Da CUT
A Câmara dos Deputados aprovou na noite de quarta-feira (13) o
texto principal da Medida Provisória (MP) 664/14, que muda as
regras e restringe o acesso à pensão por morte e auxílio-doença. O
placar ficou em 277 parlamentares favoráveis e 178
contra e as emendas seguem em discussão.
Ainda que o relatório do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) tenha
apresentado mudanças como a redução de dois para um ano e meio o
tempo de contribuição para ter direito à pensão por morte e a
manutenção do valor integral da aposentadoria, a CUT se manifestou
contrária à medida.
“Primeiro, porque representa a retirada de direitos, da mesma forma
que a MP 665, aprovada na semana anterior na mesma Câmara, e
restringe o acesso a conquistas como o seguro-desemprego”, destacou
o presidente nacional da Central, Vagner Freitas.
“Segundo, porque nada disso foi negociado conosco, tudo foi imposto
e o constrangimento da base aliada poderia ser evitado se o governo
retirasse as medidas e levasse a discussão sobre esses temas ao
fórum que criamos e terá participação nossa, além do próprio
governo e dos empresários”, disse o dirigente em referência ao
Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho, Renda e
Previdência Social, que terá início do mês de junho.
Lobos em pele de
cordeiros
Tanto quanto o resultado da votação, as intervenções dos
parlamentares antes da decisão sobre a medida provisória alçaram a
Câmara a uma realidade curiosa.
Parlamentares como Alex Manente (PPS-SP) e Artur Maia (SDD-BA), que
aprovaram o projeto de terceirização sem limites (Projeto de Lei
4330), responsável por rebaixar direitos e condições de trabalho,
travestiram-se de defensores dos trabalhadores e questionaram a
ausência da CUT nas galerias.
Ao plenário onde predominavam coletes laranja da central sindical
que apoiou o PL da terceirização, apenas a direção nacional da CUT
teve acesso, representada por Maria Faria (Secretária-Geral
Adjunta), Rosane Silva (Mulheres), Graça Costa (Relações do
Trabalho), Greg (adjunto de Formação), Maria Júlia (Combate ao
Racismo), Eduardo Guterra (adjunto de Saúde) e pelos diretores
executivos Daniel Gaio e Jandira Uehara
Ainda assim, os dirigentes só conseguiram entrar por conta
de um habeas corpus concedido pela ministra do Supremo
Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e após muita pressão sobre
a segurança.
Durante a sessão, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
foi questionado por outro parlamentar sobre a restrição ao acesso à
Casa e respondeu que a “Central Única dos Trabalhadores teve total
liberdade" e que "autorizou a entrada de quem quisesse até o limite
de 250 pessoas”.
Porém, o vídeo abaixo, gravado por um dos assessores da Central,
mostra Nele, os seguranças tentam barrar o acesso aos dirigentes
que traziam a decisão do STF nas mãos e ainda afirmam que a ordem
partiu de Cunha.
Vagner Freitas desafiou ainda a direita, que classificou como
hipócrita, a defender os trabalhadores contra retrocessos
profundos, como a terceirização que deve voltar à Câmara após
passar pelo Senado.
“Beira o ridículo vermos figuras como o Arthur Maia, que trabalhou
em defesa da precarização dos direitos, ter a coragem de questionar
a CUT. Primeiro ele precisa explicar por que o partido dele e do
Paulinho da Força tentaram enganar o trabalhador na discussão sobre
o PL 4330, dizendo que algo nocivo à classe trabalhadora ampliava
direitos”, criticou.
Fator
Previdenciário
Também nesta quarta, a Câmara aprovou uma emenda que permite ao trabalhador escolher a regra 85/95 na hora de se aposentar, ao invés do fator previdenciário. Pela norma aprovada, a mulher poderá ter a aposentadoria integral quando a soma de idade após 30 anos de contribuição à Previdência for de 85, e o homem, de 95. No caso dos professores, haverá a diminuição de 10 anos nesse total.
Da CUT
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