Roberto Parizotti
O momento exige coragem, unidade, estratégia e disposição para fazer o enfrentamento ao golpe contra a classe trabalhadora. A tentativa de derrubar a presidenta Dilma não é apenas uma questão política. O golpe é um desrespeito à democracia e um ataque às conquistas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras. O que eles querem é acabar com todos os nossos direitos.
Os conservadores estão preparados para atacar nossos direitos. Já estão tramitando no Congresso Nacional mais de 55 projetos de lei para ampliar a terceirização sem limites e acabar com um dos maiores e mais antigos símbolos dos direitos dos/as trabalhadores/as, a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), que este mês completa 84 anos.
O que está em jogo - venho dizendo isso há meses -, não é apenas o combate à corrupção e, sim, a disputa entre o projeto de exclusão (da oposição, liderada pelo PSDB, DEM, PPS e outros) e o de inclusão social, com distribuição de renda e geração de emprego, que a sociedade brasileira vem elegendo desde 2002.
Nos últimos 13 anos, apesar das crises financeiras internacionais, como a de 2008, gerada pelo estouro de uma grande bolha imobiliária, o Brasil gerou 20 milhões de empregos formais, garantiu um aumento real de 77,18% no salário mínimo, tirou mais de 40 milhões de pessoas da miséria, beneficiou um milhão de estudantes com o Prouni e entregou 4 milhões de unidades do Minha Casa, Minha Vida, entre outros programas. Foi uma verdadeira revolução social que chamou a atenção do mundo inteiro e isso, em plena crise internacional.
É esse projeto de transformação que o capital e os parlamentares reacionários querem destruir. É este projeto que a burguesia quer enterrar, de preferência, destruindo o PT, os petistas, a CUT e os movimentos sociais que contribuíram com o êxito desta revolução.
Como não podem acabar conosco via voto, deputados e senadores conservadores se aliaram a mídia e a parte do Poder Judiciário e Polícia Federal para articular o golpe jurídico-midiático que está em curso. Não se importam de atingir a alma da democracia que ainda estamos lutando para consolidar. Agem como se vivêssemos em um regime de exceção onde os direitos e as liberdades civis podem ser atacados sem que os culpados sejam cobrados, muito menos punidos por estes crimes.
Em 2014 fomos às ruas para garantir a reeleição de Dilma e impedir a vitória dos neoliberais, representados pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que não suportou ter perdido as eleições e passou a liderar o Golpe de Estado. Durante a campanha eleitoral, o tucano deixou claro que a sua agenda era a agenda do empresariado, ou seja, fim da política de valorização do salário mínimo e uma centena de propostas de arrocho salarial e retirada de direitos. Os que hoje bancam as ações pró-golpe, são os mesmos que bancaram financeiramente a plataforma apresentada por Aécio.
O combate à corrupção é uma bandeira histórica da CUT. Os/as brasileiros/as honestos querem que todas as denúncias sejam investigadas e os responsáveis punidos. O que não podemos admitir é que uma operação policial seja usada para fomentar um Golpe de Estado e paralise a economia do país, destrua centenas e centenas de empregos, prejudicando os/as trabalhadores, suas famílias e o país inteiro.
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