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O ex-governador e senador tucano eleito por São Paulo, José Serra, (PSDB) deu depoimento na tarde de quinta-feira (30) à Polícia Federal (PF) sobre o cartel de trens (trensalão) que atuou no Estado entre 1998 e 2008 – em seu governo e nos dos tucanos Geraldo Alckmin e Mário Covas;
Em seu depoimento, Serra negou ter beneficiado empresas. Ele repetiu o mesmo discurso ao Ministério Público Estadual (MPE-SP) que, ao contrário de favorecer, atuou para diminuir o preço de trens quando foi governador, entre 2007 e o início de 2010 – ele deixou o cargo 8 meses antes do término do mandato.
Serra foi acusado por Nelson Branco Marchetti, executivo da Siemens, em e-mail de 2008 – cujo teor o dirigente da multinacional confirmou à PF – de ter pressionado a multinacional para desistir de recurso judicial que atrasaria a conclusão de uma concorrência da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) vencida pela empresa espanhola CAF.
Marchetti é um dos seis executivos da Siemens que assinaram
acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (CADE) – o órgão federal antitruste - pelo qual em
troca da delação poderá ter uma pena menor por integrar o cartel do
trensalão.
Trilha de Dinheiro
Neste fim de semana, a reportagem "Trilha
de Dinheiro", assinada pela jornalista Alana Rizzo da Veja, aborda
o escândalo das propinas pagas por empresas como Alstom e Siemens a
governos do PSDB em São Paulo.
O discurso é bem mais cuidadoso do que o de alguns anos atrás,
quando a própria Veja investigava esquemas de caixa de dois para a
segunda campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso, em
1998. Naquele ano, a revista afirmava, com todas as letras, que
Andrea Matarazzo, hoje vereador, arrecadou parte do caixa dois, num
esquema que passou pela multinacional Alstom. Ou seja: era um
esquema de corrupção sistêmica, que passava pela alta cúpula do
partido, com o propósito de perpetuá-lo no poder.
Agora, o discurso é diferente – e está alinhado com a estratégia do governador Geraldo Alckmin de se colocar como vítima do cartel, disposto a combatê-lo. Tudo não passaria de desvios cometidos por servidores graduados, mas não pela cúpula partidária.
"Nunca saiu da fase genérica a acusação de
formação de cartel de companhias estrangeiras fornecedoras de
equipamentos para governos de São Paulo comandados desde 1995 pelo
PSDB", diz a reportagem, em sua primeira frase. "Mas, até a semana
passada, faltava ao caso um elemento crucial: para que a
cartelização funcionasse, muito provavelmente teria sido necessária
a colaboração de altos funcionários do governo".
Veja cita os nomes de João Roberto Zaniboni, ex-diretor de
operações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, de Jorge
Fagali Neto, ex-secretário de Transportes Metropolitanos, de
Eduardo Bernini, ex-presidente da Eletropaulo e de Henrique
Fingermann, ex-presidente da Empresa Paulista de Transmissão de
Energia. O atual governador, Geraldo Alckmin, e seus dois
antecessores, José Serra e Mário Covas, entram "en passant" pela
reportagem.
A Alckmin, interessa consolidar o discurso de que os desvios teriam sido falhas isoladas de servidores – e não um esquema de corrupção sistêmica, destinado ao financiamento de campanhas. Veja, desta vez, parece disposta a ajudar.
Redação CNTT com Blog do Zé Dirceu
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