12º CONCUT: Movimento sindical tem responsabilidade na luta contra a discriminação racial

Em atividade com convidados internacionais, Central celebra década dos afrodescendentes

Por: Vanessa Barboza
Publicação: 15/10/2015
Imagem de 12º CONCUT: Movimento sindical tem responsabilidade na luta contra a discriminação racial

Dino Santos

O ódio e a intolerância permeiam discursos machistas, homofóbicos, racistas e xenófobos em todo o mundo.  Esta tônica esteve presente nos relatos de representantes internacionais durante quarta-feira (14), na 12ª edição do Congresso Nacional da CUT (CONCUT), que conta com a participação de representantes de 72 países.

Referência internacional, o Haiti foi o primeiro país da América Latina a se tornar livre e a primeira nação negra independente, a partir da rebelião alçada contra a França, em 1804, conforme lembrou o secretário Geral da Confederação dos Trabalhadores no Setor Público e Privado (CTSP) do Haiti, Jean Bonald Golinsky. 

Como parte desta luta, a Década Internacional dos Afrodescendentes, proclamada pela ONU, traz como proposta dar visibilidade ao tema e, ao mesmo tempo, promover o respeito entre todos os povos em busca dos direitos humanos e liberdades fundamentais aos afrodescendentes.

Ao fazer referência à década dos afrodescendentes, que começou em 1º de janeiro de 2015 e seguirá até 31 de dezembro de 2024, a secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, Maria Julia Nogueira, fez um alerta para o extermínio da juventude negra do Brasil. “Os jovens negros têm sido exterminados nas periferias. Sabemos também que a discriminação se dá principalmente no mundo do trabalho onde as mulheres negras sofrem dupla discriminação, por serem mulheres e negras”, afirmou.

Do continente africano, a vice-presidenta da Confederação Sindical Internacional (CSI), Maria Fernanda Carvalho, também expressou indignação. No CONCUT, ela falou sobre o fim do apartheid e disse ser necessário acabar com este modelo de segregação, que muitas vezes ocorre de forma subjetiva. “Abaixo o racismo! Sou descendente de uma raça que foi discriminada, entretanto, jamais aceitarei ser discriminada”, alerta.

Responsabilidade do movimento sindical

Para Jean, “o movimento sindical tem uma grande responsabilidade com relação a este tema, precisa assumir a luta contra a discriminação, que tem muitas formas, econômica, racial, contra determinadas religiões e contra os homossexuais”, diz, a exemplo de seu país de origem.

Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado em 2013, aponta que os negros recebem, em média, 63,89% dos salários dos não negros e se concentram em sua maioria no setor de serviços.

O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, ressaltou que, apesar do Brasil ter sido o último país a abolir a escravidão, o movimento social e sindical permanecerá na luta para diminuir as desigualdades. “Sabemos que os salários e as condições entre negros e não negros não são iguais”, afirmou.

 



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