divulgação
No último dia 16, por 42 votos contra 17, o Senado aprovou a
urgência para tramitação do PLS 131/2015 (Projeto de Lei
do Senado), do senador José Serra (PSDB-SP), que altera o regime de
partilha na exploração do pré-sal. O texto agora segue direto para
o plenário, sem passar por comissões do Senado.
De acordo com a Lei de Partilha nº 12.351, de 2010, a Petrobras tem
que entrar com ao menos 30% dos investimentos na perfuração dos
blocos e é operadora única da camada pré-sal. O projeto do tucano
abre espaço para exploração da iniciativa privada sem participação
da estatal.
Após a mobilização no Senado, tratada com armas de choque e
agressões por parte dos seguranças da Casa, os petroleiros ocuparão
aeroportos de todo o país, no dia 30 de junho, em defesa da
soberania e do patrimônio brasileiro.
Petroleira e coordenadora geral do Sindipetro-SP (Sindicato
Unificado dos Petroleiros de São Paulo), Cibele Vieira, explica que
a categoria é contra a celeridade dessa discussão e cobra um debate
público por conta da relevância que tem para o futuro do
Brasil.
Ela explica que o monopólio estatal é fundamental para garantir a
política de conteúdo local, a preservação do modelo de exploração
do pré-sal que só o Brasil domina e a sustentabilidade do Fundo
Social mantido com lucros da exploração. Sem a participação da
Petrobras no processo, avalia, o controle sobre o processo fica
praticamente inviabilizado.
Pela lei de partilha, as empresas gerenciam e operam as instalações
dos campos, mas o Estado detém a propriedade do petróleo. Ganha a
concorrência, a empresa que oferecer maior lucro ao Estado.
No caso dos campos de Libra, 60% do lucro ficam com o Estado e
metade disso vai para o fundo social, que destina metade do seu
montante para a educação e a saúde. Por isso a necessidade de a
Petrobras ser a única operadora como forma de evitar qualquer
drible à arrecadação que prejudicaria esse fundo.
Além disso, pela legislação, atual, em média, 60% de todas as
compras que a Petrobras realiza obedece a um critério de conteúdo
local, com aquisições de empresas brasileiras, que pode ser
desarticulada e prejudicar setores como metalúrgico e naval.
“Muita gente tenta colocar que a Petrobras está falindo e que o
petróleo não terá mais valor num curto prazo. Vamos ver: a
Petrobras lançou títulos no mercado para vencimento em 100 anos.
Ela colocou US$ 2,5 bilhões e a procura foi por US$ 10 bilhões.
Como uma empresa que vende títulos para 100 anos a esse patamar vai
perder o valor e não terá como se financiar? O problema é que a
gente tem um conluio do mercado financeiro com as empresas
privadas, inclusive, abaixando o rating (notas de agências
internacionais) da estatal e, com isso, aumentando a taxa de juros
que ela paga para novos financiamentos. E quem controla
essasclassificação são empresas estrangeiras, que estão ligadas a
empresas petrolíferas interessadas no pré-sal”, explica.
Cibele aponta ainda que as empresas internacionais querem entrar no
jogo justamente quando a parte mais complexa foi
vencida. “Investimos para diminuir o preço de extração do
pré-sal para US$ 9 dólares o barril. Quando estava US$ 60, ninguém
queria, porque tinha de colocar dinheiro. Investimos e pagamos com
o dinheiro da Petrobras, que é do povo brasileiro, e agora que
vamos começar a receber o valor de volta entregaremos o pré-sal?”,
questiona.
Da CUT
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