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O governo do presidente golpista, Michel Temer, já acumula uma lista com 28 medidas que vão impactar negativamente a vida das brasileiras e brasileiros, especialmente os mais pobres. Em média, o número representa quatro medidas por dia contra o povo.
Conheça a seguir as primeiras medidas da pauta golpista de Michel Temer:
1. Ministério da Previdência
incorporado ao Ministério da Fazenda
A mudança não provocou fortes reações, mas deve provocar em breve.
Isso porque significa impor a lógica contábil e financista a todo
sistema de Seguridade Social do Brasil, desmontando-o. A condução
da Reforma da Previdência pelo Ministério da Fazenda visa também
distanciar os trabalhadores do debate, com utilização frequente do
argumento de que a Previdência é deficitária. A mudança já
repercute nas primeiras medidas políticas ligadas à pasta que foram
anunciadas.
2. Reajuste do salário mínimo
sem obrigatoriedade de repor a inflação
O reajuste do salário mínimo atualmente se baseia em uma fórmula
que inclui a taxa de inflação, com o objetivo de repor as perdas
salariais impostas pelo processo inflacionário. Sem essa obrigação,
os aumentos passam a ser negociados no Congresso Nacional, sem
garantir de reposição da inflação. Em outras palavras, o
trabalhador não tem mais garantia de aumento
real.
3. Fim da indexação de qualquer benefício previdenciário ao valor do salário mínimo
A pretexto de “desindexar” a economia e melhorar o perfil das contas públicas, não haverá aumento no valor das aposentadorias com base no salário mínimo. Os aposentados passam a contar com a boa vontade do governo federal em promover reajustes, em vez de critérios transparentes e a garantia de reposição das perdas com a inflação.
4. Aumento no tempo de
contribuição e da idade mínima para aposentadoria, inclusive para
servidores da ativa
A Reforma da Previdência que está sendo gestada pelo governo
golpista vai impactar os servidores da ativa e ampliar o tempo de
contribuição e a idade mínima para aposentadoria. A ideia de uma
nova Previdência apenas para os que integrarem o sistema no futuro
já foi descartada.
5. Aumento de
impostos
“A meta é diminuir o nível de tributação da sociedade. Dito isso, a
prioridade hoje é diminuir a dívida pública. Se houver necessidade
de um tributo, ele será aplicado”. A frase é do ministro golpista
da
Fazenda, Henrique Meirelles,
revela a disposição para jogar a conta para o povo pagar com novos
impostos, além de lembrar a famosa frase
de Delfim Netto,
ministro da Fazenda na ditadura militar, que disse ser preciso
primeiro esperar o bolo crescer para depois haver distribuição de
renda no país.
6. Permitir que as convenções
coletivas prevaleçam sobre as normas legais, salvo quanto aos
direitos básicos
O Projeto de Lei 4193/2012, de autoria do deputado
federal Irajá Abreu (PSD-TO), prevê que
acordos e convenções coletivas de trabalho podem se sobrepor à
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O resultado é inequívoco:
perda da capacidade de negociação dos trabalhadores e redução da
proteção que o Estado dá atualmente quando houver desrespeito das
leis por parte do empregador. Além desse projeto, há pelo menos
outros seis em tramitação no Congresso Nacional que contam com
Temer para ferir os interesses dos
trabalhadores.
7. Ministério sem
mulheres
A ausência de mulheres no primeiro
escalão desnuda a falta de importância que a desigualdade
de gênero tem para os golpistas. Simbolicamente, é como se
dissessem à sociedade brasileira que as mulheres estão relegadas a
um segundo plano, ao segundo escalão. Concretamente, é a redução
nos espaços de participação feminina nas esferas decisórias sobre
os rumos do país, revertendo a tendência dos governos do PT de
ampliar os espaços e o poder de definição que as mulheres devem
ter. Significa ainda que o governo golpista ignora os Objetivos do
Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), cuja meta 3 prevê,
até 2015, “maior igualdade entre sexos e valorização da mulher”,
além de conflitar com a meta 5 dos Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio, para depois de 2015, que estabelece que os países devem
“alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e
meninas”.
