Roberto Stuckert Filho
A presidenta Dilma Rousseff encaminhou à Comissão Especial do Impeachment um depoimento que foi lido pelo seu advogado de defesa e ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na sessão desta quarta-feira (6). Dilma decidiu não comparecer pessoalmente à sessão.
No documento lido por Cardozo, a
presidenta Dilma reafirmou que o processo de impeachment é uma
“farsa jurídica e política” e disse que o processo só foi aberto
por “ter repelido a chantagem”.
“Este processo de impeachment somente existe por eu ter rechaçado o
assédio de chantagistas”, disse ela. “Basta que se analise este
processo para que se saiba que não cometi as irregularidades que
são atribuídas a mim. As provas são evidentes e demonstram
cabalmente que agi de boa-fé, pelo bem do país e do nosso povo – e
sempre dentro da lei”, enfatizou.
E acrescenta: “Sou alvo dessa farsa porque, como presidenta, nunca
me submeti a chantagens. Não aceitei fazer concessões e
conciliações escusas, de bastidores, tão conhecidas da política
tradicional do nosso país. Nunca aceitei a submissão, a
subordinação e a traição dos meu eleitores como preço a pagar pelos
acordos que fiz”.
A presidenta Dilma sublinhou que sua trajetória política é marcada
pelo compromisso com o país e no combate às injustiças e à
corrupção. “Saibam todos vocês que estão julgando uma mulher
honesta. Uma servidora pública dedicada e uma lutadora de causas
justas... Tenho orgulho de ter sido a primeira mulher eleita
presidente do país. Nestes anos, exerci meu mandato de forma digna
e honesta. Honrei os votos que recebi. Em nome desses votos, em
nome de todo o povo do país, vou lutar com todos os instrumentos
legais de que disponho para exercer meu mandato até o fim”,
frisou.
Dilma voltou a denunciar que o processo é um instrumento do golpe e
que o “Brasil não merece viver uma nova ruptura democrática”.
“Devemos mostrar ao mundo e a nós mesmos que conseguimos construir
instituições sólidas, capazes de resistir a intempéries econômicas
e políticas. Devemos mostrar que sabemos honrar a nossa
Constituição, a Democracia e o Estado de Direito, zelando pelo
respeito ao voto popular. Devemos mostrar, finalmente, que sabemos
dizer não a todos os que, de forma elitista e oportunista, agindo
com absoluta falta de escrúpulos, valem-se da traição, da mentira,
do embuste e do golpismo, para hipocritamente chegar ao poder e
governar em absoluto descompasso com os desejos da maioria da
população”, enfatizou.
Dilma voltou a denunciar o desvio de poder como principal fator
para que o então presidente da Câmara, atualmente afastado, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), tivesse aceitado o pedido de impeachment.
Ela ainda apontou as “várias forças políticas” que viram sua
postura de não “intervir” nas investigações da Operação Lava Jato
como uma ameaça e decidiram apoiar o seu afastamento da Presidência
da República. Dilma citou as conversas do senador Romero Jucá
(PMDB-RR) reveladas pelas gravações do ex-presidente da Transpetro
Sérgio Machado, delator da Lava Jato.
“Como disse um dos líderes mais importantes do governo interino, o
senador Romero Jucá, era preciso me destituir para que fosse
possível um acordo que esvaziasse as operações policiais contra a
corrupção e fosse estancada a ‘sangria’ resultante dessas
investigações”, afirmou ela no documento.
Sobre os decretos de crédito suplementar, um dos pontos
apresentados como crime de responsabilidade, Dilma afirmou que
foram legais.
“Não tenho a menor dúvida de que os decretos [de crédito
suplementar] foram baixados com a devida autorização legal e sem
qualquer ofensa às nobres atribuições constitucionais do Poder
Legislativo”, argumentou.
A presidenta finalizou afirmando que “a consumação do meu
impeachment será uma grande injustiça” e disse aos senadores que
“os que forem verdadeiramente isentos e justos jamais vincularão
suas biografias a esta farsa”.
Ao concluir, Dilma reforçou a necessidade do compromisso com a
democracia e com o país. “Quem quer que tenha compromisso com a
democracia tem o dever de tomar posição. O que está em questão,
neste momento, não é o apoio ou a oposição ao meu governo, mas a
unidade de todos em defesa do Estado Democrático de Direito. O que
está em questão, neste momento, é a preservação dos direitos
individuais e coletivos do povo brasileiro.”
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
Redação CNTTL
Mídia Consulte Comunicação &Marketing
Editora e Assessora de Imprensa: Viviane Barbosa MTB 28121
WhatsApp: 55 + (11) 9+6948-7450
Assessoria de Tecnologia da Informação e Website: Egberto Lima
E-mail: viviane@midiaconsulte.com
Redação: jornalismo@midiaconsulte.com
Siga a CNTTL nas redes sociais:
www.facebook.com/cnttloficial
www.twitter.com/cnttloficial
www.youtube.com/cnttl
Mídia
Canal CNTTL