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Só nos primeiros seis meses deste ano, quando serão realizadas eleições para escolher o novo presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, foram registrados 214 casos de violência contra lideranças políticas, 23% a mais do que no mesmo período de 2020, quando foram realizadas eleições municipais e a violência atingiu 174 pessoas no país. A violência vai desde ameaças, agressões, atentados até homicídios e sequestro das lideranças e familiares.
Os dados são do Observatório da Violência Política e Eleitoral, formado por pesquisadores do Grupo de Investigação Eleitoral (Giel) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e foram divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta terça-feira (12), três dias após o assassinato do guarda civil Marcelo Aloizio de Arruda, militante do PT e dirigente do sindicato dos servidores municipais de Foz do Iguaçu (PR).
Marcelo, pai de 4 filhos, um deles com apenas 40 dias de vida, foi assassinado a tiros pelo bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, policial federal penitenciário, na madrugada deste domingo (10), durante sua festa de aniversário de 50 anos.
Os pesquisadores consideram como lideranças políticas ocupantes e ex-ocupantes de cargos eletivos, candidatos, ex-candidatos, pré-candidatos e determinados funcionários da administração pública (ministros, secretários de governo e assessores). Marcelo foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu em 2020 e era dirigente do PT local.
De acordo com a repórter da Folha Angela Pinho, no período de abril a junho deste ano, o tipo de violência mais frequente foi ameaça, com 37 casos (36,6%), seguida de agressão, com 27 casos (26,7%), e homicídios, com 19 casos (18,8%).
Houve ainda nove atentados (8,9% do total de ocorrências), cinco homicídios de familiares (5%), dois sequestros (2%) e dois sequestros de familiares (2%).
Em 2020, o número de episódios de violência política aumentou 44% do segundo trimestre para o terceiro, e 93,5% entre o terceiro e o quarto trimestre.
Ainda segundo a Folha, a região Nordeste registrou o maior número de assassinatos (10 casos) e, pela primeira vez, o estado do Paraná liderou o ranking, com quatros casos, algo que, segundo o boletim, "chama atenção por ser algo incomum até então".
O cientista político Felipe Borba, coordenador do Giel, disse à reportagem que, na sua avaliação, a alta no número de casos de violência contra lideranças políticas neste ano decorre de dois fatores. Por um lado, a violência da política estadual e federal se soma à municipal, que é predominante no país. E, por outro, afirma, o bolsonarismo usa a linguagem da violência como estratégia eleitoral, o que acaba incitando apoiadores.
"As eleições brasileiras sempre foram polarizadas, mas nunca houve pelos candidatos estímulo a violência, falar em metralhar", disse o pesquisador à Folha.
Para o coordenador do Giel, qualquer ato de violência contra liderança política é muito grave porque mina a democracia e ainda fere a liberdade de expressão. "Reduz a participação e a legitimidade dos eleitos e deixa as pessoas com receio de manifestar sua opinião", afirma.
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