8. Fim da Secretaria de
Igualdade Racial
Um governo que se estabelece sem o voto direto das urnas,
composto por homens, brancos, com idade avançada e alto poder
aquisitivo não é nem de longe representativo da plural
sociedade brasileira. E para não deixar dúvidas sobre isso, Michel
Temer pôs fim à Secretaria de Igualdade Racial, medida que vai
impactar diretamente as políticas afirmativas, as ações de redução
do preconceito brasileiro e o combate à desigualdade
histórica entre brancos e negros, impondo um enorme retrocesso ao
país.
9. Fim do Ministério da
Cultura
A reação dos artistas e dos que trabalham com a
Cultura no Brasil foi imediata. O governo golpista incorporou o
extinto Ministério da Cultura (MinC) ao Ministério da Educação,
transformando o MinC numa secretaria. Nenhuma
das cinco mulheres convidadas para a secretaria aceitou, e o
presidente golpista já estuda restabelecer a pasta. Difícil vai ser
convencer os milhares de artistas que passaram a ocupar os
prédios públicos pelo país, em protesto ao ataque à Cultura,
que o restabelecimento do MinC significará a retomada das
políticas de valorização da cultura brasileira.
10. Ministro da Educação
para o DEM
O ministro golpista da Educação, Mendonça Filho, é filiado ao DEM,
partido que foi contra: ProUni, FIES, ENEM, cotas, 50% do
fundo do pré-sal para a Educação e 75% dos royalties do petróleo
para o setor, ou seja, contra os avanços conquistados na última
década na área da Educação.
11. Mensalidade paga em cursos
de extensão
Mendonça Filho não conseguiu discursar em sua posse ante
os protestos dos servidores
do MinC incorporados à pasta da Educação e
já deu mostras de que deve haver preocupação com os programas
educacionais que foram os principais instrumentos adotados pelos
governos do PT para possibilitar o maior acesso ao ensino superior
de nossa história. Em entrevista ao UOL, o ministro golpista
disse que iria apoiar as universidades públicas que
quiserem cobrar mensalidade em cursos de
extensão e pós-graduação. Um dia depois da entrevista, Mendonça
Filho divulgou nota para dizer que recuou da ideia, mas, como
deputado federal, ele votou a favor na PEC 395/2014 que
estabelece essa política de cobrança de
mensalidades.
12. Ensino superior nas
mãos da iniciativa privada
Mendonça nomeou para a Secretaria de Regulação e Supervisão da
Educação Superior Maurício Costa Romão, economista ligado à rede de
ensino privada, o que é um sinal preocupante para o ensino superior
público.
13. Revisão do Bolsa
Família
Por vontade política dos governos do PT, os programas sociais como
o Bolsa Família são reajustados com regularidade. O último reajuste
ocorreu no dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, quando a presidenta
eleita, Dilma Rousseff,
concedeu 9% de aumento para os beneficiários do Bolsa Família. Ao
acabar com a indexação, o governo golpista compromete a
regularidade dos reajustes. Pior: o ministro golpista do
Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar
Terra, afirmou ser necessário aperfeiçoar os mecanismos de
controle sobre beneficiários do Bolsa Família. O que isso
significa? Que vai fazer “um pente-fino” que poderá provocar
o desligamento de até 10% dos beneficiários do
programa, disse em entrevista ao jornal O Globo.
14. Fim da Controladoria-Geral
da União
O argumento dos golpistas é o de que a criação do Ministério da
Transparência, Fiscalização e Controle supre a extinção da
Controladoria-Geral da União (CGU). Mas, na realidade, vai provocar
o enfraquecimento da independência no trabalho de combate à
corrupção. Isso porque o órgão deixa de funcionar
respondendo direto à Presidência da República. Ficando
dentro do novo Ministério, o órgão perde poder de cobrança sobre os
demais ministros, reduzindo a fiscalização sobre as ações
federais.
