Covid-19 deixa mais 2.216 mortos em 24 horas no Brasil. OMS vê país como risco para o mundo

Brasil vive o pior momento da pandemia de covid-19 enquanto o mundo reduz o contágio e as mortes. “Esperávamos algo diferente do Brasil”, aponta a OMS

Por: Por Gabriel Valery, da RBA
Publicação: 12/03/2021
Imagem de Covid-19 deixa mais 2.216 mortos em 24 horas no Brasil. OMS vê país como risco para o mundo

Fernando Crispim/Amazonia Real

 Pelo terceiro dia consecutivo o Brasil registra mais de 2 mil mortes por covid-19. Hoje (12) foram 2.216 vítimas, e assim o país ultrapassou a marca de 275 mil mortos. O pior momento do surto do coronavírus segue se agravando, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar que o Brasil representa “um risco para todo o mundo”.

“Certamente gostaríamos de ver o Brasil em uma direção contrária. O sistema de saúde do país está sob grande pressão. Enquanto muitos países da América do Sul seguem bons caminhos, o Brasil não. É preciso levar a situação a sério. O que acontece no Brasil tem consequências mundiais”, disse hoje o diretor-executivo da OMS, Mike Ryan.

O surto no Brasil está fora de controle desde o fim do ano passado, e recordes de letalidade e novos casos são batidos semanalmente. Hoje foi o segundo dia com maior número de novos infectados do ano, com 85.663 casos confirmados. Desde o início da pandemia, em março, 11.363.380 brasileiros sofreram com a covid-19, sem contar ampla subnotificação pela baixa quantidade de testes que o país realiza.

O momento mais dramático até então fica evidente nos gráficos de curvas epidemiológicas médias diárias, calculadas em sete dias, que mostram tendências para a doença. Desde novembro o Brasil vê a situação se agravar progressivamente, enquanto o poder público pouco ou nada fez para mitigar a situação. A média diária de mortes está em 1.762, e de novos casos em 70.593 diários. Os números são divulgados diariamente pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Curvas epidemiológicas médias no Brasil. Momento de agravamento da crise

Além de Ryan, outros membros da OMS concederam entrevista coletiva na manhã de hoje. Um dos pontos centrais foi a situação brasileira. A condição de epicentro da pandemia faz do Brasil um risco de reaceleração de surtos no mundo. O país concentra o maior número global diário de casos e mortes do desde o dia 9 de março, quando superou os Estados Unidos, maior afetado em números absolutos. Os norte-americanos, assim como o restante do mundo, observam a pandemia regredir desde o início do ano, no sentido oposto do Brasil.

Os olhos da OMS estão voltados ao Brasil, já que a livre circulação do vírus representa uma risco real ao processo de vacinação no mundo. O receio dos cientistas é de que, como o Brasil não realiza medidas eficazes de isolamento social para reduzir a circulação do vírus, o descontrole em contato com um baixo número de vacinados pode provocar mutações virais resistentes às vacinas existentes.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom revelou estar decepcionado com o Brasil. “Já estive muitas vezes no Brasil. Sempre considerei o sistema de saúde do país como um modelo por conta da sua amplitude e força na atenção à saúde básica. Os profissionais sabem quais os problemas de cada município. Sempre preferi ver as clínicas e as equipes de saúde da família. Por conta disso pensei que o sistema de saúde brasileiro fosse se sair melhor, já que é baseada na comunidade. É intrigante ver o que está acontecendo, vai contra nossas expectativas. Esperava um desempenho melhor”, disse.


Colapso
Conforme apontou a OMS, o sistema de Saúde do Brasil está sob forte pressão. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em informe divulgado ontem apontou que sete estados estão em condições consideradas críticas por falta de leitos hospitalares. Entre eles, destacam-se o grupo do Centro-Oeste e do Sul: Paraná (97%), Santa Catarina (96%) e Rio Grande do Sul (99%), Mato Grosso do Sul (99%) e Mato Grosso (99%), Goiás (97%) e Distrito Federal (97%).

