Com
bandeira na mão, garrafinha d’água na mochila e boné na cabeça,
mais de dez mil manifestantes, vindos em caravanas de todo os
recantos do País, enfrentaram o sol quente e o ar seco da capital
federal para pintar com o verde e amarelo da Pátria e o vermelho
sangue da vida o 5 de setembro, Dia Nacional de Mobilização da CUT
(Central Única dos Trabalhadores) e data da VI Marcha Nacional em
Defesa e Promoção da Educação Pública. (Foto:
Leonardo
Severo)
“Defendemos
os 10% do PIB para a educação, o piso do magistério, carreira, e
aprovação do Plano Nacional de Educação, porque são medidas
imprescindíveis para o desenvolvimento do país, que dialogam com o
presente e o futuro da nossa nação, da mesma forma que o combate à
precarização e à terceirização”, declarou Carmen Foro, dirigente da
executiva nacional da CUT, que coordenou a manifestação ao lado de
Fátima Aparecida da Silva, da CNTE. A seu lado no caminhão de som,
Fátima lembrou que a ampliação dos investimentos é essencial para
termos uma educação à altura do país e de seu povo, com o
fortalecimento da ciência e da tecnologia nacional. “Por isso o
lema da nossa manifestação é ‘Independência é educação de qualidade
e trabalho decente’, pois são ações imprescindíveis para o nosso
desenvolvimento soberano”, frisou Fátima.
Dirigente
nacional da CUT e da CNTE, Antonio Lisboa ressaltou que as
mobilizações dos dois últimos meses, onde os cutistas dirigiram um
processo intenso de greves de servidores federais e estaduais,
arrancaram bons resultados, dobrando a intransigência dos que se
recusavam a negociar e diziam não ter recursos. “O caminho é esse,
é botar a massa na rua para garantir direitos e ampliar conquistas.
Com mobilização o dinheiro aparece”, frisou.
Vaia
para Mantega
O
vice-presidente da CUT-São Paulo, professor Douglas Izzo, pediu uma
vaia para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que falou que os
10% do PIB para a educação iria quebrar o País. “Se há recursos
para um volumoso superávit primário, por que não destinar um
percentual mais expressivo do Orçamento federal para fomentar a
educação”, questionou. A vaia se alastrou pela
Esplanada.
A
realização da marcha em plena Semana da Pátria declarou Júlio
Turra, da direção nacional da CUT, “demonstra que a independência
só pode ser garantida pelos trabalhadores”. “A bandeira da educação
unifica o conjunto da classe em apoio à luta dos companheiros da
CNTE, da mesma forma que a luta contra a precarização e a
terceirização mobiliza os trabalhadores em educação em
solidariedade à classe. Esta é uma mobilização que abre caminho
para vitórias e destaca a importância do protagonismo do Estado”,
frisou Julinho.
Pauta
pelo bem do Brasil
Segundo
Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, “a pauta que embala os
milhares de manifestantes nesta marcha não é corporativa, é pelo
bem do Brasil, pois a aplicação dos 10% do PIB representa mais
educação, qualificação, profissionalização, mais desenvolvimento
com melhores salários e direitos”. Claudir defendeu ainda a
necessidade da redução da jornada de trabalho sem redução de
salário, o fim das demissões imotivadas e o direito dos servidores
à data-base.
“De
Minas Gerais, viemos em 20 caravanas para nos somarmos com todo o
Brasil para dizer em alto e bom som que não importa a sigla que nos
governe, estaremos mobilizados para fazer valer os nossos
direitos”, declarou Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT-MG e do
SInd-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas
Gerais). Bia denunciou que o governo estadual tem desrespeitado os
trabalhadores mineiros, não pagando o Piso Nacional da Educação e
perseguindo as organizações sindicais. “É com unidade e mobilização
que vamos conseguir avançar”, asseverou.
Para
o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), Paulo
Kayres, a pressão das ruas tem tido cada vez mais um papel
fundamental, como ficou demonstrado pelos avanços obtidos após as
mobilizações e greves do setor público. “É preciso que haja
sensibilidade do lado de lá. Nós ajudamos a eleger um governo
democrático e popular que precisa garantir contrapartidas para a
sociedade, como é o investimento na educação pública”,
disse.
Vindo
de Sidrolândia, no interior do Mato Grosso do Sul, o presidente do
Sindicato dos Comerciários e diretor de Juventude da Confederação
Nacional dos Trabalhadores no Ramo do Comércio e Serviços
(Contracs), Pedro Mamede, enfatizou que há uma compreensão de que é
através da educação que o país terá um crescimento efetivamente
sustentável, com qualidade de vida. “Por isso estamos aqui para
mostrar ao governo e ao parlamento que a classe trabalhadora quer
10% do PIB para a educação pública, gratuita e de
qualidade”.
Pressão
no congresso
Durante
a tarde desta quarta-feira foram marcadas várias audiências com
parlamentares, onde os dirigentes da CUT e da CNTE levarão até o
Congresso Nacional as suas reivindicações. O presidente nacional da
CUT, Vagner Freitas, disse que além da pauta educacional, as
entidades levarão até os deputados e senadores a sua pauta comum
pelo fim do Fator Previdenciário, contra a idade mínima para as
aposentadorias e a desoneração da folha de pagamento; contra a
rotatividade no emprego – pela ratificação da Convenção 158 da OIT;
por negociação coletiva no serviço público – regulamentação da
Convenção 151 - e a revogação do Decreto 7777 – que
institucionaliza a substituição dos servidores grevistas. “Vamos
falar firme e pedir urgência em ações contra a precarização do
trabalho, no combate às terceirizações e na luta pela igualdade de
direitos. Precisamos urgente de trabalho decente”, concluiu
Vagner.
Com informações da CUT Nacional
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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