15. Reduzir o Sistema Único de Saúde (SUS)
O ministro golpista da Saúde, Ricardo Barros, foi outro que já apresentou um “pacote” de medidas que colocam em risco o futuro da Saúde no país. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Barros disse que não vão “conseguir sustentar o nível de direitos que a Constituição determina”. A frase por si só já é uma enorme afronta à Constituição brasileira, mas revela algo mais perverso: o Sistema Único de Saúde (SUS) será reduzido e fragilizado. O roteiro não é novo, pois a desarticulação do SUS, uma das maiores conquistas do povo com a Constituição de 1988, atende aos interesses privados da saúde.
16. Saúde sem orçamento mínimo
Ricardo Barros também quer flexibilizar a obrigatoriedade de aplicação de percentuais mínimos do orçamento na área da Saúde. Hoje, a União é obrigada a aplicar na Saúde ao menos o mesmo valor do ano anterior mais o percentual de variação do PIB (Produto Interno Bruto) e Estados e municípios precisam investir 12% e 15%, respectivamente. Com a flexibilização, o orçamento da Saúde não terá as garantias que possui atualmente.
17. Qualidade dos serviços de
planos de saúde não será controlada pelo governo
O ministro golpista da Saúde, aliás, foi financiado nas eleições de
2014 por operadoras de plano de saúde. Talvez por isso tenha
declarado que a fiscalização não será feita pelo governo, abrindo
espaço fortalecer ainda mais as empresas de planos de
saúde na relação com os segurados, em vez de colocar a
estrutura estatal para atuar na proteção da parte mais fraca
da relação.
18. Fim do Ministério do
Desenvolvimento Agrário
O fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário, incorporado à pasta
Desenvolvimento Social, foi classificado pela Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) como um retrocesso para
as conquistas da agricultura familiar e da reforma agrária no país.
A entidade lembra que o modelo de gestão para políticas públicas
agrícolas era referência mundial e será profundamente
afetado.
19. Revisão da demarcação de
terras indígenas
Ao anunciar a revisão de todos os atos do governo eleito de
Dilma Rousseff, a Casa Civil golpista de Michel Temer quer
mexer nas demarcações de terras indígenas. Desde 1º de abril, Dilma
assinou 21 atos para desapropriar 56 mil hectares de terras. O
ministro golpista do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, chegou a
declarar que “terra indígena é invasão de propriedade legitimada
pelo Estado”. A subprocuradora-geral da
República, Deborah Duprat,
avalia que a revisão da demarcação de 56 mil hectares de terra fere
a Constituição Federal. Entidades ligadas à questão indígena já
anunciaram que vão à Justiça contra a medida.
20. Privatizações do
patrimônio público
Um dos objetivos do golpe é restabelecer a agenda neoliberal
derrotada nas urnas desde 2002. A agenda inclui a privatização de
fatias do patrimônio público, a partir do discurso de que as
empresas estão sucateadas. Os integrantes da área econômica do
governo golpista já ventilaram a privatização da Casa da Moeda, dos
Correios e de centrais elétricas federais nos Estados da Federação.
Esse filme o Brasil já assistiu nos governos
de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e
rejeitou desde então em todas as eleições
presidenciais.
21. Ataque ao Minha Casa,
Minha Vida
Apesar do discurso de que o programa Minha Casa, Minha Vida estaria
preservado, o ministro golpista das Cidades, Bruno
Araújo (PSDB), revogou a construção de
11.250 unidades. A revogação se deu na parte do
programa que destina recursos a entidades sem fins lucrativos
selecionadas para construção de moradias populares de forma auto
organizada pelos próprios movimentos.
22. Fim da Secretaria de
Direitos Humanos
Até mesmo referências na área dos Direitos Humanos sem ligação com
o PT ou com o governo da presidenta eleita, Dilma Rousseff,
criticaram a redução da importância da Secretaria de Direitos
Humanos, que ficará subordinada ao Ministério da Justiça. O
representante brasileiro na Corte Internacional de Direitos
Humanos, Paulo Sergio Pinheiro,
que foi titular do órgão no governo FHC, gravou vídeo alertando as
organizações de direitos humanos, movimentos sociais e ativistas
para enfrentarem “o que há de mais conservador e retrógrado no país
e ainda o que está por vir”.
