Apresentação da Pesquisa Dieese - foto: Roberto Parizotti
A mais nova versão do já tradicional
balanço das negociações salariais do primeiro semestre foi
anunciada nesta quinta-feira (1º de setembro), pelo Dieese. Os
resultados, como já se podia prever, são piores do que anos
anteriores, em função da crise. Os números ruins confirmam algumas
máximas sindicais.
Um dos gráficos mostra que o resultado das negociações é o pior
desde 2003. “Isso é reflexo da volta às medidas neoliberais que
predominaram até 2002”, analisa João Cayres, secretário-geral da
CUT-SP. Ou seja, os números da pesquisa Dieese indicam que corte de
investimentos e restrição fiscal sufocam a economia, comprovando
que o Estado tem de desempenhar o papel de indutor do
desenvolvimento.
Outro dado que chama a atenção é que o único setor de atividade em
que todas as negociações salariais ficaram abaixo da inflação é o
de processamento de dados, onde predomina a terceirização. “É de
fato um setor altamente terceirizado”, concorda José Silvestre
Prado de Oliveira, coordenador de Relações Sindicais do Dieese.
“Além disso, é um setor onde há muitas empresas pequenas”.
O movimento sindical tem insistido, ao longo dos últimos anos, que
os trabalhadores e trabalhadoras terceirizados têm salários, em
média, 27% inferiores aos trabalhadores diretos, segundo estudos do
próprio Dieese. A maioria do atual Congresso Nacional e o Temer
querem a terceirização sem limites.
Negociado sobre legislado?
O balanço apresentado hoje também mostra que a negociação por
categoria – a chamada convenção coletiva – obtém salários melhores
que as negociações diretas com empresas – os chamados acordos
coletivos.
Portanto, confirma-se a tese de que sindicatos fortes que
representem todas as profissões que compõem determinado ramo de
atividade conseguem resultados mais efetivos. A CUT planeja ampliar
essa estratégia, promovendo campanhas unificadas entre diferentes
categorias. “Isso serve de estímulo para que a CUT invista cada vez
mais nessa ação”, avalia Cayres.
Outra interpretação possível para esses dados aponta para o perigo
que a proposta do “negociado sobre o legislado”, defendida por
Temer, representa para os trabalhadores e trabalhadoras. Segundo
essa proposta, negociações diretas com os patrões teriam mais força
do que a legislação trabalhista.
Números
O Dieese analisou 304 campanhas salariais. No primeiro semestre de
2016, apenas 24% obtiveram aumentos acima da inflação. 37%
empataram com a inflação e 39% perderam para a inflação do período
anterior.
Na média de todas as campanhas, o índice ficou 0,50% abaixo da
inflação medida pelo INPC-IBGE.
Das convenções coletivas – campanhas por setor - , 25% delas
tiveram aumento real, contra 15,4% dos acordos coletivos – por
empresa. A imensa maioria das campanhas salariais analisadas pelo
Dieese é fechada por convenção coletiva (291 contra 13).
Lava Jato
Cayres alerta que há um fator importante para a queda do emprego e
o enfraquecimento das campanhas salariais que vem sendo ignorado
pela mídia corporativa. “Mais do que o ajuste fiscal, que nem
chegou a ser implementado, a forma como é conduzida a Operação Lava
Jato está quebrando empreiteiras, paralisando o setor de
construção, gás e petróleo e isso contamina toda a
economia”.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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