Roberto Parizotti
Durante a abertura do encontro do Coletivo Nacional de Saúde do
Trabalhador CUT, na terça-feira (2), o presidente da Central,
Vagner Freitas, apontou a necessidade de a classe trabalhadora
ampliar a representatividade no segundo mandato da presidenta Dilma
Rousseff.
Para ele, o primeiro passo é fazer com que o Ministério do Trabalho
tenha um papel de protagonista. Acima de nomes, o dirigente
ressaltou a urgência de estabelecer um novo caráter à pasta.
“O Ministério não é só para fazer registro sindical, mas para
fomentar crescimento e desenvolvimento. Tem que ter assento no
Conselho Monetário Nacional para discutir política econômica, tem
que ser responsável pela política de formação profissional. E deve
também estar inserido no debate sobre desenvolvimento regional,
porque não se discute desenvolvimento sem trabalhador”,
pontuou.
Vagner ressaltou, porém, que a CUT não quer ficar restrita a debate
os rumos desse ministério porque outros temas atingem a vida do
trabalhador. Para exemplificar ele citou a necessidade de o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior não
ficar limitado ao papel de pressionar por isenção fiscal, mas ter
como função primordial definir um projeto para 30 anos voltado à
indústria e, dessa forma, disputar o orçamento para que os recursos
não fiquem restritos aos rentistas.
“Queremos discutir a condução da política, porque se não tivermos
crescimento de 1,5% a 2% do PIB (Produto Interno Produto), teremos
dificuldades em manter o emprego”, definiu ele, para quem a Central
deve promover um grande movimento em defesa da carteira assinada,
contra a rotatividade, a terceirização e a informalidade.
Governo em disputa
Apesar de citar que a visão de desenvolvimento e não o nome dos
ministros é a prioridade, Vagner afirmou que questionou a
presidenta sobre a manutenção da política de valorização do salário
mínimo, a expansão do mercado interno, o barateamento do crédito e
o controle da inflação, diante da indicação de Joaquim Levy para o
Ministério da Fazenda. E ouviu da presidenta o compromisso de
manter essa modelo como uma política de governo eleito por 54
milhões de votos.
Para ele, porém, a continuidade e avanços nessas ações depende da
capacidade de vencer a disputa com mobilização e intervir em
espaços onde o movimento sindical tem dificuldade de atuar e
enfrenta resistência, como o Poder Judiciário, os grandes meios de
comunicação e o Congresso conservador comandado pelo
agronegócio.
“O governo é de enfrentamento e disputa. A coalizão que elegeu
Dilma não é de esquerda e está ladeada de conservadores. Precisamos
construir nossas reivindicações sabedores da conjuntura com a qual
convivemos e sem tentar soluções do passado para problemas do
presente, que são distintos do que já vivemos. Nossa disputa é
institucional também, mas fundamentalmente nas ruas. O poder vem
das ruas, da militância”, definiu.
Protagonismo
A construção da agenda de reivindicações terá como marco o 12º
Congresso Nacional da CUT (CONCUT), previsto para outubro de 2015,
e que deve ir além da definição da próxima direção.
“Teremos de ter sindicatos aguerridos nos próximos quatro anos e o
Congresso da CUT deve servir para tirar propostas políticas para
cada área da economia e da sociedade brasileira. Precisamos colocar
na ordem do dia o Plebiscito Constituinte para a Reforma Política,
pautar a regulação da mídia, e a reforma tributária. Precisamos
encarar essas questões como se fossem pautas das nossas campanhas
salariais para não corrermos o risco perder as nossas conquistas”,
falou.
A pressão, conforme alertou, será forte, e o embate nas ruas por
conta do surgimento de uma agenda de direita que começou a dar as
caras em uma pequena parcela de manifestantes que integraram as
jornadas de junho de 2013.
“Aquelas mobilizações foram um treino que fizeram para as eleições
e o momento é de comemorar a vitória duríssima, porque eles
colocaram o pescoço de vez para fora da janela. Essa direita que,
primeiro, dizia que não íamos ganhar e, agora, que não valeu a pena
ganhar, porque a agenda que estaria em pauta seria a conservadora.
Mas, se nada estivéssemos fazendo, caso só tivessem perdido o
governo e estivessem plenamente contemplados pelas políticas, não
teriam motivos para fazer enfrentamento de ódio e classe”,
alertou
Da CUT
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