, as montadoras utilizaram 55,9% da
capacidade das fábricas, menor nível mensal de ocupação também em
16 anos. A japonesa Honda, que investiu R$ 1 bilhão numa nova
fábrica em Itirapina (SP), por exemplo, continua com sua planta
fechada e sem perspectivas de usá-la no curto prazo. O Estadão até
descarta uma recuperação já no próximo ano. "Um dos efeitos da
grande ociosidade na indústria, segundo especialistas, é adiar pelo
menos para 2018 a retomada do investimento na produção, com
abertura de fábricas e contratações".
Folha agora teme pelos golpistas
Também a Folha parece desanimada. Em editorial publicado no domingo
(20), intitulado "Otimismo abalado", o jornal admitiu o fiasco -
mas sem fazer autocrítica da sua servil posição anterior. Em tom de
lamúria, opinou: "Marca do início da gestão de Michel Temer, a
esperança na recuperação da economia vai dando lugar a prognósticos
mais sombrios. A melhora dos índices de confiança a partir do
segundo trimestre não foi suficiente até agora para suplantar
obstáculos concretos para volta do crescimento... Cresce entre
analistas do setor privado o temor de resultados ainda piores... O
investimento privado ainda patina, em razão dos estoques excessivos
e da falta de demanda".
Diante deste cenário, a Folha golpista prevê dias difíceis para
Michel Temer. "A crise econômica e a resistência da inflação
dificultam o ajuste das contas públicas. A situação falimentar dos
Estados é mais um sinal de alerta, que pode favorecer o acirramento
de protestos. Os riscos para o governo federal são evidentes, uma
vez que opera num ambiente de baixa popularidade. Paira sobre ele a
ameaça de rápida erosão de seu capital político, nos próximos
meses". Como remédio, o jornal da famiglia Frias - que sempre
defendeu a linha dura, inclusive a dos generais na ditadura - prega
que o governo acelere as destrutivas reformas neoliberais,
principalmente a da Previdência Social.
Se até a mídia privada, que protagonizou o "golpe dos corruptos" e
apostou as suas fichas no sucesso econômico do covil golpista, já
dá sinais de desânimo, o Judas Michel Temer que se cuide. Como bem
apontou André Singer, em artigo na Folha, o usurpador pode estar
sendo aos poucos descartado, o que lhe reservaria um futuro tão
sombrio como o do ex-presidente José Sarney. Vale conferir o texto
publicado no sábado passado (19):
*****
Governo Temer pode sofrer sarneyzação
Os fracos resultados econômicos no trimestre terminado em setembro
somados ao desarranjo mundial provocado pela vitória de Donald
Trump formam quadro perigoso para o Brasil. A situação já indicava
dificuldades estruturais para uma volta dos empregos. Agora, a
incerteza produzida pelo trumpismo deverá congelar as decisões de
investimento ao redor do planeta até que, empossado, o novo
ocupante da Casa Branca mostre o que realmente vai fazer.
Diante dessa mudança conjuntural, o governo Temer parece inerme,
perdido na ilusão de que a austeridade bastará para recolocar o
"país nos trilhos", como gosta de dizer o presidente. Governar
requer alterar rotas quando o horizonte muda. Na ausência de
resposta, o caos ameaça tomar conta.
A curta semana pós-proclamação da República foi típica de avião sem
piloto na cabine de comando. Enquanto a sociedade se agitava de
maneira furiosa - seja pela legítima revolta dos funcionários
públicos cariocas, seja pela amalucada invasão da Câmara Federal
por nostálgicos do regime militar -, instituições do âmbito
judiciário continuavam a triturar o mundo político. Desta vez
caíram os ex-governadores Anthony Garotinho e Sérgio Cabral, além
de surgirem novas denúncias contra o PSDB de São Paulo.
Emblema de toda a confusão, o Rio de Janeiro ficou parecendo uma
Grécia em escala subnacional, na qual estivesse em curso também uma
megaoperação Mãos Limpas. No meio do furdunço, o Planalto repetia o
discurso monocórdio de que a volta do crescimento depende de mais
arrocho, entoando o mantra "acalma mercado" da reforma
previdenciária.
Até que ponto os luminares do PMDB acham que os prejudicados vão
aguentar em silêncio? Pode ser que, sustentado pela maioria
parlamentar que derrubou Dilma Rousseff, o Executivo consiga até
fazer passar a pretendida mudança na idade mínima para
aposentadoria. Mas se os empregos não reaparecerem, Michel padecerá
de rápida sarneyzação. Convém lembrar que o ex-presidente José
Sarney conseguiu vencer no Congresso constituinte a difícil batalha
em favor do mandato de cinco anos para si, o que não o impediu de
deixar a Presidência com uma das maiores rejeições registradas
desde o retorno dos civis ao poder.
A seguir assim, a dupla Temer/Meirelles, que pretendia emular a
dobradinha Itamar/FHC, acabará abrindo a porta para algum
salvacionista de ocasião, como diria Chico de Oliveira. Com a Lava
Jato pondo abaixo as estruturas partidárias, torna-se fácil o
surgimento, filiado a qualquer microlegenda, de um messias que
prometa colocar ordem na bagunça - tal como Fernando Collor de
Mello jurava dar um fim à inflação em 1989. Venceu.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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