Foto: Matheus Piccini
O superintendente do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul, Claudir Nespolo, anunciou a realização de uma audiência pública dia 29 de abril, 14 horas, na Assembleia Legislativa, para ampliar o debate e colher emendas ao Projeto de Lei Complementar 12/2024, que regulamenta o trabalho de motoristas de aplicativo em quatro rodas. O comunicado foi feito durante coletiva de imprensa nesta manhã de quinta-feira, 11/4, na sede da entidade, juntamente com dirigentes do Sindicato dos Motoristas de Transporte Individual por Aplicativo do Rio Grande do Sul (Simtrapli-RS). A estimativa da entidade é que o estado tenha cerca de 100 mil pessoas atuando como motoristas de aplicativo quatro rodas. A Federação Nacional dos Sindicatos dos Motoristas de Aplicativo (Fenasmapp) já redigiu nove emendas para serem consideradas na tramitação.
A imprensa foi convidada para tirar dúvidas sobre o projeto que tramita no Congresso Nacional estabelecendo itens como valor mínimo por hora trabalhada, inserção previdenciária, autonomia na prestação de serviço, representação sindical e negociação coletiva. A proposta em tramitação prevê remuneração mínima de R$ 32,10 a hora trabalhada, garantia que o motorista receba pelo menos R$ 1.412,00 mensais, valor do atual salário mínimo e uma jornada máxima de 12 horas em um único aplicativo. Nespolo informou que o PLP deve ter retirado o caráter de urgência que trancaria a pauta no dia 20, porém com a condição de tramitar com rapidez em 60 dias passando por aperfeiçoamentos em três comissões: Constituição e Justiça, Trabalho e Desenvolvimento, conforme acordado em reunião de líderes na terça-feira (9).
Autônomo com direitos
“O Projeto busca regular uma atividade autônoma com direitos.
A luta é por regulamentação, não por vínculo empregatício”, pontuou
o motorista Thomaz Campos, diretor do Simtrapli-RS. Ele participou
do Grupo de Trabalho tripartite que resultou no PLP 12/2024.
“As plataformas são empresas de transporte, não de tecnologia como
querem alegar. Nossa relação é de trabalho e não uma relação
comercial como querem fazer crer”, afirmou.
O dirigente destacou que a regulamentação é justamente para trazer
a profissão para o campo do trabalho. “Queremos ter condições de
fiscalizar, assegurar que não haja bloqueio ao motorista sem
explicação ou não poder desligar o aplicativo porque ficamos
a mercê da plataforma”, disse o representante de um dos 22
sindicatos nacionais da Fenasmapp.
“Vivemos no limite do trabalho escravo. Não abrimos mão da
regulamentação. Do jeito que está não tem como continuar”, afirmou
o motorista e também dirigente do Simtrapli-RS, Douglas Machado.
“Hoje não temos direito nenhum, vivemos em total clandestinidade.
Queremos ser reconhecidos como categoria e a partir daí ter
garantia de direitos”, resumiu Machado, motorista de aplicativo há
quatro anos.
Interesses e desinformação
O Rio Grande do Sul foi um dos estados em que motoristas não
sindicalizados protestaram contra o projeto. Thomaz Campos observou
que há segmentos interessados em manter a situação como está porque
é cômodo e altamente lucrativo para quem gerencia o processo.
“As plataformas como Uber e 99 ganham muito dinheiro no país. Há
pessoas tentando confundir o trabalhador para interceptar a luta.
Hoje não existe nada e tem que entrar na justiça comum quando há
alguma questão e perdemos quase todas porque não existimos”,
detalha.
Reféns dos aplicativos
“A audiência é para fortalecer as emendas e permitir que a
discussão formule uma proposta robusta politicamente e que sirva
como parâmetro para os debates no Congresso. De uma vez por todas é
preciso consolidar um projeto de regulamentação decente para nossa
categoria e deixar de sermos reféns de plataformas que a gente não
sabe nem para onde vai o dinheiro”, completou Campos.
Ele informou que as reuniões de trabalho em Brasília iniciaram em
maio de 2023 e a categoria pode se encontrar com pessoas físicas de
forma inédita representando as plataformas, visto que a relação é
exclusivamente pelo aplicativo. “Foi a primeira vez que as
plataformas sentaram em uma mesa de negociação e com gente de carne
e osso”, declarou.
Diálogo com toda a sociedade
“A orientação do Governo Federal é realizar um amplo diálogo
para abarcar as contribuições de todos que desejam aperfeiçoar o
projeto que visa a assegurar direitos a mais de 700 mil motoristas
por aplicativo em quatro rodas em todo o país e melhorar a relação
dos donos das plataformas com os motoristas”, completou
Nespolo.
“Continuamos colhendo contribuições para apresentar na audiência
junto com colegas de associações de motoristas e outros que não
participam diretamente via sindicato”, destacou o representante do
Simtrapli/RS.
Os detalhamentos à sociedade sobre o PLP partem de um chamamento do
Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, às superintendências
regionais de todo o país para informar sobre o projeto que ficou 11
meses em construção com as plataformas, trabalhadores e
governo.
Trabalho híbrido
Para a economista Lúcia Garcia, o tema é novo e complexo. Cria
regulação para um novo modo de trabalho híbrido que combina um
autônomo que ao mesmo tempo é empregado, envolve assalariamento com
direitos. “O mundo do trabalho está em transformação em que as
relações e as proteções precisam ser repensadas. Este PLC é uma
inovação onde há um trabalhador autônomo com relação de trabalho
com empresas, e prevê um conjunto de direitos; um campo que a
reforma trabalhista previu mas não regulamentou”, analisa a
especialista no Mundo do Trabalho que acompanhou a atividade de
hoje como observadora do Instituto de Trabalho e Transformação
Social (ITTS).
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