Ato realizado em São Paulo - foto: Sindicato dos Bancários de SP
Contra a independência do Banco Central e a favor do fortalecimento dos bancos públicos. Esse foi o recado claro que a CUT e entidades filiadas, além de movimentos de moradia, agricultura familiar e sem terra deram à sociedade brasileira em atos ocorridos por todo o Brasil na quinta-feira 2.
Os dois temas ganharam grande relevância nos últimos meses devido ao debate político gerado por causa das eleições à Presidência da República. Candidatos da oposição defendem a autonomia do BC e a diminuição do crédito direcionado concedidos ao financiamento imobiliário, ao microcrédito ou a setores pouco lucrativos da economia, como a agricultura familiar.
Os atos ocorreram em frente aos prédios do Banco Central em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e São Paulo, onde nem mesmo a chuva fina e o frio foram capazes de arrefecer os ânimos dos manifestantes. “A independência do BC significa entregar os rumos da economia aos bancos privados, ao mercado financeiro, que não têm nenhuma responsabilidade social”, afirmou a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira (foto).
Ela lembrou que os bancários estão em
plena Campanha Nacional, e frisou que a categoria tem
responsabilidade especial na defesa dos bancos públicos, sobretudo
os funcionários do Banco do Brasil e da Caixa.
“É por isso que os bancários, no meio
da greve nacional, fizeram questão de realizar esse protesto em
defesa dos bancos públicos e contra a autonomia do BC, para que não
se torne um banco independente da população brasileira, para que o
crédito direcionado continue financiando a agricultura familiar, o
microcrédito e a casa própria. Lembrando que os bancários de todo o
Brasil lutam por valorização salarial, melhores condições de
trabalho, garantia de emprego, mais saúde e mais valorização, e nós
vamos lutar até que os bancos atendam às nossas
reivindicações.”
Bancos
públicos
O ex-presidente do Sindicato e deputado estadual, Luiz Claudio Marcolino, ressaltou a importância da função dos bancos públicos para a economia. “A Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e o BNDES são bancos que hoje investem no financiamento do país, mas que estavam sendo preparados para serem vendidos na gestão do Fernando Henrique Cardoso e hoje são essas empresas públicas, junto com a Petrobras, que ajudam no desenvolvimento do Brasil.”
Ele lembrou ainda a onda de privatizações ocorrida durante os anos 1990 – auge das políticas econômicas neoliberais, quando praticamente todos os bancos públicos foram vendidos.
“Nós já perdemos o Banespa, o Banerj, o Bemg, a Nossa Caixa, bancos públicos que tinham o papel de desenvolver a economia dos nossos estados mas foram vendidos para os privados, que agora querem controlar o Banco Central, querem mandar na economia brasileira, na taxa de juros, na inflação. O BC não pode ser patrimônio dos banqueiros. Deve estar vinculado ao governo brasileiro, porque é o governo que determina os rumos da economia”, acentuou o deputado.
Contra a
recessão
O presidente da CUT, Vagner Freitas mencionou a Europa, onde o BC
da zona do euro é independente e o continente patina há anos em uma
recessão. “Um dos
motivos da integração do continente estar sendo questionada é
porque lá o Banco Central europeu formou política contra os
interesses dos Estados e uma ideia bonita como essa [integração
política continental] vai se perdendo porque os direitistas e os
rentistas utilizam o BC para promover políticas de recessão. No
Brasil isso não pode ocorrer”, afirmou.
“Nós precisamos que o governo olhe
cada vez mais para a agricultura familiar, precisamos também que o
campo e a cidade caminhem juntos, e é por isso que nós estamos aqui
nesse momento tão decisivo para o Brasil”, afirmou a líder da
Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar, conhecida como
Preta.
Com informações do Sindicato dos Bancários de São Paulo
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