Foto: CUT
Sindicalistas, empresários e lideranças de organizações da sociedade civil se reuniram na quinta-feira (3) para o lançamento do “Compromisso pelo Desenvolvimento”. Eles atacaram o prolongamento da crise política, que estaria alimentando continuamente a crise econômica. Aos microfones, os convidados para a mesa de lançamento não fizeram menção aos nomes de Dilma nem ao de Eduardo Cunha.
Mesmo assim, a crítica à condução da crise, um dia após a abertura do processo de impeachment pelo presidente da Câmara, foi clara. Em entrevista à imprensa, o presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Carlos Pastoriza, disse que disputas movidas por “interesses particulares” estão sacrificando o emprego e o salário e, por extensão, os setores produtivos.
Questionado por jornalistas, o presidente da OAB-SP, Marcos da Costa, atacou diretamente Cunha: “Se ele estivesse mesmo respondendo ao clamor das ruas, já teria renunciado”. Quanto ao impeachment, disse que aguardará a avaliação do conselho federal da entidade antes de se pronunciar.
Retomar o desenvolvimento
As entidades reunidas para o lançamento do “Compromisso” começaram a planejar a ação há pelo menos dois meses. O encontro de hoje já estava organizado e agendado havia 15 dias. O objetivo era divulgar uma lista de propostas para que a economia brasileira rompa a inércia em que se encontra, elaboradas em conjunto pelas seis centrais sindicais de trabalhadores, entidades empresariais e especialistas ligados a entidades como o Dieese.
O recrudescimento da crise política, com os acontecimentos da noite anterior, acentuou a defesa da unidade dos diferentes setores produtivos para impedir que 2016 repita a queda do PIB que marcará 2015.
“Gente, em 10 dias, nós, com interesses diferentes, sentados a uma mesa de debate, construímos um documento. Temos de construir, pensando no Brasil”, argumentou o presidente da associação das montadoras. Moan afirmou que todos os investimentos das empresas afiliadas previstos para 2016 serão mantidos. “Nossos investidores sabem que a crise vai passar, que este é um momento de transição”, completou.
“Nós não podemos dar como perdido 2016”, afirmou o superintendente da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Fernando Pimentel. “Temos de resgatar nossa confiança. Este momento é um tiro de largada, não uma fita de chegada”.
Direitos dos trabalhadores
Vagner Freitas, presidente da CUT, afirmou que as centrais não aceitam nenhuma redução de direitos trabalhistas. “Pensar no Brasil é pensar nos trabalhadores e trabalhadoras, na ampliação dos empregos e dos salários. Desenvolvimento não é acabar com a esperança dos trabalhadores. Creio numa retomada, numa unidade que nos leve a virar a página”.
Vagner afirmou que nos últimos 12 anos o Brasil viveu um período de crescimento, o que comprova a viabilidade do País, e lembrou “que os empresários ganharam muito, alguns mais até do que esperavam”, como a cobrar o fim do ciclo de reclamações que, segundo ele, encontram campo fértil na mídia tradicional: “Não precisamos acreditar na tese de terra arrasada, onde é preciso começar tudo de novo”.
Interesses 'mesquinhos'
Para Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia, “um país que tem amplas condições de construir um projeto próprio não pode ser refém de interesses mesquinhos, particulares”.
Miguel Torres, presidente da Força, advertiu que o desemprego é “combustível para a crise” e reivindicou mudanças na política econômica, especialmente na taxa básica de juros, que privilegia a especulação e trava a produção. “Queremos sinalizar que temos esperança sim, e a esperança é o desenvolvimento”.
Para o presidente da CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Adílson Araújo, o encontro desta quinta é “uma atitude de maturidade política”. Para Ricardo Patah, há uma tentativa coordenada de espalhar “medo” nos brasileiros. “Mas os agentes dessa desesperança não terão força”, concluiu. Para Antonio Neto, da CSB (Central de Sindicatos Brasileiros), outra medida necessária é a auditoria da dívida interna, com o objetivo de suspender seu pagamento e direcionar recursos para políticas de desenvolvimento.
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