23. Repressão aos movimentos
sociais
O ministro golpista da Justiça concedeu entrevista dizendo que
a CUT e o MST são “guerrilheiros comunistas”. A frase
demonstra que haverá perseguição aos movimentos sociais que se
posicionarem contra o governo, num sinal preocupante de que o
direito à livre manifestação e a liberdade de expressão estão sob
risco após o golpe. A repressão a esses movimentos contará com o
apoio do
general Sérgio Etchgoyen,
do Gabinete de Segurança Institucional, órgão que foi ressuscitado
pelo presidente golpista Michel Temer. Etchgoyen já deu
declarações contra a Comissão da Verdade e outras iniciativas da
justiça de transição.
24. Golpe
na EBC
O presidente golpista passou por cima também da Lei 11.652/08, que
estabelece mandatos fixos para a diretoria da Empresa Brasileira de
Comunicação (EBC) com o objetivo de protegê-la da interferência do
governo e para criar uma comunicação pública de qualidade no
Brasil, nos moldes da BBC de Londres.
Em desrespeito à lei, Temer exonerou o
jornalista Ricardo Melo da chefia
da EBC para
nomear Laerte Rímoli,
ex-assessor da secretaria de comunicação de Eduardo
Cunha (PMDB-RJ).
25. José Serra no Ministério
das Relações Exteriores
Desde 1993, a condução do Ministério das Relações Exteriores fica a
cargo de diplomatas de carreira. Mas um governo golpista como o de
Michel Temer não tem essa preocupação. Assim, nomeou o
senador José Serra (PSDB) para o cargo.
A quebra na sequência de escolha de diplomatas para ministro das
Relações Exteriores já provoca ruídos internos e sinaliza uma
política externa que vai macular a imagem do Brasil no
exterior, acabando com a presença
internacional do país.
26. Fechamento de embaixadas e
diplomacia do porrete
O fechamento de embaixadas na África e no Caribe e a divulgação de
duras notas contra os países e entidades que condenaram o golpe no
Brasil foram as primeiras medidas do ministro golpista José Serra.
As ações são preocupantes para o futuro da diplomacia brasileira,
para a integração com países da América Latina e para ampliar a
presença do Brasil como ator no cenário global. A gravidade das
medidas foram resumidas pelo jornalista Bernardo Mello Franco
como “a diplomacia do porrete”. A linha de Serra,
contudo, se revela bem flexível quando se trata de
conceder passaporte diplomático para um pastor evangélico ligado a
Eduardo Cunha e investigado na Lava
Jato: Samuel Cassio Ferreira
27. Fim do Ministério de
Ciência e Tecnologia
Primeiro, cogitaram o pastor evangélico Marcos
Pereira para a Ciência e Tecnologia. Com a forte
reação da comunidade científica, houve o recuo. Mas a desistência
do nome implicou também no fim do Ministério da Ciência e
Tecnologia, que foi incorporado ao das Comunicações. Uma das
vertentes que podem projetar o Brasil como uma nação desenvolvida é
a capacidade de trazer inovações e avançar nas áreas de ciência e
tecnologia. A extinção do ministério compromete essa
possibilidade.
28. Logo baseada em mapa da
ditadura, escolhida por “Michelzinho”
A ideia de mudar a logo do governo federal para transmitir uma
imagem de modernidade para os golpistas esbarrou em dois problemas
graves. O primeiro foi o uso da bandeira brasileira com 22 estrelas
apenas, ou seja, a versão do período militar. A
bandeira usada não inclui as estrelas que representam os Estados
criados após o golpe de 1964. O segundo problema foi a escolha da
logo por “Michelzinho”, filho do presidente golpista, que tem o
mesmo nome do pai. A decisão deveria se guiar por critérios
técnicos de comunicação e publicidade e levar em conta o interesse
público. Mas, ao deixar o filho fazer a escolha, Temer enviou um
recado ao país: os processos decisórios de seu governo, além de não
terem participação empoderada de mulheres e negros, terão, sempre
que possível, uma pitada de nepotismo e uma aura de
monarquia.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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