Mobilização da CUT na Paulista - Foto: Vanessa Barboza - Mídia Consulte
Deputados federais e senadores retomam os trabalhos em fevereiro, logo após o Carnaval, e terão na agenda um pacote com ao menos 10 projetos muito polêmicos. A lista faz de 2016 um ano essencial na atuação dos movimentos sindical e sociais em defesa da democracia, da manutenção de direitos e contra o conservadorismo.
O primeiro passo anunciado pela CUT será uma manifestação marcada para março, em que os movimentos marcharão em Brasília para pressionar os parlamentares contra qualquer tipo de retrocesso.
Conheça os dez projetos e suas perspectivas para cada um:
Estatuto da
Família (PL 6583/2013)
Autor: deputado Anderson Ferreira (PR-PE)
Resumo: determina que a família é formada
exclusivamente por homens e mulheres e exclui, portanto, casais
LGBTs desse conceito
Situação: aprovado por comissões, aguarda a
resposta ao recurso do PT, que é contra o texto ser incluído na
pauta da Câmara.
Perspectiva: desde que se readotou o poder
terminativo para aprovação projetos, foram apresentados centenas de
recursos e poucos foram apreciados. Não faria sentido votar esse
texto furando a fila em detrimento dos demais. Mas, se for votado,
tem a tendência de ser aprovado.
Maioridade Penal (PEC 171/1993)
Autor: deputado Benedito Domingos (PP-DF)
Resumo: reduz a maioridade penal para 16
anos
Situação: aprovado na Câmara, está agora no
Senado.
Perspectiva: o Senado não aprova e vai optar
por modificar o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente),
aumentando o tempo de reclusão e, eventualmente, retirando a
condição de primário do até então menor de idade.
Lei Antiterrorismo (PL 2016/2015)
Autor: Poder Executivo
Resumo: altera a lei para reformular o
conceito de organização terrorista
Situação: aprovado na Câmara, já foi
modificado pelo Senado e volta à Câmara.
Perspectiva: da forma como está redigido,
pode permitir que manifestações de trabalhadores possam ser
entendidas como um atentado à estabilidade democrática. O movimento
sindical precisa pressionar o governo para que imponha vetos a
artigos com o objetivo de impedir que a definição de terrorismo
alcance manifestações populares. A tendência é que seja aprovado
como está.
Criminalização da vítima de violência sexual (PL
5069/2013)
Autores: deputado Eduardo Cunha e outros
Resumo: abre brechas para punir qualquer
pessoa que oriente o uso de método contraceptivo e preste
orientações sobre o aborto legal definido pela Constituição
Situação: Aguarda inclusão na pauta da
Câmara. Esse projeto deve perder densidade, caso Cunha seja
afastado. Não tem apoio político suficiente para, sem ele, ser
pautado. Depende de alguém muito conservador, mas a tendência é que
não passe pelo colégio de líderes da Câmara.
Terceirização (PLC 30/2015)
Autor: deputado Sandro Mabel
Resumo: permite a terceirização sem
limites
Situação: o projeto é a continuidade do PL
4330, aprovado na Câmara, e aguarda votação no Senado
Perspectiva: tinha a tendência de ser
rejeitado pelo relator, senador Paulo Paim (PT-RS). Mas começa a
haver sinalização de que o Renan Calheiros (presidente do Senado)
não vai mais dar o tempo que se imaginava para discuti-lo. Senado
deve retirar a atividade-fim e aprová-lo, independente do parecer
do Paim. O risco é o texto voltar à Câmara, onde há muitos
parlamentares eleitos com recursos de empresários que pressionam
pela aprovação da matéria.
Altera participação da Petrobrás na exploração do pré-sal
(PLS 131/2015)
Autor: senador José Serra (PSDB-SP)
Resumo: retira a obrigatoriedade da Petrobras
como exploradora exclusiva do pré-sal
Situação: aguarda votação no Senado
Perspectiva: a tendência é que seja aprovado,
ainda que possa haver mudança no seu conteúdo para que a condição
da Petrobras, como operadora única, seja facultativa e não mais
obrigatória.
Estatuto do desarmamento (PL 3722/2012)
Autor: deputado Rogério Peninha Mendonça
(PMDB-SC)
Resumo: facilita a aquisição e o porte de
armas de fogo
Situação: aguarda inclusão na pauta da
Câmara
Perspectiva: tema deve ser de votação muito
apertada na Câmara. Mas, no Senado, a tendência é que esse projeto
mude radicalmente para que o desarmamento geral seja impedido. O
estatuto foi ideia do Renan Calheiros, ele liderou o processo. O
problema é que a matéria volta à Câmara, se houver alteração, onde
a bancada da bala é muito forte. Após isso, só restará o veto da
presidenta.
Privatização
das Estatais (PLS 555/2015)
Autor: substitutivo aos projetos de lei do
Senado 167/2015, dos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), e
343/2015, de Aécio Neves (PSDB-MG); e do anteprojeto apresentado
por Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
Resumo: permite a venda e particpação do
capital privado em empresas estatais como Correios e Caixa
Econômica
Situação: aguarda apreciação do Senado
Perspectiva: como parte da Agenda Brasil,
proposta pelo Senado, tem altíssima chance de aprovação já que,
segundo o Jereissati, conta com apoio do atual ministro da Fazenda,
Nelson Barbosa. Com neutralidade do governo, apoio do poder
econômico para terceirizar e o líder do PSDB comandando, é o que
conta com maior chance de aprovação dessa lista.
Flexibilização
do Conceito do Trabalho Escravo (PLS 432/13)
Autor: Romero Jucá (PMDB-RR)
Resumo: desconfigura e ameniza o conceito de
trabalho escravo
Situação: retirado da pauta do Senado após
pressão dos movimentos sociais, passará por todas as comissões do
Senado
Perspectiva: há várias iniciativas na Câmara
e no Senado para modificar o Código Civil e dar conteúdo semelhante
ao que a OIT (Organização Internacional do Trabalho) prevê e que é
mais brando do que a legislação brasileira. Tema tem apelo popular
contrário e pode cair, mas dependente também da sinalização do
governo, que ainda não se manifestou.
Redução da
idade de trabalho (PEC 18/2011)
Autor: Dilceu Sperafico (PP-PR)
Resumo: autoriza o trabalho de regime parcial
a partir dos 14 anos
Situação: está na CCJ (Comissão de Constituição
Justiça e Cidadania da Câmara) e aguarda aprovação
Perspectiva: A PEC exige 308 votos, fórum
qualificado. Não é um assunto que mobilize todas as bancadas
conservadoras e não deve ir a plenário, porque depende da
constituição de uma comissão especial, que consumiria 40 sessões.
Não é uma das maiores ameaças.
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