Foto: Roberto Parizotti
A CUT realizou na quarta-feira (4) o lançamento de seu 12º
Congresso Nacional (CONCUT), no Senado, em Brasília. Conforme
recomenda o protocolo em encontros como esse, organizações
internacionais e nacionais de trabalhadores, além de ministros,
estiveram presentes.
Miguel Rosseto (ministro da Secretaria-Geral da Presidência da
República) e Manoel Dias (Trabalho) enalteceram a importância da
Central para a consolidação da democracia, criticaram a tentativa
de golpe que setores conservadores tentam viabilizar contra a
presidenta Dilma Rousseff e apontaram conquistas dos últimos 12
anos.
Último a falar, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas,
aproveitou a presença de representantes do governo para mandar um
recado. Se por um lado a Central vai às ruas no próximo dia 13 em
defesa dos direitos da classe trabalhadora, da Petrobras, de
democracia e da reforma política, por outro, não aceitará viver das
vitórias passadas.
“Não fomos eleitos para falarmos do passado. Fomos eleitos para
continuar conquistando e representando os trabalhadores. Não foi à
toa que a CUT tirou em resolução apoiar a Dilma e eu não estou
arrependido, porque o Brasil estaria arrebentado se o PSDB tivesse
ganhado as eleições. Mas estou muito preocupado com esse início de
governo e temos nos posicionado oficialmente quanto à condução da
linha econômica que temos visto”, disse.
Sem retrocesso
Para Vagner, a presidenta o governo comete o erro de adotar a
proposta derrotada nas últimas eleições. “Quero dizer para a Dilma
que, além de ganhar eleições, tem de implementar a agenda do
desenvolvimento e crescimento. Para que não tenha retirada de
direitos, precisa retirar as medidas provisórias 664 e 665.”
Referindo-se à observação do ministro Manoel Dias, que apontou os
dados divulgados em fevereiro sobre recorde nas baixas taxas de
desemprego, o dirigente da Central fez um alerta. “No decorrer de
sua trajetória de ministro, a cada dois meses, o senhor falou sobre
a geração de empregos no Brasil. E o senhor fez uma intervenção
aqui dizendo que dezembro teve a menor taxa de desemprego. Mas a
comparação entre janeiro deste ano e janeiro do ano passado indica
aumento. Para o senhor continuar dizendo que um dos grandes
patrimônios que temos é o emprego, precisa mudar a política
econômica. Porque estagnando a economia vamos chegar com desemprego
no meio do ano muito maior do que temos hoje”, criticou.
Reajuste também para
ricos
Vagner voltou a cobrar uma agenda positiva para os trabalhadores,
com a discussão sobre o fim do fator previdenciário e a redução da
jornada de trabalho sem redução de salário. Cobrou ainda que a
tesoura do reajuste se volte também à taxação de grandes
fortunas.
“O lado da CUT é a defesa intransigente da classe trabalhadora e
sabemos que hoje isso significa também impedir o retrocesso. Uma
coisa é discutir os rumos do governo, outra coisa é querer
interromper, de maneira golpista, um governo democraticamente
eleito pela maioria da sociedade brasileira”, acrescentou.
Vagner ainda respondeu à velha mídia que têm estabelecido uma
comparação entre os atos do dia 13 e outras convocações pelas redes
sociais para manifestações em defesa do impeachment da presidenta
Dilma. “Os atos do dia 13 tem nome e endereço. É a CUT, a UNE, o
MST, as centrais parceiras, os movimentos sociais e publicamos um
manifesto para dizer quais as linhas da nossa luta. Os outros
eu não sei quem convoca. Não se trata de defender governo ‘a’,’b’
ou ‘c’ e sim afirmar o posicionamento da CUT na conjuntura. Vamos
fazer não só essa manifestação, mas muitas outras contra quem
quiser privatizar a Petrobras, contra quem quiser abrir o capital
da Caixa Econômica. Porque a abertura do capital da Caixa pode
demonstrar uma inversão de política econômica no Brasil, vai abrir
mão dos organismos públicos para investimento em políticas sociais.
Com a Caixa privatizada, quem vai fazer o Bolsa Família e o Minha
Casa Minha Vida?”, questionou.
Paridade vem aí
A vice-presidenta da CUT, Carmen Foro, e a secretária da Mulher
Trabalhadora, Rosane Silva, lembraram que a Central está prestes a
viver um período histórico, a implementação da paridade entre
gêneros na direção.
Carmen ressaltou que a grandiosidade do tema impede qualquer
possibilidade de retrocesso na decisão e Rosane ressaltou que uma
organização democrática de trabalhadores exige o entendimento de
que a classe trabalhadora é formada por dois gêneros.
