Foto: divulgação
Por meio da Lei 12.519/11, o dia 20 de novembro é considerado dia Nacional de Zumbi dos Palmares, grande líder da resistência do movimento negro, e da Consciência Negra.
Em 2014, a luta do movimento
está em torno, segundo a secretária Nacional de Combate ao Racismo
da CUT, Maria Júlia Reis Nogueira, de três pontos principais:
Reforma Política, Democratização da Comunicação e fim dos autos de
resistência (PL 4471/12). Outro tema em pauta é a luta contra a
violência e o feminicídio contra a mulher negra. Em 13 de maio de
2015 haverá a Marcha das Mulheres Negras.
Nós não podemos permitir o extermínio da juventude, que
acontece com cada vez mais frequência, seja nas mãos de
traficantes, por um lado, seja nas da polícia, por
outro.
Maria Júlia Reis Nogueira, secretária Nacional de Combate ao Racismo da CUT
A Democratização da Comunicação é
urgente porque o atual modelo oligopolizado de mídia invisibiliza
os negros e a luta antirracismo, além de reproduzir estereótipos
preconceituosos da população negra, especialmente da mulher. A
Reforma Política, porque os negros são sub-representados e é
urgente que haja maior equilíbrio entre a presença de negros
eleitos e de negros na sociedade, além de proporcionar a maior
presença de defensores de causas sociais no Congresso. E o fim dos
autos de resistência é essencial para o fim do extermínio da
juventude negra.
Para Maria Júlia, que lembra a campanha “Jovem Negro Vivo”, lançada
pela Anistia Internacional em novembro, os jovens negros vítimas de
homicídio precisam de atenção redobrada por parte da sociedade, do
governo e dos movimentos sociais.
“Nós temos uma grande luta pelo fim dos autos da resistência,
projeto que está em tramitação no Congresso Nacional e essencial
para impedir o genocídio da população negra e periférica. Nós não
podemos permitir o extermínio da juventude, que acontece com cada
vez mais frequência, seja nas mãos de traficantes, por um lado,
seja nas da polícia, por outro”. A CUT também é contra a proposta
de redução da maioridade penal.
Para a dirigente, é comum haver a criminalização baseada em
características físicas. Ela lembra, ainda, que a morte de jovens,
além dos prejuízos sociais, tem impacto na População Economicamente
Ativa (PEA), na expansão da cultura negra e no exercício da
política diária.
“As conquistas dos últimos treze anos, simbolicamente
falando, são importantes para diminuir um pouco da dívida que o
Estado brasileiro tem com a população negra. Entretanto, ainda é
pouco. Nós temos um longo caminho a ser trilhado para termos uma
igualdade de tratamento entre todos os brasileiros”.
Feriado Nacional
Ainda não há uma Lei que institui o dia Nacional de Zumbi dos
Palmares como feriado nacional, mas está em tramitação no Senado um
projeto com essa finalidade. Segundo a secretária de combate ao
racismo da CUT, este projeto “é uma conquista importante para o
conjunto da sociedade e para os trabalhadores, que lutam pela
visibilidade do movimento e pela dignidade de vida, antes de tudo”.
A aprovação, segundo Júlia, está próxima.
Zumbi dos Palmares, garra e luta
“Poucos foram os heróis negros que são incentivados e cultuados nos
dias de hoje. Um homem com o porte de Zumbi sendo homenageado é
fundamental”, afirma Maria Júlia.
Zumbi nasceu em Palmares, no estado de Alagoas, em 1655. Entregue a
um missionário português, escapou e, com 15 anos, retornou ao seu
local de origem, o Quilombo na cidade, comandado por Ganga Zumba. O
governador da Capitania de Pernambuco, cansado do longo conflito
com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder e ofereceu a
liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se
submetesse à Coroa Portuguesa. Ganga Zumba aceitou, mas Zumbi não,
se tornando novo líder.
Em 1694, a capital de Palmares foi destruída pelo bandeirante
paulista Domingos Jorge Velho e Zumbi ferido. Um ano depois, em 20
de novembro de 1695, Zumbi é morto. Em Recife, sua cabeça foi
exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população
sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
Da CUT
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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