Foto: divulgação
No dia 17 de outubro é celebrado o Dia Internacional para Erradicação da Pobreza. E o Brasil tem muito a comemorar. Além de já ter atingido com quase uma década de antecipação o primeiro objetivo da Cúpula do Milênio, de reduzir a pobreza pela metade dentro das fronteiras, o Brasil foi um dos países que mais contribuiu para o alcance global da meta. Em 2012, o Brasil já tinha reduzido a pobreza a 3,5% da população, ou seja, não a metade, mas menos de um sétimo daquela registrada em 1990, que era de 25,5%.
Em setembro, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) divulgou o Relatório sobre o Estado da Insegurança Alimentar no Mundo (SOFI2014 ) e destacou o Brasil como um dos países mais bem sucedidos no combate à desnutrição e à pobreza.
O sucesso levou o país a se propor uma meta ainda mais alta. Em 2010, o Brasil resolveu adotar a meta de superar a extrema pobreza até final de 2014. Segundo o ministro Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, pelos critérios internacionais, superar a extrema pobreza significa chegar a uma taxa de 3%, "porque sempre tem um resíduo de pessoas que estão entrando e saindo da pobreza, como, por exemplo, quando um membro da família perde o emprego".
Revolução feminina
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 93% dos titulares do Bolsa Família, programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país, são mulheres. Para a pesquisadora e socióloga, Walquiria Domingues Leão Rêgo, isso deu a elas mais independência no núcleo familiar e na sociedade. Em conjunto com o filósofo italiano Alessandro Pinzani, Walquiria escreveu o livro Vozes do Bolsa Família – Autonomia, dinheiro e cidadania, lançado em 2013.
A publicação abrange um trabalho de pesquisa realizado entre os anos de 2006 e 2011, nas regiões do sertão de Alagoas, periferia de Recife, além dos estados do Maranhão, Piauí e no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Das mais de 300 entrevistas realizadas com beneficiárias do programa, 150 foram utilizadas no livro, que concorreu, neste ano, ao Prêmio Jabuti, o mais importante do meio literário brasileiro.
“Foi impressionante como as beneficiárias ganharam um pouco mais de liberdade pessoal, dignidade e habilidades para administrar o recurso”, comenta a socióloga. Segundo ela, além de promover maior autonomia, o programa também ajudou a reduzir os índices de mortalidade infantil e contribuiu para o crescimento saudável das crianças assistidas.
Mãe e solteira, a dona de casa Andreia de Castro Reis, 31, é uma das milhões de mulheres que tiveram no programa o amparo necessário para sustentar os filhos. Atualmente, ela vive com a filha de 5 anos de idade, dois gêmeos de 11 meses e com a mãe, Efigênia Nunes, 56, em Teresina, no Piauí. Segundo ela, o benefício que recebe há dois anos é de grande ajuda para alimentar as crianças, pois, no momento, ela está desempregada.
“As pessoas que não usam o Bolsa Família acham que as mulheres só têm filhos para ter o benefício. Esse benefício não é para a gente, ele ajuda a suas crianças a terem coisas que você não pode dar”, comenta. Atualmente, Andreia sonha em conseguir um emprego, ver os filhos formados e ter uma casa própria.
Superação do preconceito
Desde que foi criado, o programa Bolsa Família e seus beneficiários enfrentam preconceitos e estereótipos. Para a pesquisadora Walquiria Leão, atitudes como essa são causadas por uma cultura do desprezo aos pobres no país. “Quando se estuda pobreza no Brasil não podemos nos esquecer de que houve 300 anos de escravidão impune na história e na memória. A escravidão criou hábitos, condutas, modos de pensar, de viver e de olhar os pobres, muito duros”, analisa.
Segundo ela, é necessário inverter este longo processo de exclusão de dominação, causa do tratamento degradante dispensado à população pobre brasileira. “Os múltiplos efeitos desse programa não podem ser amesquinhados ou vistos de maneira preconceituosa. O Bolsa Família foi uma grande experiência social que precisa ser rediscutida e complementada por outras políticas públicas”, afirma.
Durantes as viagens realizadas para a gravação do documentário “Aqui deste Lugar”, o cineasta Sérgio Machado constatou que os beneficiários da iniciativa não se acomodam por receber o dinheiro do Bolsa Família. “Está na cara que esse programa teve efeito e que é uma política de sucesso. Para mim, é bem claro que não existe acomodação, porque o dinheiro é o mínimo para as pessoas se alimentarem”, explica.
Para ele, muito além de garantir renda, o programa aumentou a autoestima da população. De acordo com o cineasta, essa e outras iniciativas de inclusão social e de promoção do acesso a bens e serviços precisam ser ainda mais ampliadas no país. “O programa Bolsa Família e outros como o Minha Casa, Minha Vida e Luz Para Todos, mudaram bastante a cara do Brasil. Falta muito para chegarmos ao país que a gente quer e merece, mas acho que já caminhamos bastante nesses últimos 12 anos e espero que, nos próximos 12 anos, a gente não volte para trás”, afirma.
Redação CNTT com informações da Agência PT e do Instituto Lula
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