Para além das fronteiras
Ex-presidente da CUT e atual da Confederação Sindical Internacional
(CSI), João Felício, falou sobre o respeito conquistado ao longo de
30 anos de luta da Central em defesa da democracia e dos direitos
trabalhistas e o secretário-Geral da Confederação Sindical das
Américas (CSA), Victor Báez, avaliou que as políticas de
austeridade impostas nas Américas pela direita, muitas vezes de
maneira golpista, junto com multinacionais e os grandes meios de
comunicação, são semelhantes à atual movimentação da direita
brasileira.
Para a diretora do escritório da OIT (Organização Internacional do
Trabalho) no Brasil, Laís Abramo, da mesma forma que seria
impossível pensar avanços da classe trabalhadora e da democracia
brasileira sem a Central, também seria impossível pensar a
cooperação entre as organizações sindical Sul-Sul sem a atuação da
CUT.
A responsabilidade de unificar
Nas intervenções de dirigentes da Força Sindical, CSB (Central dos
Sindicatos Brasileiros), UGT (União Geral dos Trabalhadores) e Nova
Central, a palavra liderança e unidade estiveram sempre
presentes.
Para Antônio Neto, presidente da CSB, a CUT tem a responsabilidade
de lidedrar o movimento sindical neste momento em que os direitos
trabalhistas correm risco.
“A maior tem a obrigação e o compromisso de trazer para a unidade
as outras centrais para enfrentarmos juntos o momento muito
difícil. Estivemos lado-a-lado durante 12 anos e em três meses de
mandato da Dilma parece que o Brasil está um casos. Caos coisa
nenhuma, estamos é perdendo batalha de comunicação, este é o
terceiro turno da direita que perdeu a eleição e quer ganhar no
grito. E só a unidade da classe operária para enfrentar esse
período.”
Ministro Rosseto apontou a importância da CUT para a consolidação
da democracia brasileiraPara
o secretário da Força Sindical, Sérgio Leite, foi justamente essa
unidade que resultou em 19 projetos aprovados no Congresso
favoráveis à classe trabalhadora, como a política de valorização
permanente do salário mínimo, a isenção de imposto de renda sobre
os lucros e resultados e a lei das trabalhadoras domésticas, ainda
em fase de regulamentação.
Secretária de Relações Internacionais do PT (Partido dos
Trabalhadores), Mônica Valente, acredita que o momento é de disputa
ideológica e exigirá muita sabedoria para trazer à luta quem foi
beneficiado por acesso ao emprego, à universidade e à casa própria
por meio dos programas sociais implementados nos últimos 12
anos.
“Neste momento, duas coisas são fundamentais, ter consciência de
que há uma forte disputa pelo projeto político e que ao longo dos
últimos quatro governos superamos as questões de partido, governo e
sindicato. Cada um tem sua tarefa e mesmo projeto em comum”,
definiu.
Reforma política
Tema de um dos seminários do dia, a reforma política foi
lembrada pela presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes),
Vic Barros, como uma das pautas CUTistas para além do movimento
sindical.
“A abertura do Congresso da CUT se dá no Senado, onde direita tenta
colocar voto distrital e a Câmara tenta constitucionalizar adoção
das campanhas pelas empresas. Se a direita quer debater corrupção
nos também queremos e é fundamental para isso barrarmos a PEC
(Proposta de Emenda Constitucional) 352, a PEC dos corruptores. E
agora também completa um ano do pedido de vista pelo ministro do
Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes sobre o julgamento da Ação
Direta de Inconstitucionalidade da OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), que questiona a doação das empresas para campanhas
eleitorais. É fundamental reforçar o coro, devolve Gilmar!”
Para Rosseto, o Brasil hoje é um país melhor para a classe
trabalhadora e isso é resultado da luta pelo povo em defesa da
democracia, da República e pelos direitos. Na visão dele, essa
batalha foi responsável por forjar a consciência política capaz de
defender conquistas e compreender claramente a qualidade da disputa
politica enfrentada no final do ano passado. “Foi a capacidade de
liderança da CUT e das outras centrais que permitiu derrotar a
direita conservadora e dar a vitória à companheira Dilma”,
falou.
Já Manoel Dias acredita que a defesa da democracia, mais que uma
bandeira é uma necessidade para a Central. “A democracia precisa
ser mantida e conservada, porque quem mais precisa dela são os
trabalhadores. É com a democracia que o trabalhador luta por seus
direitos, propõe e reivindica. O melhor local para empreender a
luta é a rua e só na democracia é possível usá-la como campo de
batalha.”
Da CUT
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
Redação CNTTL
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