Augusto Coelho
Próximo da votação final do Senado, o
presidente da CUT, Vagner Freitas, acredita que o afastamento da
presidenta Dilma Rousseff será revertido.
"A situação não é mais a mesma de um mês atrás. Evoluiu muito a
tese da defesa da democracia, a tese de que se trata de um golpe. A
população não quer golpe, a população não quer [Michel] Temer",
enfatizou, em entrevista ao 247 por telefone. "Nunca tivemos tanta
certeza, nunca estive tão otimista em relação a isso. Tenho certeza
que ela vai voltar ao seu cargo e a democracia será restabelecida",
completou.
Ele anunciou para agosto uma "retomada" das manifestações de rua
contra o impeachment e contra a retirada de direitos dos
trabalhadores pelo governo interino. Questionado se não houve um
momento de paralisação dos protestos desde que Temer assumiu o
Planalto, ele explicou que não há como "fazer uma manifestação
atrás da outra, senão há um refluxo do movimento".
"Não dá para ter protesto o tempo inteiro, mas no mês do
impeachment haverá muita manifestação", anunciou. Segundo ele, há
atos articulados pela CUT marcados para os dias 5, 9 e 20 de
agosto, sem contar a grande manifestação do dia 31 de julho,
organizada pelo MTST. "Nós vamos derrotar o Temer, os golpistas, a
corja da mídia tradicional, esse golpe horroroso. Não vamos
permitir que isso aconteça", ressaltou. "Vamos tomar as ruas de
vermelho".
Segundo Vagner Freitas, vem sendo feita uma articulação junto aos
senadores indecisos em relação ao impeachment para que eles "não
votem pelo golpe". Ele afirma ter "certeza" de que a presidente
terá os seis votos necessários para a reversão de seu afastamento.
"Nunca estive tão otimista quanto à nossa vitória. Os senadores
[que votarem pelo impeachment] vão ter suas vidas manchadas
politicamente como golpistas. Vamos fazer de tudo para isso",
afirmou.
Greve geral
De acordo com o presidente da CUT, está sendo construída ao mesmo
tempo, entre as maiores centrais sindicais do País, uma greve geral
contra a retirada de direitos pelo governo interino. Anúncios
recentes de medidas como tempo maior para aposentadoria ou a
reformulação da CLT foram motivos para que as centrais se unissem,
inclusive as que não são de esquerda, como a UGT e a Força
Sindical, de Paulinho da Força (SD).
"Essa unidade nos dá a possibilidade de lutar contra o golpe. Você
fortalece a luta contra o golpe", analisou. "Estamos construindo a
greve geral, ela nasce como uma reação dos trabalhadores ao que o
patrão faz. Nesse momento estão mandando proposta para o Congresso
que retira benefícios. O trabalhador vai para a rua, sim. A
motivação da greve geral é a retirada de direitos. A greve se
consolidará a partir disso, a partir da resistência", disse.
Sobre possibilidade de negociar com o governo interino, rechaçou
com firmeza: "De maneira nenhuma, a CUT não negocia com golpista.
Nós não reconhecemos golpista. Nós vamos derrubá-lo com a força do
povo. O golpe não é contra Dilma, ela também foi um alvo, mas o
golpe é contra os trabalhadores". "A gente vai negociar, sim, vai
negociar com a presidenta Dilma, que vai voltar a exercer o
mandato", acrescentou.
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