Massa salarial feminina no mundo chega a US$ 12 trilhões
Este valor corresponde ao PIB, soma de todas as riquezas produzidas por uma nação, dos EUA.
Publicação: 28/05/2010
As mulheres são as que mais consomem nos
países emergentes, tornando-se o maior mercado das nações em
desenvolvimento. De acordo com uma recente pesquisa elaborada pela
consultoria Boston Consulting Group (BCG), a massa salarial
feminina mundial tem crescido em média 8% ao ano desde 2003 - ante
um aumento de 5,8% nos ganhos dos homens. Dos 18,4 trilhões de
dólares destinados ao consumo mundial anualmente, estima-se que 12
trilhões, quantia equivalente ao PIB americano, sejam de alguma
maneira determinados pelas mulheres. Com isso, a previsão é que a
quantia controlada pelas mulheres e destinada ao consumo em todo o
mundo deverá ultrapassar 20 trilhões de dólares em 2015, ante os 12
trilhões atuais. Para efeito de comparação: a massa salarial global
masculina é, hoje, de 23,4 trilhões de dólares.
Um estudo realizado pelo instituto de pesquisa brasileiro Sophia
Mind, do site Bolsa de Mulher, dá uma ideia do potencial do mercado
formado por mulheres no Brasil. Dos quase R$ 2 trilhões destinados
ao consumo em 2009, as mulheres responderam por 1,3 trilhão -
desses, 800 bilhões vieram na forma de consumo direto e o restante
contou com a influência delas. "O poder de compra dessas
consumidoras será, sem dúvida, um dos grandes caminhos para o
crescimento do mercado brasileiro", diz Andiara Petterle,
presidente do site Bolsa de Mulher e coordenadora da
pesquisa.
Mercado
brasileiro
Os números mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) comprovam o avanço das mulheres por aqui.
De2001 a2008
amassa
salarial feminina (a soma do salário de todas as mulheres incluídas
no mercado de trabalho formal) aumentou 42,3%, ao passo que a
masculina cresceu 25,9%. Hoje, o salário de uma profissional
equivale a 71% do de um homem que desempenha a mesma função - em
1993, essa relação não passava de 32%.
Um estudo do banco Goldman Sachs estima que a redução da diferença
salarial entre homens e mulheres somada ao ingresso de
aproximadamente 150 000 brasileiras por ano no mercado de trabalho
deverá elevar o PIB do Brasil em quase 1 ponto percentual por ano
até 2013 - algo em torno de 100 bilhões de reais.
Embora o avanço do mercado feminino possa ser verificado em todos
os segmentos da sociedade, é na pujante classe C que ele aparece de
forma mais evidente. Um recente estudo elaborado pelo instituto de
pesquisa Data Popular mostra que, na classe A, as mulheres são
responsáveis por apenas 25% do total da renda familiar - ao passo
que, na base da pirâmide, essa participação chega a 41%. Isso
acontece porque, nesse estrato social, há um maior número de
mulheres que se tornaram chefes de família. "A igualdade salarial
deve chegar primeiro à baixa renda", diz Renato Meirelles, diretor
do Data Popular e coordenador da pesquisa.
A pesquisa da BCG também aponta que nos próximos cinco anos, a
renda feminina mundial deverá receber um incremento de 5 trilhões
de dólares, chegando a 18 trilhões - mais do que a soma do produto
interno bruto de Brasil, Rússia, Índia e China, o tão celebrado
Bric. “As mulheres vão liderar o mundo pós-crise", diz a americana
Kate Sayre, uma das autoras do estudo. "De meras coadjuvantes na
economia, elas se converteram na maior esperança de crescimento
para diversos países”, conclui.