Dilma vai recomendar plebiscito sobre novas eleições

Em entrevista à BBC, a presidenta contou que divulgará ainda esta semana os detalhes de sua carta aos brasileiros e ao Senado

Por: Da BCC edição Vermelho
Publicação: 02/08/2016
Imagem de Dilma vai recomendar plebiscito sobre novas eleições

divulgação

Em entrevista à BBC Brasil e BBC Mundo, a presidenta eleita Dilma Rousseff destacou que é preciso “lutar” pela realização de um plebiscito que consulte a população sobre a necessidade de uma eleição presidencial antecipada. Ela contou que divulgará nesta semana os detalhes de sua proposta, em carta direcionada ao povo brasileiro e ao Senado.

Dilma Rousseff contou que divulgará ainda esta semana os detalhes de sua carta aos brasileiros e ao Senado. “Estou defendendo um plebiscito porque quem pode falar o que eu devo fazer não é nem o Congresso, nem uma pesquisa, ou qualquer coisa. Quem pode falar é o conjunto da população brasileira que me deu 54 milhões e meio de votos”, afirmou.

Além disso, a presidenta explicou que pretende comparecer pessoalmente para fazer sua defesa quando o caso for julgado pelo plenário do Senado, entre final de agosto e início de setembro. “Eu quero muito ir. Depende das condições. Como o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, presidirá [o julgamento], acredito que haverá condições”, afirmou.

Plebiscito

A realização de um plebiscito depende de aprovação do Congresso – mesmo que Dilma consiga retornar à Presidência, não poderia convocar a consulta sozinha, teria que contar com a aprovação pelo Congresso, onde o PMDB de Temer e Eduardo Cunha tem maioria.

Na entrevista, a presidenta Dilma reconheceu essa dificuldade, mas ressaltou que é necessário apenas o apoio da maioria simples dos congressistas (metade dos presentes na sessão) para convocar um plebiscito.

“Acredito que nós temos que lutar para viabilizar o plebiscito. Pode ser difícil passar [no Congresso], a eleição direta foi também. Nós perdemos quando nós defendemos as Diretas Já [campanha pelo voto direto em 1984] e tinha milhões de pessoas nas ruas. Perdemos num momento e ganhamos no outro”, afirmou.

Temer não teria esse ato de grandeza de renunciar

Questionada pela BBC Brasil se cogitaria propor um acordo para antecipar as eleições, com a renúncia simultânea dela e de Temer, Dilma respondeu que “seria muita ingenuidade da nossa parte [acreditar] que ele teria grandeza de renunciar”.

Impeachment é golpe

A presidenta Dilma reafirmou que o processo de impeachment é um “golpe” porque não haveria crime de responsabilidade que justifique sua cassação. Já os que a acusam dizem que ela cometeu ilegalidades na gestão das contas públicas.

“Quando você tem um julgamento de um presidente sem crime de responsabilidade, nada mais oportuno do que esse presidente gentilmente sair da pauta. Não renuncio. Eu volto para o governo e faço um plebiscito. É essa a proposta. Não tem hipótese de eu fazer esse gesto tresloucado: renunciar”, afirmou.

“Eu acho que eu vou ser conhecida também como a primeira [presidente] mulher que, apesar de tudo, não deu um tiro no peito, e também não renunciei”, reforçou, afastando a sombra de Getúlio Vargas, presidente que se matou em 1954 com um tiro no peito, após forte pressão para que deixasse o governo.


 

 



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