Foto: Leandro Severo
Os movimentos sindical e sociais que integram o Fórum Social
Mundial em Túnis, na Tunísia, promoveram uma assembleia na
sexta-feira (27) para apresentar uma agenda comum de lutas contra o
capitalismo, o imperialismo e todas as formas de opressão.
Desde Belém e passando por Tunísia e Senegal, a atividade tem sido
um dos mais importantes espaços de convivência dos movimentos para
construir ações concretas que vão além da reflexão do dia a dia das
organizações, conforme destacou o diretor Executivo da CUT, Rogério
Pantoja.
Em sua intervenção, o dirigente defendeu a autonomia para
organização sindical em todo o mundo.
“Lutamos pela liberdade de organização dos sindicatos e movimentos
sociais e denunciamos a criminalização e o assassinato de
ativistas, jornalistas e juventude, assim como a criminalização das
nossas lutas. Movimentos sociais, avancemos para a unidade global
para desconstruir o sistema capitalista”, conclamou.
O encontro no anfiteatro da faculdade de Direito de El Manar
ocorreu sem a presença de tradutores voluntários, que suspenderam
as atividades e organizaram uma greve por conta da falta de
pagamento de ajuda de custo, transporte e alimentação.
Prova de que o Fórum não produz reflexão e luta somente para fora,
mas também internamente.
A carta
Com o título “Os povos unidos jamais serão vencidos”, a carta dos
movimentos sociais evidenciou que vivemos tempos de lutas
transnacionais contra organizações globais.
Na divulgação do documento, uma mesa com paridade de gênero e raça
tratou da crise do capitalismo, da luta das mulheres, repudiou as
guerras e tratou dos impactos dos avanços imperialistas para o
clima.
A Assembleia dos Movimentos Sociais convocou também para
mobilizações unificadas em todo o mundo.
As primeiras delas, uma série de ações da 4ª Marcha Mundial de
Mulheres, que acontecerá entre março e outubro deste ano.
Em 18 de abril, acontecerá um dia de ação global contra tratados de
livre comércio como forma de denunciar que o aquecimento global é
resultado de um sistema capitalista de produção, distribuição e
consumismo.
O encontro apontou também para a semana de luta contra o
capitalismo com ações coordenadas entre 17 e 27 de outubro.
Entre novembro e dezembro de 2015, em Paris, junto com a COP 21
(Conferência do Clima), os movimentos promoverão atos para fechar
um ano que deve ser marcado pela mobilização em defesa da justiça
climática.
Outros pontos
A Assembleia dos Movimentos Sociais refirmou a luta contra o
agravamento da crise profunda do capitalismo em que empresas
transnacionais, bancos e conglomerados midiáticos ajudam os
governos neoliberais a expandir uma política intervencionista e
neocolonialista.
Citou que guerras, ocupações militares, tratados neoliberais de
livre comércio e políticas de austeridade se traduzem em pacotes
econômicos que privatizam os bens comuns, como a água, a terra, o
ar, as sementes e os recursos minerais, além dos serviços públicos.
O resultado disso é o rebaixamento de salários, violação de
direitos, aumento do desemprego, a sobrecarga das mulheres no
trabalho e na responsabilidade familiar.
Isso resulta no aumento das migrações, retirada de povos de seus
territórios, endividamento e desigualdade sociais.
A imposição da economia verde como solução falsa do meio ambiente e
da crise alimentar, somente agrava o problema, ressalta o
documento. Os povos que não são responsáveis por essa crise e não
devem pagar por ela, destaca o texto que ainda defende não haver
solução possível no seio do sistema capitalismo.
A globalização, definiram os movimentos, deve ser fundamentada na
solidariedade e na liberdade de circulação para todos os seres
humanos. Assim como a agricultura familiar é a solução verdadeira
para a crise alimentar e climática e significa também acesso a
terra para aqueles que nela trabalham.
Os movimentos repudiam também a violência exercida contra as
mulheres nos territórios ocupados e também a criminalização por
participarem de lutas sociais. Ao mesmo tempo, defendem a liberdade
sexual, a auto determinação de gênero e a luta contra a homofobia e
violência sexista.
Ressaltam ainda a necessidade de lutar pela democratização dos
meios de comunicação de massa e pela construção de meios
alternativos fundamentais para reverter a lógica capitalista.
Por fim, reforçam a solidariedade aos povos do mundo que fazem a
luta cotidiana contra imperialismo e o colonialismo e citam países
que são ou foram recentemente palcos de luta pela liberdade e a
democracia como a própria Tunísia e Palestina, Curdistão, Síria,
Iraque, Líbia, Grécia, Espanha, Burquina Faso, Mali, Congo, África
Central e Saara Ocidental.
Da CUT
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