Também estão em situação de colapso ou à beira disso: Rondônia (98%), Acre (96%), Amazonas (87%), Roraima (80%) e Tocantins (95%). Em Rondônia, já são 48 dias de filas por UTIs. Autoridades locais cobram abastecimento de oxigênio por parte do governo federal. O estado vive a iminência da falta do insumo.


Em Santa Catarina, a ameaça de falta de oxigênio também preocupa. Um grupo de 800 profissionais da Saúde assinou um pedido de lockdown de 14 dias em Florianópolis. Hospitais da capital alertam para a falta de medicamentos e insumos. A cidade está em colapso do sistema de Saúde, com mais de 400 pacientes na fila de espera por uma UTI.

“O oxigênio está a ponto de acabar e já vêm faltando em várias unidades de saúde. Já não conseguimos mais vagas para transferência de pacientes graves das unidades de saúde para os hospitais. Não conseguimos mais suportar tamanho sofrimento que estamos presenciando”, afirmam os profissionais.

Mais afetado
São Paulo é o estado mais afetado do país. São 2,1 milhões de infectados e 63.531 mortos de acordo com dados do governo estadual. Hoje foi o dia mais letal no estado, com 521 mortes em 24 horas. Dos cinco dias com mais mortos, quatro foram em março. 3 mil pessoas internadas em um dia, 21 hospitais estaduais lotados. 87,6% de ocupação. Pelo menos 45 pacientes morreram à espera de uma UTI no estado.

Entre as cidades colapsadas estão Mauá e Taboão da Serra, na Região Metropolitana. No cemitério da Vila Formosa, maior da América Latina, operação de guerra para abrir covas e dar conta da demanda. Em oposição está Araraquara. Após a realização de um lockdown de verdade, com restrição de mobilidade efetiva, algo que nunca havia sido visto em todo o estado, os casos de covid-19 caíram 50% duas semanas. As medidas duras fazem parte de um projeto bem-sucedido de controle da covid-19 liderado pelo prefeito Edinho Silva (PT).

Vacinação
Dados da Fiocruz dão conta de que na última semana, mesmo com iniciativas de isolamento por parte de governadores, a taxa de redução na mobilidade de fato é pequena. Apenas 5% acima do que era visto antes da pandemia. Falta fiscalização e conscientização da população. Enquanto isso, a esperança da superação da maior crise sanitária em mais de um século no país reside na aceleração do processo de vacinação.

Entretanto, a conjuntura não caminha à favor. O governo federal, do presidente Jair Bolsonaro, que deveria articular a vacinação em massa no país, desdenha da covid-19. Foi assim desde os primeiros dias com os primeiros infectados. Bolsonaro chegou a atacar vacinas, dizer que não se imunizaria, além de ter atacado por diversas vezes o isolamento, máscaras, e todos os protocolos comprovadamente eficazes contra o vírus.

Pressão
Após a ascensão da figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário político nacional, com a nulidade de seus processos na Lava Jato decretado pelo Supremo e, consecutivamente, sua possibilidade de concorrer às eleições em 2020, Bolsonaro mudou parcialmente de atitude. Segue em sua postura negacionista em relação ao isolamento, mas passou repentinamente a defender a vacinação.

Como parte desse movimento, hoje o Ministério da Saúde, por meio do secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, divulgou um novo cronograma de vacinação. Com o anúncio da compra de 10 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, veio uma nova promessa de recebimentos que está dividida da seguinte forma:

Fiocruz/Oxford/AstraZeneca: 112,4 milhões de doses até julho e 110 milhões até dezembro
Instituto Butantan/Sinovac/CoronaVac: 100 milhões até setembro e 30 milhões até dezembro
Covax Facility/OMS: 42,5 milhões de doses até dezembro
Precisa/Bharat Biontech/Covaxin: 20 milhões até julho
União Química/Gamaleya/Sputnik V: 10 milhões até julho
Até o momento, a realidade da vacinação em massa do país está nas mãos do Instituto Butantan e da CoronaVac. A mesma vacina que Bolsonaro chegou a divulgar mentiras de que causaria “anomalias” e que afirmou taxativamente que “não compraria”. De 20,1 milhões de doses aplicadas até o momento em brasileiros, 16 milhões são doses da CoronaVac e 4 milhões Oxford/AstraZeneca.



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