Rafael Vilela
O encontro de Luiz Inácio
Lula da Silva com as mais de três mil pessoas que lotaram a quadra
do Sindicato dos Bancários de São Paulo, na sexta-feira (4), na
região central da capital, foi uma espécie de redenção
num dia, como citou o ex-presidente, de desrespeito a um
legado.
Visivelmente emocionado e com a voz embargada, Lula fez um discurso
de menção a avanços de seu governo, mostrou que as conquistas só
foram possíveis porque funcionaram em um processo de aliança com o
povo e ressaltou que é justamente a defesa dessa herança, dos
direitos e conquistas, que deve mover a
militância.
O ex-presidente, que foi levado de
maneira coercitiva – situação em que é obrigado a depor – para a
Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, em São
Paulo, lembrou-se da política de valorização do salário
mínimo implementada em seu governo e que
garante aumento real do valor há 11 anos, falou sobre as
mudanças de hábito a partir do aumento do poder de compra, como o
acesso a viagens de avião e apontou que a política é que deve estar
a serviço da economia. E não o inverso.
“Provamos aos economistas da USP que o que falaram a vida inteira
não era verdade. Pobre não era problema”, disse Lula, aclamado a
cada menção a uma possível candidatura às eleições de 2018.
E essa foi apenas uma das lembranças dos contatos com a população
que se tornaram mais frequentes do que nos governos anteriores.
Citou o caso de um catador de papel de uma cooperativa de
reciclagem que, ao ser recebido por ele, agradecia o fato de ter
entrado ao menos uma vez no Palácio do Planalto e emendou com a
referência à forma como enfrentou a crise econômica de 2009.“Os
recursos que emprestamos aos pobres começou a gerar produção,
arrecadação investimento”, afirmou.
Ao falar das críticas conservadoras a programas sociais como o
Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família e o Luz para Todos, Lula
definiu o segredo para o sucesso dessas ações. “A única coisa que
eles (críticos) não sabiam é que eu não era eu. Eu era
vocês”, disse.
Lula também fez referência às mulheres, ao povo negro e às
políticas públicas implementadas em seu governo. “Eu não conseguia
me conformar de saber que neste país um negro não podia ser gerente
de um banco. Um negro não poderia ser um dentista. Não podia ser
engenheiro. Não podia ocupar um cargo de médico porque negro
nasceu, na lógica deles, para ser pedreiro”, exemplificou, ao se
referir à visão da supremacia de uma elite branca constituída no
Brasil.
Ele comentou ainda da coragem do país em eleger a primeira mulher
presidenta e falou sobre como foi difícil ver de perto o machismo
que ainda toma conta do país.“Descobri que
muito mais grave do que o preconceito contra a mim era o
preconceito contra a mulher. Nunca vi uma pessoa ser tão
agredida quanto a Dilma.”
Provocações
Mais uma vez mostrando indignação pela condução coercitiva diante
de sua disponibilidade em contribuir para a justiça, Lula usou
o bom humor para negar as acusações de favorecimento na
aquisição de um apartamento no Guarujá e da reforma de uma
chácara.
“Só tem um jeito do apartamento ser meu: é alguém comprar e me
dar. Eles dizem que é minha uma chácara que não é minha”, disse,
antes de defender sua conduta na vida pública. “Podem pegar o
Procurador Geral da República (Rodrigo Janot), o Moro (juiz
Sérgio Moro), um delegado da Polícia Federal. Se houver alguém mais
honesto que eu, desisto da vida pública. Eu faço política de cabeça
erguida neste país.”
Entre críticas à condução do caso, Lula aproveitou a ocasião para
fazer agradecimentos. “Se há uma pessoa neste país que aprendeu a
palavra gratidão ao povo brasileiro sou eu. Ninguém pode ser mais
grato. Porque não é normal um cara como eu, que vim da onde eu vim,
que estudou como eu estudei, com só o quarto ano primário, ter a
primazia de ter sido escolhido para ser o presidente da
República.”
Para Lula, a maneira como a investigação e o depoimento foram
conduzidos desrespeitaram a sua história.
Mas, se a ideia era enfraquecer sua liderança, a ação ajudou a reacender o desejo de viajar o país em defesa de um legado. “Um ex-presidente que fez o que fiz por esse país não merecia receber o que recebi hoje. Mas se quiserem me derrotar, vão ter de me enfrentar nas ruas deste país”, alertou.
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