Golpistas da Comissão Especial na Câmara aprovam golpe e acampamento em defesa da democracia cresce

Agora pedido segue para ser votado no Plenário. Votação deve iniciar no dia 15

Por: Da CUT-DF
Publicação: 12/04/2016
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Rodoviários e sem-terra protestam contra os golpistas - foto: CUT/DF

Com menos votos do que o esperado (38 contra 27), os golpistas da comissão especial da Câmara conseguiram aprovar na noite de segunda-feira (11) o parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO), que defende a abertura do processo de afastamento de Dilma Rousseff, mesmo não havendo qualquer comprovação de crime de responsabilidade contra a presidenta. Os golpistas, que agora mostram as caras e terão seus nomes registrados como conspiradores nos postes e na história, precisam ter dois terços dos votos de todos os deputados na votação em plenário.

Enquanto os parlamentares votavam na comissão especial pela abertura do impeachment, o lado de fora do Congresso foi tomado por manifestantes de diversos movimentos sindicais e sociais, como a CUT e o MST, que realizaram ainda na parte da tarde a abertura da semana nacional de mobilização a favor da democracia.

“Não dá para vacilar. O futuro do país e das conquistas dos trabalhadores estão em jogo. Precisamos seguir a pressão contra os golpistas que perderam as eleições e querem impor na marra um governo das elites, da exploração selvagem sobre os trabalhadores, do abismo social, da miséria, da entrega das riquezas do país aos capital internacional e do retrocesso político e social. Vamos à luta. Golpistas e fascistas não passarão”, conclama Rodrigo Britto, presidente da CUT Brasília.

A Esplanada dos Ministérios foi separada por divisórias de metal para que os manifestantes pró e contra o impeachment não se encontrem ao longo do processo de votação. Enquanto a luta por democracia e direitos coloriu um dos lados reunindo mais de 2 mil pessoas, o golpismo e as ofensas contra a imagem de Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula foram aplaudidas por aproximadamente 40 pessoas. “Eles só tem ódio e nós somos movidos pelo amor. Se algum deles vier pra cá, o máximo que pode acontecer é ele sair daqui com um de nossos cartazes porque mudou de ideia. Mas se alguém de vermelho aparecer do lado de lá… Sabemos que a intolerância vencerá e teremos uma pessoa no mínimo ferida”, discursou um militante da Central de Movimentos Populares- CMP.

Vigília Permanente

Parte dos manifestantes que se manifestaram diante do Congresso estava acampada desde sábado no estacionamento do Teatro Nacional. São sem terra, rodoviários e trabalhadores de várias categorias que vieram de vários pontos do país para protestar contra o golpe agora escancarado na Câmara. Durante a tarde desta segunda (11), receberam no acamamento trabalhadores e estudantes de Brasília e entorno e acompanharam shows musicais e discursos. No início da noite desceram em marcha pela Esplanada até a frente do Congresso, onde se manifestaram em favor da democracia e em defesa dos direitos conquistados até aqui.

pós o protesto, os manifestantes de outros Estados foram obrigados a deslocar o acampamento para a frente do ginásio Nilson Nelson. De lá, militantes de movimentos sociais de todo país prosseguirão a vigília para pressionar a votação do processo de impeachment e mostrar para os parlamentares que o povo brasileiro não aceitará que a democracia seja golpeada novamente.

Até o próximo domingo (17), quando a votação em plenário se encerra, milhares de manifestantes são esperados no acampamento popular para tensionar o Congresso e mostrar que a classe trabalhadora, mesmo com críticas à política econômica recessiva, não é a favor do impeachment que desrespeita o voto de 54 milhões de brasileiros e golpeia o processo democrático construído a duras penas no país. Todos os dias, às 7h da manhã, os dirigentes dos movimentos sociais se reunirão no acampamento para organizar os atos políticos que tomarão as ruas da capital ao longo da semana.

“Nesse momento, temos o acirramento absoluto e concreto da luta de classes em nosso país, por isso precisamos marcar a nossa posição política como esquerda organizada brasileira. Nossa tarefa é massificar as mobilizações para barrar esse golpe orquestrado pelos grandes meios de comunicação, por uma direita que não aceita o resultado das urnas e por essa classe média raivosa, sexista, machista, homofóbica e preconceituosa que tenta impor medo à classe trabalhadora”, afirma o dirigente do MST,  Marco Antônio Baratto.

Para o dirigente sem terra, a classe trabalhadora e os movimentos sociais sairão fortalecidos do delicado momento político  pelo qual passa o país. “Não queremos o retorno do fascismo; queremos mais direitos. Após barrar o golpe, continuaremos nas ruas exigindo do governo Dilma um posicionamento mais à esquerda, vamos tensionar esse governo para que ele desenvolva de fato um projeto popular que nos contemple, avançando na reforma agrária, na reforma da comunicação e em todas as outras transformações necessárias para garantir cada vez mais direitos políticos e projetos sociais para a classe trabalhadora”, garante o dirigente do MST.

O que acontece agora

Nesta terça-feira (12), o parecer do relator do processo de impeachment será lido no Plenário da Casa. Na quarta (13), o documento será publicado no Diário Oficial da Câmara. Após 48 horas da publicação, o pedido de abertura do processo de impeachment pode ser votado em plenário. A votação será nominal para os 513 deputados (o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já indicou que também deve votar) e todo o processo pode durar até três dias, com início na sexta-feira (15). O pedido de impeachment só segue para análise do Senado se 342 deputados votarem a favor. Caso contrário, o processo será arquivado.

 



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