FUP
Sem números convincentes para
comprovar a mágica que iria promover para tirar o país da
crise, o golpista Michel Temer (PMDB) busca cumprir a receita de
vender patrimônio para fazer caixa. O problema é que a fórmula,
fracassada nos anos 1990, tende a comprometer ainda mais o futuro
do país.
No último dia 28 de julho, o Conselho de Administração da Petrobras
aprovou a venda da participação no bloco exploratório BM-S-8 para a
sueca Statoil Brasil Óleo e Gás por US$ 2,5 bilhões (R$ 8,5 bi) em
mais um passo do plano de desinvestimento e sucateamento da
companhia.
A área de Carcará, na Bacia de Santos, comprovadamente de alta
produtividade, foi o primeiro campo de pré-sal negociado e tinha
como operadores do consórcio Petrobras (66%), Petrogal Brasil
(14%), Barra Energia do Brasil Petróleo e Gás (10%) e Queiroz
Galvão Exploração e Produção S.A. (10%).
A justificativa para a negociação, segundo o atual diretor
financeiro da empresa brasileira, Ivan Monteiro, foram os “elevados
investimentos que o bloco demandaria até 2020”, quando começaria a
funcionar.
A FUP (Federação Única dos Petroleiros) avalia a negociação como um
desastre. Para a organização, ainda que o campo vendesse o barril a
US$ 50 dólares, preço do mercado atual em baixa, a expectativa de
lucro seria de US$ 5 dólares, já que a Petrobras conseguiu atingir
o patamar de custo de US$ 8, muito abaixo da média mundial (US$
15).
Estima-se que a reserva tivesse em torno de dois bilhões de barris
de óleo recuperável, portanto, um lucro de US$ 10 bilhões (R$ 33
bilhões). Para a Petrobras, parte principal no consórcio, caberiam
US$ 6,7 bi (R$ 22 bi).
Segundo o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, o verbo
‘vender’ deve ser substituído por outro mais adequado nessa
negociação.
“O verbo que deve ser usado é doar. Com o desaquecimento da
atividade de óleo e gás do mundo, todas as operadoras tiveram de
refazer seu plano de investimento, porque o petróleo caiu de US$
140 para US$ 50 e chegou a bater US$ 20 o barril. Muitas estão
colocando ativos à venda e, quando você tem oferta muito grande, o
preço cai e você tem hoje US$ 1 trilhão em ativos das operadoras, o
que derruba o preço. O momento não é de vender, porque você corre o
risco de entregar na bacia das almas, como comprova a negociação do
campo de Carcará”, explica.
Preparar o terreno
Apesar de o campo de Carcará ser parte do pré-sal, foi leiloado em
1999 e estaria fora da lei de partilha (leia mais abaixo). Porém, a
medida visaria preparar também o clima para a votação do projeto de
retirada da Petrobras como operadora principal da riqueza.
O PL 4567/2016 (antigo PLS 131/2015, de autoria do senador José
Serra (PSDB-SP), prestes a ser votado na Casa), tira a
obrigatoriedade da Petrobrás de ser a operadora única do pré-sal e
a participação mínima de 30% nos campos licitados.
A alteração rasga o regime de partilha (lei 12.351/2010) aprovado
durante o governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. O
objetivo da medida era garantir que 50% do lucro com os royalties
fossem destinados para um fundo social, de onde o governo tiraria
recursos para aplicar em educação (75%) e saúde (25%).
“Em plena baixa do petróleo, o governo está fatiando a participação
em petroquímicas e da BR Distribuidora. Isso é um erro básico de
gestão”, disse.
Rangel refere-se à venda na participação da Companhia Petroquímica
de Pernambuco (PetroquímicaSuape), na Companhia Integrada Têxtil de
Pernambuco (Citepe), em nove campos de produção de petróleo e gás
no Nordeste e o fatiamento de 2,5 mil km de gasodutos do Sudeste da
BR Distribuidora.
“Os petroleiros já têm mobilizados as bases para impedir
retrocessos, freamos a primeira tentativa de entrega do pré-sal e
continuaremos em luta contra aqueles que um dia quiseram
transformar a Petrobras em Petrobrax e estão de volta ao Planalto”,
falou Rangel.
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