Francisco Lemos, presidente do Sina - foto: Nayara Striani/Mídia Consulte
O presidente do Sindicato Nacional dos
Aeroportuários (Sina), membro titular do Comitê Mundial da
Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte (ITF) e
diretor de Relações Internacionais da
Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação
Civil da CUT (FENTAC),
Francisco Lemos, conversou com o
Portal CNTTL sobre o balanço do mandato da Federação -- gestão
2014/2017 -- e os desafios dos trabalhadores na aviação neste atual
momento em que a democracia corre risco no Brasil.
Lemos mostrou bastante preocupação com a configuração do Congresso
Nacional, falou sobre o “novo perfil” dos empresários do setor
aéreo e também como espera ver a FENTAC em 2017.
Confira a seguir:
Portal CNTTL: Como você avalia este momento político tenso que o
Brasil vive?
Francisco Lemos:
Estamos vivemos um momento político que a democracia brasileira
está sofrendo um golpe. A nossa preocupação é com esse Congresso
Nacional que rasgou um contrato assinado por 54 milhões de
brasileiros que votaram na presidenta Dilma e não levou isso em
consideração, portanto, isso mostra que a legislação trabalhista e
a organização sindical estão sob ameaça, porque se eles tomarem
gosto por esse tipo de prática a gente vai viver em uma ditadura
disfarçada. Quem viveu na ditadura sabe que os trabalhadores não
tinham direitos, o cenário era como na letra de
Cazuza: “Vivíamos
da caridade de quem nos detesta”.
Portal CNTTL: Em um eventual governo Temer, que anunciou políticas
de retrocessos à classe trabalhadora, como os trabalhadores na
aviação devem reagir?
Lemos:
Não devemos temer a “Temer” e nem a qualquer medida que esse
eventual governo venha propor. A classe trabalhadora deve estar
muita atenta porque será na renovação dos quadros da próxima
eleição do Congresso Nacional e do Senado que poderemos mudar essa
correlação de forças que existe hoje, cuja a maioria dos
parlamentares não é pró trabalhadores. Devemos valorizar
muito o voto, que nunca valeu tanto quanto a partir de
agora.
Portal CNTTL: Dos pontos discutidos na Oficina de Planejamento da
FENTAC qual questão você destaca mais relevante?
Lemos: Discutimos
o perfil desse novo empresário do setor aéreo, que não está
preocupado com a produtividade e nem com a geração de empregos. O
interesse deles é baixar custos a qualquer preço, colocando o
dinheiro especulativo deles. Eles são formados de parceiras de
grandes fundos de pensões internacionais. Um exemplo é a Swissport,
empresa internacional auxiliar responsável pelo carregamento,
descarregamento e limpeza de aeronaves, que pensava na produção e
hoje quer baixar o custo em todo o mundo só para o empresário poder
ganhar mais dinheiro. Por isso, é importante ocupar os espaços
nestes fóruns e eventos internacionais do mundo do trabalho da
aviação e fortalecer a nossa unidade para enfrentar esse
capitalismo selvagem.
Portal CNTTL: Como você espera ver a gestão da FENTAC em
2017?
Lemos: A
FENTAC está amadurecendo muito, estou gostando demais de como o
Sergio Dias (presidente da entidade) está conduzindo a Federação
inclusive, nós aeroportuários, fizemos uma discussão no nosso
Sindicato e se ele disputar a reeleição terá todo o nosso
apoio.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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