Genebra: CUT denuncia golpe e recebe apoio internacional

Manifestação ocorreu durante reunião da Conferência Internacional do Trabalho

Por: Da CUT
Publicação: 07/06/2016
Imagem de Genebra: CUT denuncia golpe e recebe apoio internacional

Foto: CUT

Representantes da delegação brasileira e lideranças que participam da 105ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (CIT), em Genebra, Suíça, realizaram ato na segunda-feira (6) para denunciar o golpe de Estado liderado pelas forças conservadoras, com apoio da grande mídia, parlamento e setores do Judiciário contra a presidenta Dilma Rousseff.

A atividade contou com apoio de lideranças internacionais, como o Secretário-Geral da CSI África, Kwasi Adu-Amankwah, que expressou solidariedade à luta dos brasileiros e ajuda a ampliar a campanha internacional "Somos todos Brasil contra o golpe".

“Expressamos nossa solidariedade com os trabalhadores e o povo brasileiro nesta grande luta pela democracia porque constatamos que a organização dos trabalhadores e sua contribuição à Política ajudaram a tirar milhões e milhões da pobreza dando-lhes acesso a educação e a saúde. E isso foi realizado em 12 anos em tal escala que em muito supera quaisquer benefícios recebidos pela classe trabalhadora em séculos de dominação das elites. E é por isso que devemos estar solidários com os trabalhadores brasileiros contra aqueles que querem usar meios civis para dar um golpe de Estado contra um governo democraticamente eleito", apontou.

O manifesto “Somos Brasil contra o golpe”, que a CUT distribuiu em Genebra, denuncia como a trama foi arquitetada “através de ataques sistemáticos e orquestrados por setores do judiciário, empresários, grandes meios de comunicação e apoiados, de maneira entusiasmada, pela parcela mais rica da sociedade brasileira” (lei mais abaixo).

Para a CSI (Confederação Sindical Internacional), o que está ocorrendo no Brasil é um golpe contra os trabalhadores e à população mais pobre. O movimento sindical internacional há muito tempo vê o Brasil como exemplo de conquista e direito. E é justamente isso que os golpistas querem retirar", disse.

"O ato que realizamos aqui em Genebra com mais de 200 dirigentes sindicais do mundo inteiro, foi uma demonstração muito forte de solidariedade. Isso tem uma importância grande porque as pessoas que compareceram vão manter o compromisso de denunciar a situação de golpe no Brasil", definiu

Diretor Executivo da CUT, Júlio Turra apontou a importância do apoio da classe trabalhadora internacional. "É uma forte demonstração de solidariedade de sindicalistas de todo o continente reunidos aqui em Genebra, expressando que estão do nosso lado na luta para derrotar o golpe, restabelecer a democracia e os direitos dos trabalhadores', falou.

Abrir os olhos do mundo

 O manifesto “Somos Brasil Contra o Golpe” defende que o “programa dos golpistas prevê, dentre outros pontos, o fortalecimento do acordo global de comércio TISA - que reduz a soberania nacional; enfraquecimento dos BRICS e do Mercosul, priorizando acordos bilaterais; desregulamentação do mercado de trabalho; enfraquecimento dos sindicatos nas negociações coletivas e tornar os direitos garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em objeto de negociação, prevalecendo o negociado sobre o legislado; elevação da idade mínima para aposentadoria, assim como permitir benefícios com valores inferiores ao do salário mínimo; redução da massa salarial e do salário médio; privatizações selvagens, inclusive das gigantescas reservas da camada do Pré-Sal; desvinculação geral dos gastos do governo federal, sobretudo nas áreas de educação e saúde, caminhando, dessa forma, para a privatização e abertura da economia com o fim da política de conteúdo local para compras governamentais”, destaca

Destaca ainda que a “CUT Brasil, e demais forças democráticas, não reconhecem o governo Temer e o condenam como ilegítimo, por ser resultado de um processo ilegal e golpista de impeachment e por desrespeitar a vontade expressa da maioria dos cidadãos brasileiros que reelegeu, em 2014, a presidenta Dilma com mais de 54 milhões de votos – único governo eleito e, portanto, legítimo. Não aceitaremos que a classe trabalhadora e os setores mais pobres da população tenham que sofrer ainda mais sacrifícios. Lutamos até agora contra o golpe e continuaremos lutando, nas ruas e nos locais de trabalho, para reconduzir o país ao Estado de Direito e ao regime democrático, contra a retirada de direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras e contra iniciativas que busquem a inserção subordinada do Brasil na economia internacional, regredindo, dessa forma, aos anos 90”, conclui o documento.


 



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