Foto ilustrativa da Campanha antirracismo nos ônibus em Guarulhos e Arujá
Depois de uma longa batalha nos tribunais, um acordo judicial
entre o Sincoverg-CUT (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários no
Transporte de Passageiros Urbano, Suburbano, Metropolitano,
Intermunicipal e Cargas Próprias de Guarulhos e Arujá em São Paulo)
e as empresas Vila Galvão, Viação Urbana Guarulhos e Viação
Arujá coloca um fim à expressão racista “ônibus
negreiro”. O acordo foi homologado pela juíza do
Trabalho, Raquel Gabbai Oliveira.
Pesquisadores do movimento “Mobilidade Antirracista” classificam
esse termo como racismo porque faz comparação aos “navios
negreiros”, que foram embarcações, usadas em 1866, que
trouxeram mais de 11 milhões de africanos para serem escravizados
na América. Eles viajavam espremidos, sem condições de higiene e
privados da mínima dignidade humana.
Dr Jonadabe Rodrigues Laurindo - foto arquivo pessoal
O assessor jurídico do Sindicato, Jonadabe Rodrigues Laurindo,
explica que essa primeira etapa da luta contra o racismo no
transporte coletivo guarulhense foi vencida. “Ingressamos com
ação judicial em 2014 pedindo que as empresas deixassem de usar a
expressão negreiro nos ônibus. Perdemos em primeira instância, mas
revertemos o resultado na segunda instância. Aí as empresas
recorreram ao TST (Tribunal Superior do Trabalho). Propusemos um
acordo e a Justiça estipulou multa R$ 100 mil para as empresas de
transportes. Negociamos que esses recursos, que seriam destinados
ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), fossem usados pelas
empresas em uma campanha de divulgação antirracista nos locais de
trabalho”, explica o advogado.
Campanha antirracista nos ônibus
A Vila Galvão e as Viações Urbana Guarulhos e
Arujá desenvolverão uma campanha de divulgação antirracista
que entrará em vigor no dia (26). Cerca de 500 ônibus que
transportam na madrugada os trabalhadores e trabalhadoras do
transporte público para o trabalho e casa exibirão adesivos
com o slogan: “Contra o Racismo: Aqui discriminação não tem
assento”.
Serão afixados cartazes no interior dos ônibus explicando para
os trabalhadores e população expressões racistas que devem ser
evitadas como: "A coisa está preta”, “criado mudo”, “feito nas
coxas” entre outras. Também serão divulgados vídeos, com
depoimentos dos trabalhadores e trabalhadoras, nos veículos, com a
finalidade de conscientizar sobre a importância de combater o
racismo no dia a dia.
Ainda segundo o acordo, as empresas realizarão essas ações até dezembro deste ano. Em 2023, elas deverão realizar palestras de combate ao racismo e a discriminação nos eventos da SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho).
O acordo judicial estipula multa de R$ 100 mil caso as empresas
de transportes descumpram as determinações.
Wagner Menezes, diretor da CNTTL, da CUT-SP e do
Sincoverg - foto: Marcelo Lima
“A luta contra o racismo é todos os dias. Vivemos em uma sociedade
e país racista. É nosso dever lutar independente da raça. Temos que
ter uma sociedade onde todos tenham as mesmas oportunidades”,
explica o diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Transportes e Logística) e diretor da CUT-SP e do Sincoverg,
Wagner Menezes, conhecido no movimento sindical como Marrom.
Card divulgado pelo Sincoverg nas redes
sociais
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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